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Confusão na oposição

O gabinete de Saldanha provoca uma grande confusão na oposição, onde, para além da chamada oposição mercantil, de Francisco António de Campos, surgem mais duas facções, com Leonel Tavares Cabral e Passos Manuel a entrarem em desavença.

Grupo da Maçonaria do Sul

Liderados por Francisco António de Campos. Afectos à Maçonaria do Sul. Outros integrantes do grupo são José Jorge Loureiro, Luís Mouzinho de Albuquerque, Manuel António de Carvalho, Anselmo José Braamcamp, e A. César Vasconcelos Correia.

São os chamados radicais da oposição mercantil.

Grupo da Maçonaria do Norte

Grupo de Passos Manuel, ditos radicais da oposição pura, ligados à Maçonaria do Norte. Com Almeida Garrett, Manuel António Coelho da Rocha, António Fernandes Coelho e Joaquim Pedro Celestino Soares.

O grupo considera-se uma espécie de terceira força, dizendo-se o partido da liberdade e atacando a situação, dita como partido corruptor. Mobiliza aqueles radicais que se começam a tornar moderados.

Edita, a partir de 2 de Julho de 1836, O Português Constitucional, dirigido por Almeida Garrett.

Irracionais

Grupo de Leonel Tavares Cabral, os radicais que começam a ser qualificados como irracionais. Tem a adesão de João Bernardo da Rocha Loureiro.

Hão-de ter como base o Clube dos Camilos e deles há-de emergir o grupo extremista do Arsenal.

A Sociedade Patriótica Lisbonense, dita Clube dos Camilos, surge em 9 de Março de 1836.

É aí que António Bernardo da Costa Cabral, em discursos quase republicanos, chega a apelar para a necessidade de uma ditadura da plebe

Funciona nas casas do mosteiro dos cónegos regrantes de S. Camilo de Lélis, à Praça da Figueira, em Lisboa.

Entre os sócios: Abel Maria Jordão de Paiva Manso, Agostinho Albano da Silveira Pinto, Anselmo José Braamcamp, António Bernardo da Costa Cabral, António César de Vasconcelos Correia, Francisco António de Campos, Francisco Soares Caldeira, Francisco Xavier da Silva Pereira, João Baptista Leitão de Almeida Garrett, João Gualberto de Oliveira, João Gualberto de Pina Cabral (1805-1854), José da Costa de Sousa Pinto Bastos, Júlio Gomes da Silva Sanches, Leonel Tavares Cabral, Rodrigo Pinto Pizarro.

Nos seus estatutos, pode ler-se o objectivo de sustentar e defender, por todos os meios legais, o sistema representativo, a propagar o amor ao mesmo sistema e a concorrer geralmente para a felicidade da Pátria.

Deste grupo sai o Clube do Arsenal, com José António do Nascimento Morais Mantas, José Estêvão (1809-1862), Francisco António de Campos, Francisco Soares Caldeira, Ricardo Rodrigues França, José Alexandre de Campos e Almeida, Vicente Gonçalves Rio Tinto e António Bernardo da Costa Cabral.

Aliança de saldanhistas, carvalhistas e palmelistas

A aliança entre chamorros, conservadores e saldanhistas, a que os opositores chamam partido corruptor. Tem, como principal figura operacional, Rodrigo da Fonseca, o chamado raposa, que gera um sistema de empregadagem, utilizando o esquema do comer à mesa do orçamento.

Os oposicionistas chamam-lhe uma camarilha feita para devorar o país à sombra de uma criança (Taipa). Dão-lhe o jocoso nome de pastelão, segundo uns versos surgidos na altura: um pasteleiro queria/fabricar um pastelão/e, porque tinha de tudo,/deu-lhe o nome de fusão.

Protestos na Câmara dos Pares contra a venda da Companhia das Lezírias, subscrito por Fronteira, Loulé, Taipa e Sá da Bandeira.

Chamorros ou devoristas

Brasileiros ou partido dos amigos de D. Pedro. Com Silva Carvalho, Agostinho José Freire e Rodrigo da Fonseca. Os adversários também lhe chamam devoristas.

Dominados pelas principais figuras do Grande Oriente Lusitano. Vivem em aliança com o grupo dos palmelistas ou aristocratas, também dito conservadores.

Silva Carvalho utiliza como colaboradores Gomes de Castro, que envia a Londres, Dias de Oliveira, no Porto, e o Visconde da Carreira, em Madrid.

Conservadores

Ditos da direita. Liderados por Palmela, com João de Sousa Pinto de Magalhães (1780-1865.

Saldanhistas

Saldanha tem como principais amigos tanto Jervis de Atouguia como Rodrigo Pinto Pizarro.

Projecto CRiPE- Centro de Estudos em Relações Internacionais, Ciência Política e Estratégia. © José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: 03-05-2007