Alvaristas
Os alvaristas, que, em 1922, como reconstituintes,
conseguem 17 deputados e 10 senadores, integrarão os nacionalistas nos
começos de 1923 e voltarão a autonomizar-se no fim desse ano, como Grupo
de Acção Republicana.
A constituição do gabinete de Ginestal Machado é
pretexto para Álvaro de Castro abandonar o partido nacionalista,
repudiando ministérios de concentração e pseudo-ministérios nacionais.
Assim, no dia 16, três dezenas de deputados e senadores nacionalistas,
fundam o Grupo Parlamentar de Acção Republicana.
Segue-se um governo presidido pelo próprio Álvaro de
Castro que mobiliza dois seareiros, António Sérgio e Azevedo Gomes, para
além dos correlegionários Sá Cardoso, António da Fonseca e Ribeiro de
Carvalho, na guerra, contando com o apoio de Afonso Costa e o elogio
pelo Partido Socialista, até Julho de 1924.
No governo seguinte, do democrático Rodrigues Gaspar,
ainda participa o accionista Rodolfo Xavier da Silva. No de Domingues
dos Santos aparece Hélder Ribeiro na guerra.
Democráticos
São dominados pela ala bonza de António Maria da
Silva, com a oposição de canhotos, liderados por José Domingues
dos Santos, e com um grupo centrista, representado por Vitorino
Guimarães. Conseguem 74 deputados e 37 senadores em 1922, quando já
integram os dissidentes de Domingos Pereira.
Congresso do partido
democrático (23 de Abril de 1923): contra
a linha oficial, as candidaturas de Vitorino Guimarães e José Domingues
dos Santos.
Chega
a propor-se a criação de uma religião laica visando substituir
o catolicismo.
Congresso do partido democrático sem críticas ao governo (25 a 27 de Abril de 1924).
Contra a linha oficial, Vitorino Guimarães. O governo passa sem críticas
e convida
Afonso Costa para embaixador em Londres, mas este cargo
acabará por ser ocupado por Norton de Matos, depois da recusa daquele.
Norton de Matos abandonara o cargo de alto-comissário em Angola,
alegando razões de saúde.
Reunião no Louriçal
com
Afonso Costa (26 de Agosto de 1924). Almoço de líderes democráticos
em casa de Ramos Preto. Pressionam no sentido da formação de um novo
governo. Participam
Afonso Costa, António Maria da Silva, Domingos
Pereira, José Domingues dos Santos e Álvaro de Castro.
Seareiros
Surge
em 16 de Outubro 1921 a Seara Nova, revista dita de doutrina e
crítica. Tem como colaboradores António Sérgio, Raúl Proença, Jaime
Cortesão, Ezequiel de Campos e Raúl Brandão.
Manifesto
da Seara Nova defende uma união cívica à margem das
querelas partidárias. Apela a uma obra de reorganização nacional
através de uma governação excepcional
indispensável, com o apoio e cooperação de todos os portugueses
(Março de 1923).
Em 1 e 12 de Dezembro de
1923, os seareiros lançam com os integralistas a efémera revista dos
Homens Livres.
Raúl
Proença, num artigo publicado na Seara Nova, salienta:
parece que o problema capital desta República é agora o aniquilamento
absoluto dos pequenos agrupamentos partidários. é este o mot d’ordre
olímpico dos bonzos eleitos no último congresso democrático (15 de
Setembro).
Partido Republicano Radical
Constituído em Junho de 1923,
pela junção dos populares e dos outubristas. Também dito Partido
Republicano de Fomento Nacional.
Entre os principais
dirigentes: Alberto da Veiga Simões, José Macedo, Lopes de Oliveira,
Albino Vieira da Rocha
(1885-1950), Procópio de
Freitas e Camilo de Oliveira.
Em 12 de Setembro de 1923,
explode bomba que está ser manipulada na sede do partido, no Porto.
Reúne,
em Coimbra, o congresso inaugural
(31 de Janeiro de 1925).
Socialistas
Partido
Socialista qualifica a política de Álvaro de Castro como franca
tentativa de uma política financeira de esquerda que sucumbiu
perante a reacção das classes capitalistas (30 de Junho de
1924).
Em
Junho realiza-se no Porto o XI Congresso do PS que contina a ser
dominado por Ramada Curto e Amâncio Alpoim.
Anarco-sindicalistas
Dominam
a CGT e o jornal A Batalha.
CGT faz um referendo
aos sindicatos sobre a decisão de aderir à AIT (5 de Abril de 1923).
Divulgados
os resultados do referendo feito aos sindicatos sobre a adesão à AIT,
apoiada por 104, contra os 6 que preferem a adesão à ISV. Há apenas 5
abstenções (28 de Setembro).
Mudança
de orientação em A Batalha, com abandono das teses
anarco-sindicalistas e do mito da greve geral. Em vez de forças
vivas, passa a usar-se a expressão burguesia (10 de
Novembro de 1923).
Jornal
A Batalha anuncia a detenção em Sevilha dos sindicalistas Silva
Campos e Manuel Joaquim de Sousa que protestam contra a detenção dos
espanhóis Nicolau e Mateo.
Nos
começos de Janeiro a CGT e o PCP lançam campanha no mesmo sentido (28 de
Dezembro).
Comícios
unitários
dos revolucionários sociais, em Lisboa e no Porto contra o
perigo de uma ditadura de direita (17 de
Fevereiro de 1924).
Chegam
a Lisboa os sindicalistas portugueses detidos em Espanha, desde Dezembro (2 de Março).
Comícios
promovidos pela CGT em vários pontos do país. Protestos contra as
perseguições aos avançados, em Portugal e noutros pontos da Europa
(1 de Maio).
Conflitos
entre os sindicalistas afectos à Associação Internacional dos
Trabalhadores, central anarco-sindicalista fundada em Berlim em
1919, e os da Internacional Sindical Vermelha, fundada por
Lenine em 1923 (Julho de 1924).
A
CGT recomenda ao. proletariado de todo o país que se
prepare para repelir por todos os meios o ataque das forças vivas
(31 de Janeiro de 1925).
Já
no dia 30 A Batalha considera que se vive uma hora de
perigo. As forças vivas preparam uma violenta e brutal ditadura.
O
mesmo jornal em 5 de Fevereiro critica a União de Interesses Económicos:
a guerra elevou muitos aventureiros à
privilegiada situação de ricaços
Realiza-se
em Santarém o 1º Congresso da CGT, participando 135 sindicatos (23 a 27
de Setembro).
Comunistas
Em 1922, vão a Moscovo, como representantes do PCP,
Caetano de Sousa e Pires Barreira, a fim de assistirem ao congresso do
Komintern.
Começa
a publicação de O Comunista, órgão oficial do jovem PCP (10 de
Maio de 1923).
I Congresso do PCP em Novembro de 1923. 10 delegados
para cerca de 600 militantes.
Eleito um comité central dominado por Carlos Rates.
É
apresentada uma tese, não discutida, sobre a venda das colónias à
Inglaterra para se resolver o défice do Estado.
Participa
o suíço Jules Humbert Droz, antigo pastor protestante, delegado da
Internacional Comunista. Apoia a facção de Rates, contra a de Caetano de
Sousa, sustentado por Bento Gonçalves..
Carlos
Rates, em O Comunista, defende uma ditadura das esquerdas
contra a ditadura das direitas. Os comunistas são então
partidários de uma revolução imediata (8 de Dezembro).
Alguns membros do PCP participam no golpe de 10 de
Dezembro de 1923.
Legião Vermelha
A
Legião Vermelha promove um atentado contra Ferreira do Amaral
(15 de Maio de 1925).
Segue-se
a prisão de cerca de uma centena de terroristas que são deportados para
África.
Um
deles, Bela Kun, diz aos jornais que a sua ausência seria
curta, porque em breve reabriria o parlamento.
José
Domingues dos Santos nega ligação com os extremistas da Legião
Vermelha (19 de Junho).
Responde-lhe
o deputado Agatão Lança que recorda a manifestação de 13 de Fevereiro
quando ele permitiu que à frente dela seguissem 60 homens armados.
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Nacionalistas
Contra o governo de
António Maria da Silva, emerge um bloco republicanos, constituído
por liberais (34 deputados e 11 senadores em 1922) e reconstituintes, os
quais se unificam
em 5 de Fevereiro de 1923, dando origem ao Partido Nacionalista, cujo
manifesto, redigido por Júlio Dantas, é emitido no dia 17.
Logo apoiam a candidatura a presidente de Bernardino
Machado, contra a de Manuel Teixeira Gomes em 6 de Agosto de 1923.
Assumem o governo em Dezembro de 1923, com Ginestal
Machado, mas logo sofrem com a saída dos antigos reconstituintes de
Álvaro de Castro.
No Congresso de Março de 1925 há uma integração dos
derradeiros sidonistas que permaneciam independentes. Ataques a Teixeira
Gomes e ao governo (dias 7 e 8 de Março de 1925).
Grupo de Cunha Leal
Sob a batuta do ministro Nuno Simões, chegam a tentar
aquilo que se chamou conjunção com alvaristas e liberais, contra
os democráticos e com o apoio das forças vivas. Esta acaba por
constituir-se em Lisboa, sem os governamentais, a oito dias do acto
eleitoral, com liberais, reconstituintes, socialistas, reformistas,
sidonistas e independentes. Os cunha-lealistas conseguem 13 deputados e
1 senador.
Pouco depois, as Moagens compram o jornal O Século,
nomeando Francisco Cunha Leal como director.
Católicos
O grupo de Lino Neto, com
Salazar e Dinis da Fonseca, os
chamados catolaicos, que conseguem 5 deputados e 1 senador, vive
em constante tensão com os católicos monárquicos, liderados por Nemo
(Fernando de Sousa).
Os primeiros, ditos centristas, têm como órgão A
União e depois o Novidades, a partir de 15 de Dezembro de
1923.
Os segundos dominam A Época, sendo apoiados por
O Dia e o Correio da Manhã, tendo como outros paladinos
Domingos Pinto Coelho, Alfredo Pimenta e o próprio Paiva Couceiro.
O
jornal A União do CCP diz que os deputados monárquicos devem
abster-se da apresentação de projectos sobre os católicos, sem prévia
consulta do CCP, a única instância partidária autorizada pelos bispos.
Realiza-se
o segundo congresso do Centro Católico, nos dias 29 e 30 de
Abril, na Sociedade de Geografia de Lisboa, onde
Salazar faz um discurso
de fundo criticando José Fernando de Sousa, Nemo, o representante dos
católicos monárquicos.
Salazar admite que os católicos aceitem
cargos públicos. É confirmada a orientação dada por Lino Neto ao
grupo. O próprio jornal O Mundo enaltece o comportamento
leal dos católicos para com a República (28 de Abril).
Segue-se
uma prolongada polémica de católicos monárquicos com os centristas nos
jornais. A Época em 4 de Maio ataca o CCP. Nesta senda Nemo em
Junho, Julho, Agosto e Setembro faz um ataque aos centristas, a que
responde
Salazar de Setembro de 1922 a Fevereiro de 1923 (28 de Abril).
Contra o CCP, no mesmo jornal, escreve Domingos Pinto Coelho, a que
responde Dinis da Fonseca em 20 de Agosto de 1922 (28 de Abril).
Atacando a linha de Lino Neto, surgem também artigos de Alfredo Pimenta
em O Dia, contra o bispo de
Bragança, D. José Lopes Leite de Faria, e de Paiva Couceiro
em O Correio da Manhã (28 de Abril).
Nesse
Congresso, também Manuel Gonçalves Cerejeira propõe a criação de um
estabelecimento superior de ensino, à semelhança do Instituto Católico
de Paris (28 de Abril).
Congresso
da Federação das Juventudes Católicas, em Coimbra. Mário de Figueiredo é
eleito presidente, com Alberto Dinis da Fonseca na vice-presidência
(30 de Maio de 1922).
Carta
de Pio XI saúda a pastoral colectiva do episcopado português que apoia o
Centro Católico Português (13 de Maio de 1923).
Lino Neto
declara que o centro (Centro Católico Português) não é um
partido político, embora represente uma influência de natureza política.
Não pretendemos instalar-nos no poder nem confundimos legislação com
regime (21 de Outubro de 1923).
Lino
Neto, em A União, toma posição sobre o governo de Ginestal
Machado (24 de Novembro de 1923): é necessário que a atmosfera de
confiança que por toda a parte se vem desenvolvendo contra os políticos
se não se acentue mais nem torne possível entre nós movimentos como os
que lá for a determinaram a ascensão ao poder de Mussolini em Itália e
de Primo de Rivera em Espanha.
Reaparece
o jornal Novidades, agora como órgão da hierarquia católica, em
apoio do CCP. O A União cessa a sua publicação em Abril de 1924
(15 de Dezembro).
Até
3 de Abril CADC promove a constituição de uma União Católica dos
Estudantes Portugueses em reunião realizada em Coimbra. Participam,
entre outros, Lopes da Fonseca, Pedro Teotónio Pereira, Marcello Caetano
e Albano Pereira Dias Magalhães (31
de Março).
Em
Outubro e Novembro de 1924 reacende-se o conflito entre os católicos,
com o Novidades, afecto ao CCP, a polemizar com A época,
de Fernando de Sousa. Os bispos intervêm no confronto entre A Época
e o Novidades dizendo que o CCP tem o apoio do episcopado e do
próprio papa (14 de Fevereiro de 1925). Nemo abandona então o CCP e
A época transforma-se em jornal catolico, independente do
Centro. Reacções contra os bispos: O Correio da Manhã
considera a declaração dos bispos como uma impertinência política.
O Comércio de Viseu, dirigido pelo visconde de Banho, põe-se ao
lado de Nemo. Na Covilhã, um padre centrista chega a ser sovado por
membros das Juventudes Monárquicas. O papa recusa receber D. Manuel II.
União dos Interesses Económicos
Fundada em 28 de Setembro de 1924, unindo delegados da
Associação Comercial de Lisboa, Associação Comercial do Porto,
Associação Industrial Portuguesa e Associação Central da Agricultura
Portuguesa. Financiada pela CUF, tem como líderes Martinho Nobre de
Melo, João Pereira da Rosa (1885-1962), José Pequito Rebelo, Nunes Mexia
e Filomeno da Câmara.
A
União dos Interesses Económicos anuncia a compra de O
Século, tendo em vista a defesa dos interesses do comércio. A
mobilização de fundos acaba por não permitir a compra institucional, mas
ficam como principais sócios do jornal Pereira da Rosa, Carlos de
Oliveira e Moses Bensabat Amzalak (24 de Outubro).
Monárquicos
Os monárquicos têm bom resultado em 1922, conseguindo 13
deputados e 4 senadores. Conflitos permanentes dos integralistas com os
monárquicos seguidores de D. Manuel II. Em 1 de Julho de 1921,
legitimistas anunciam acção conjunta com os integralistas em defesa da
monarquia tradicionalista.
Pelo Pacto de Paris,
unificam-se os monárquicos liberais e legitimistas, através de Aires de
Ornelas e D. Lourenço Vaz de Almada. D. Duarte Nuno reconhece assim D.
Manuel II. Os integralistas vão discordar frontalmente do pacto. Apoio
de O Dia e de O Correio da Manhã
(17 de Abril de 1922).
Integralistas
discordam frontalmente do Pacto de Paris de 17 de Abril. Interrompem a
publicação do jornal A Monarquia, suspendem a actividade
partidária e declaram que apenas se dedicarão ao trabalho de
doutrinação, começando a publicar-se a segunda série da revista
Nação Portuguesa (5 de Maio de 1922).
Saem
os dois números únicos da revista Homens Livres (1 e 12 de
Dezembro) Uma revista organizada por António Sérgio e Afonso Lopes
Vieira, agregando seareiros e integralistas: Livres da Finança & dos
Partidos. Tenta juntar-se o novo direitista com o novo
esquerdista, visando uma ditadura de salvação nacional.
Morte
prematura de António Sardinha, a principal figura do Integralismo
Lusitano (10 de Janeiro de 1925).
Acção Realista Portuguesa
Em 8 de Dezembro de 1923 é
criada a Acção Realista Portuguesa, independente da Causa, mas
subordinada ao lugar-tenente. Integram o novo grupo António Cabral,
ex-ministro da monarquia, Alfredo Pimenta, Alberto Ramires dos Reis,
Luís Chaves, Oliveira Monteiro e Caetano Beirão, dissidente do
Integralismo Lusitano. Mistura o apoio a D. Manuel II com as doutrinas
tradicionalistas.
Carta
de Alfredo Pimenta a Aires de Ornelas, pedindo para integrar a Causa
Monárquica.
Fascistas
Depois da Grande Marcha sobre Roma (Outubro de 1922) e
antes de Primo de Rivera tomar o poder em Madrid (13 de Setembro de
1923), surge o primeiro número da revista Ideia Nova, dirigida
por Raúl de Carvalho, que se assume como fascista (23 de Agosto de
1923).
O jornal A
Ditadura, dirigido por Raúl de Carvalho, passa de periódico do
fascismo português a jornal de acção nacionalista(1
de Fevereiro de 1924).,
ligando-se ao grupo da Acção Nacionalista, dirigido por João de
Castro Osório (1899-1970), também conhecido por Centro do
Nacionalismo Lusitano.
O
jornal Ditadura revela a formação de um novo movimento
político, constituído por um grupo de portugueses que querem salvar
a pátria; entre os nomes citados, Eurico Cameira, Trindade Coelho,
Tamagnini Barbosa, Raúl de Carvalho, director do jornal, Teófilo Duarte,
Duarte e Sousa, Mota Oliveira, Feliciano de Carvalho, António de Cértima
e Cândido Costa (24 de Julho de 1924). Estão próximos das ideias do
integralismo sindicalista, fórmula então adoptada por Francisco
Rolão Preto, em torno do jornal A Revolução (1922-1923).
O
tenente Teófilo Duarte elogia o fascismo italiano e critica o nosso
socialismo de Estado, bem como o movimento das forças
económicas que se arrogam a pretensão de substituir as forças
políticas na governança do Estado (4 de Março de 1925).
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