1848

Divisões entre cabralistas Consuma-se a ruptura entre José Bernardo da Silva Cabral, defensor do cartismo puro contra o governo débil, e António Bernardo da Costa Cabral, surgindo, da facção deste último o jornal A União, dirigido por José Maria Correia Lacerda (3 de Janeiro). Segue-se, em 14 de Abril, novo órgão do Conde de Tomar, O Popular, e em princípios de Maio já António Bernardo abandona o Centro Eleitoral Cartista e constitui um Centro Director, onde é figura proeminente João Rebelo da Costa Cabral. Costa Cabral aproxima-se crescentemente do governo de Saldanha, invocando os graves e extraordinários acontecimentos da Europa. Saldanha reintegra José Bernardo e António Bernardo no Conselho de Estado, mas não cede ao chamado princípio reparador, reclamado pelos estandartistas, isto é, à reintegração dos empregados públicos afastados pelo governo de Palmela (vg. duas centenas de escrivães, cerca de sete dezenas de delegados do Ministério Público e outros tantos juízes). Os exaltados do cabralismo querem matar no ovo as conspirações e defendem a mão de ferro contra a chamada mão de veludo dos defensores da fusão pasteleira. Mas em meados de 1848, Silva Cabral apenas pode contar com 36 deputados indefectíveis, dado que os outros se rendem aos proclamados propósitos de pacificação e conciliação, representados pela aliança de Costa Cabral com Saldanha.

Projecto CRiPE- Centro de Estudos em Relações Internacionais, Ciência Política e Estratégia. © José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: 03-05-2007