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Liberais-progressistas (1867) |
1867
Penicheiros e republicanos – Meeting presidido por Oliveira Marreca marca o início de um processo, liderado pelo conde de Peniche, que vai conduzir ao movimento da Janeirinha, onde os adeptos penicheiros se aliam aos lunáticos do Pátio do Salema (13 de Março).
●O malfadado imposto de consumo – Na sessão de 16 de Março do ano da graça de 1867, numa hora de servilismo e de abaixamento moral, a câmara dos deputados votou por 100 votos contra 47 o imposto de consumo... O Povo reclamou, reuniu-se nas praças, assinou manifestos, ergueu representações; a maioria da câmara dos deputados votou o imposto de consumo (Eça de Queiroz).
●Eleições suplementares de 24 de Fevereiro. Vitória da oposição, com destaque para a eleição de D. Caetano de Noronha, conde de Peniche e futuro marquês de Angeja, que se opõe à fusão. Constitui um grupo oposicionista dito liberal-progressista.
●Individualidades em vez de ideias – A oposição é composta de individualidades, não é composta de ideias … o grande mal, o mal terrível são as oposições pessoais. Das subversões políticas, das crises ministeriais, dos antagonismos de poderes, saiu uma classe de homens que consideram o governo como propriedade sua. Para estes há só duas situações possíveis: ou uma oposição facciosa ou uma pasta. Não se lhes fale em princípios eles têm só um princípio: o amor ao poder (Eça de Queiroz em 6 de Junho de 1867)
1868
●Revolta da Janeirinha contra o imposto de consumo (de 31 de Dezembro de 1867 para 1 de Janeiro de 1868). O movimento, no Porto, é liderado por Delfim Maia. O governo demite-se e o rei ainda tenta que Loulé e Sá da Bandeira organizem governo, mas estes não aceitam.
●Governo nº 28 de António José de Ávila (201 dias, desde 1 de Janeiro). Com o apoio dos reformistas. São ministros deste gabinete António Luís de Seabra (justiça), José Dias Ferreira (1837-1909) na fazenda, o general José Maria Rodrigues de Magalhães (guerra), o general José Rodrigues Coelho do Amaral (marinha) e o major Sebastião do Canto e Castro Mascarenhas (obras públicas). Ávila, a quem não lhe falta talento nem instrução, mas falta-lhe prudência e é cheio de orgulho, tendo um carácter versátil, segundo Lavradio, ocupa as pastas do reino e dos estrangeiros. Loulé e Sá da Bandeira, convidados pelo rei, haviam recusado a chefia do governo.
●O vazio – Nem uma só palavra afirmativa. "Moralidade, economias!". Esse programa patenteava o vazio, porque nenhum partido jamais pregou a corrupção nem o desperdício. Mas praticavam-nos ambos, os regeneradores? é pois uma questão de homens, nada mais (Oliveira Martins).
●Revogação do imposto de consumo (14 de Janeiro), no dia em que surge a dissolução da Câmara dos Deputados, também se dá sem efeito a reforma do ministério da fazenda levada a cabo pelo gabinete anterior (13 de Fevereiro). No Parlamente o gabinete é, desde logo, criticado por Peniche.
●O líder das transições – Ávila governará nas transições como um duque de Terceira, civil... constituindo não um partido, mas uma espécie de patrulha (Lopes Oliveira). Não lhe falta talento nem instrução, mas falta-lhe prudência e é cheio de orgulho… carácter versátil (Lavradio).
Liberais-progressistas
Oposição radical dos penicheiros, já separados dos avilistas. Logo na abertura do parlamento, em 15 de Abril, o conde de Peniche ataca o governo, considerando-o como negador da liberdade de reunião e Ávila acusa-o de chefe dos desordeiros.
O grupo esteve na base dos tumultos populares que precederam a Janeirinha. Tem como principal activista de rua António Vieira da Silva que organiza manifestações que têm como palavra de ordem pão ou trabalho.
Projecto CRiPE- Centro de Estudos em Relações Internacionais, Ciência Política e Estratégia. © José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: 03-05-2007