1910 Adesivos


Nome dado, logo em Outubro de 1910, aos antigos políticos monárquicos que trataram de declarar a sua adesão ao novo regime republicano. Surge imediatamente uma campanha contra o processo, visando atacar o grupo liderante do governo provisório. Em A Luta, Brito Camacho, logo em 14 de Outubro, diz que a República não pode ser a monarquia com outro nome. Entre os principais adesivos, os antigos apoiantes de Teixeira de Sousa e de José Maria de Alpoim, que apareciam ligados a Afonso Costa. Continua uma série de artigos neste tom, especialmente em 20, 22, 23 e 25 de Outubro. No dia 23 chega a perguntar se não é necessária outra revolução. Defende que deve manter-se intacto o directório do partido republicano, para garantir o regime. Contrariava deste modo as posições de O Mundo, defensor da realização do congresso do partido, com renovação do directório.

 

Contra os adesivos – Em A Luta, Brito Camacho diz que a República não pode ser a monarquia com outro nome, numa campanha contra os chamados adesivos, onde se incluíam os antigos apoiantes de Teixeira de Sousa e de José Maria de Alpoim, que apareciam ligados a Afonso Costa. Continua uma série de artigos neste tom, especialmente em 20, 22, 23 e 25 de Outubro. No dia 23 chega a perguntar se não é necessária outra revolução. Defende que se deve manter intacto o directório do partido republicano, para garantir o regime. Contraria deste modo as posições de O Mundo, defensor da realização do congresso do partido, com renovação do directório (14 de Outubro).

O milagre da multiplicação dos republicanos – Segundo Ramalho Ortigão, na manhã gloriosa de 5 de Outubro os combatentes da Rotunda fizeram o balanço dos riscos, dos sacrifícios, das perdas sofridas durante as jornadas bélicas que acabavam de viver. E verificaram doloridos que, dos quinhentos que haviam iniciado a revolta, já só restavam ... cinco mil.

Lista de alguns adesivos – Os adesivos vêm de todos os antigos partidos monárquicos. Na primeira fila estão os dissidentes progressistas, como Abel Botelho, Caeiro da Matta, Joaquim Pedro Martins, Francisco Fernandes, viscondes do Ameal e de Pedralva, Levy Marques da Costa, Barbosa Magalhães, que leva com ele a estrutura de Aveiro, Mota Veiga, com sua gente de Seia, e Egas Moniz, com os apoiantes que tem em Estarreja.

Dos regeneradores, destaca-se a máquina de apoio a Teixeira de Sousa, principalmente em Trás-os-Montes. Refiram-se, nestes, as viagens de Ernesto de Vilhena (filho de Júlio de Vilhena), Arantes Pedroso, Ernesto Júlio Navarro (filho de Emídio Navarro), Jaime de Sousa, Nicolau de Mesquita (antigo governador de Vila Real) e Melo Barreto.

Dos franquistas, vêm o general José Morais Sarmento, ex-ministro da guerra, o tenente-coronel Freire de Andrade, ex-governador de Moçambique, Teixeira de Vasconcelos, ex-governador civil do Porto, Leote do Rego, Oliveira Muzanty, governador da Guiné, Norton de Matos, Alfredo Rodrigues Gaspar, Vitorino Guimarães e Abel Fontoura.

Raros são os henriquistas que aderem e poucos os progressistas, sendo, contudo, significativas as passagens de Augusto de Castro, Júlio Dantas, conde de Águeda, Catanho de Meneses, Cerveira de Albuquerque e Henrique Lopes de Mendonça.

Jornal O Mundo, na sua edição do dia 26, elogia Alpoim pelos serviços prestados à revolução em 28 de Janeiro de 1908 (26 de Outubro).

Caciques pintados de vermelho – Brito Camacho em A Luta considera que os monárquicos se preparam para pintar de vermelho os seus caciques (27 de Outubro).

Não peçam empregos – Segundo Raúl Brandão, na botica do Chiado onde se costumam reunir vários republicanos amigos do dr. Camacho vê-se um letreiro na parede recomendando que não peçam empregos.

 

Projecto CRiPE- Centro de Estudos em Relações Internacionais, Ciência Política e Estratégia. © José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: 03-05-2007