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MUD
O Movimento de Unidade Democrática emerge na penumbra da
legalidade a partir de uma sessão do Centro Republicano Almirante Reis,
na Rua do Bem Formoso em 8 de Outubro 1945, sob a presidência de Barbosa
Magalhães e com a presença de Acácio Gouveia, António Meireles Pinto
Barriga (1897-1972), Joaquim de Carvalho, José de Azeredo Perdigão
(1896-1993), Jaime Gouveia, Mário de Castro, Adelino da Palma Carlos
e Carlos Sá Cardoso.
Destaca-se o discurso de Mário Lima Alves onde se
reclama a extinção do Tarrafal.
Jornais anunciam o nascimento do MUD (9 de Outubro).
Segue-se uma audiência de uma comissão do movimento com
o presidente António Óscar de Fragoso Carmona, considerado o Salazar
que ri, onde se reclama o adiamento das eleições e a formação de um
governo de transição (17 de Outubro 1945).
A ideia nasce de Teófilo Carvalho Santos e Mário Lima
Alves que requereram a realização de uma reunião pública para discussão
do momento político, num papel que também é subscrito por Manuel Mendes
(1906-1969), Gustavo Soromenho, José Magalhães Godinho, Afonso
Costa, filho, Armando Adão e Silva, Manuel Catarino Duarte, Câmara Reys,
Alberto Candeias e Canas Pereira.
O requerimento é inesperadamente deferido, 48 horas
antes da sessão presidida por Barbosa Magalhães Subscrevem a
perspectiva Hélder Ribeiro, António Sérgio, Pedro Pita, Tito de Morais.
Alberto Dias Pereira retoma o Grupo de Estudos Democráticos.
Constituem-se imediamente extensões à província, com
António Luís Gomes, Hélder Ribeiro e Santos Silva no Porto; Domingos
Pereira, em Braga; Rodrigo de Abreu, em Viana do Castelo; Velez Caroço,
em Portalegre; Maldonado Freitas, em Leiria; Pestana Júnior, no Funchal;
João Lopes Soares, na Guarda.
Serão apoiados por dois conhecidos militantes católicos,
como Francisco Veloso, antigo dirigente do CADC, companheiro de Salazar
e Cerejeira, e o padre Joaquim Alves Correia, em nome de uma
sensibilidade que se assumia como democrata-cristã. Este sacerdote será
exilado em 1946, vindo a morrer nos Estados Unidos em 1951.
Segue-se a eleição da comissão central com Barbosa de
Magalhães, Pedro Pitta, Bento de Jesus Caraça (1901-1948), o matemático
comunista que havia lançado em 1941 a Biblioteca Cosmos, Mário de Lima
Alves, Manuel Mendes, Adão e Silva e Alves Redol.
A partir da organização, surge uma Comissão de Mulheres,
com Maria Isabel Aboim Inglês e Maria Lamas (1893-1983).
Através de novo requerimento, subscrito por Barbosa de
Magalhães, Armando de Adão e Silva, Mayer Garção, Câmara Reis, Nuno
Rodrigues dos Santos, Carlos Sá Cardoso e Mário Lima Alves solicita-se o
adiamento das eleições por seis meses.
Governador civil de Lisboa, Nuno de Brion, convoca os
requerentes, dando-lhes conhecimento do indeferimento da petição.
Lima Alves, em cujo escritório funciona a sede do
movimento, com o apoio de Cardoso Vilhena, responde, declarando que a
oposição tem que apelar à abstenção (16 de Outubro).
Comissão do MUD, com Lima Alves, Câmara Reis, Adão e
Silva, Gustavo Soromenho, Teófilo Carvalho Santos, José Magalhães
Godinho e Manuel Mendes, pede audiência com Carmona, reclamando o
adiamento das eleições e a formação de um governo de transição (17 de
Outubro).
A audiência é imediatamente concedida e o presidente
declara não querer interferir na atitude do governo (17 de Outubro).
O MUD interpõe, então, recurso para o Supremo Tribunal
Administrativo. E começa a lançar listas para a adesão ao movimento,
subscritas por personalidades literárias como Aquilino Ribeiro, Ferreira
de Castro, Carlos Olavo, Adolfo Casais Monteiro, João Gaspar Simões,
António Navarro, Domingos Monteiro, José Gomes Ferreira, José Régio,
Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Maria Lamas, Elina Guimarães, Rodrigues
Lapa, Hernâni Cidade e Assis Esperança.
Cunha Leal, sem a alçada do MUD, apresenta-se como
candidato por Angola. É apoiado por Lello Portela de O Sol e por
Guilherme Filipe (18 de Outubro).
É controversa a campanha que precede as primeiras
eleições parlamentares do regime com listas alternativas, que, contudo,
acabam por não apresentar-se (18 de Novembro 1945).
Supremo Tribunal Administrativo não dá provimento a
recurso do MUD quanto ao adiamento de eleições, por se achar sem
competência necessária para aferir da ilegalidade do diploma promulgado.
Deixam de ser autorizadas sessões de propaganda da oposição (9 de
Novembro).
Sessão de propaganda do MUD no Teatro Taborda em Lisboa
(10 de Novembro).
Eleita Comissão Central do MUD que adopta uma atitude
defensiva, de oposição disciplinada, contra a perspectiva de Cunha Leal,
Lelo Portela e Guilherme Filipe que propõem a realização de um grande
comício no Campo Pequeno.
Comissão Central do MUD passa a ter nova composição,
abrindo-se aos comunistas: Barbosa Magalhães, Bento de Jesus Caraça,
Fernando Mayer Garção, Pedro Pita, Teófilo Carvalho Santos, Mário de
Lima Alves, Manuel Mendes, Alves Redol e Alberto Dias.
Conferência de imprensa do MUD. Mário Lima Alves anuncia
que o movimento, só na cidade de Lisboa, tem o apoio de 50 000
assinaturas (24 de Outubro).
Invocando o pretexto de um golpe militar em preparação,
o governo, em 27 de Outubro, manda suspender todas as reuniões e
comícios do MUD, considerado um elemento de subversão social e um
movimento passional que pretende reeditar o modelo
institucional do exercício do poder político vigente durante a Primeira
República. Determina que as listas de assinaturas sejam averiguadas
pelo ministério do interior.
Mário de Castro é obrigado a entregar as listas à
polícia.
A comissão distrital do Porto opõe-se e são presos Rui
Luís Gomes, Mário Cal Brandão, António Barros Machado e Olívio França.
Vários subscritores são demitidos, como o coronel Plínio Silva, que
presta serviço militar nos Açores
MAUD/MUD Juvenil
Do MUD, emerge um Movimento Académico de Unidade
Democrática, visando a ligação entre estudantes universitários
oposicionistas, com Mário Soares, em Lisboa, Francisco Salgado Zenha, em
Coimbra, e José Arnaldo Veiga Pires, no Porto, base do que será o MUD
Juvenil.
Criado em 1946 a partir do MAUD o MUD Juvenil. Com Mário
Soares, Salgado Zenha, Octávio Pato, José Borrego, Maria Fernanda Silva,
Júlio Pomar, Mário Sacramento, Rui Grácio, António Abreu, Nuno Fidelino
Figueiredo.
Participam estudantes e operários. Têm ligações com
movimentos católicos, com João Sá da Costa, Fernando Ferreira da Costa,
próximos do padre Alves Correia. A comissão central é presa em 1947.
Directório Democrato-Social
Grupo criado em 1951 a partir da candidatura de Quintão
Meireles.
Começa por reunir Mário de Azevedo Gomes, Jaime Cortesão
e António Sérgio, os barbas. Entra depois Mário Soares, em
1956, em nome da Resistência Republicana e Socialista.
O grupo faz, sobretudo, exposições ao Presidente da
República, naquilo que Humberto Delgado chama a pequena guerra dos
papéis.
Outros fundadores são Acácio Gouveia, Artur Cunha Leal,
Carlos Sá Cardoso, Carlos Pereira, comandante Moreira de Campos, Nuno
Rodrigues dos Santos e aul Rego (1913-1999).
Partido Trabalhista
Em Abril de 1945 surge o jornal O Combate
considerado órgão de um Partido Trabalhista Português, que tem como
secretário-geral Castanheira Lobo. Ainda se mantém em 1947.
O projecto de partido, tem o apoio de António Sérgio,
mobilizando aul Rego, Vasco da Gama Fernandes, Lello Portela, Carlos
Vilhena e Natália Correia.
Núcleo de Acção e Doutrinação Socialista
Surge em Lisboa, em Dezembro de 1942, visando a
divulgação dos ideais do socialismo.
Trata-se de um grupo de estudantes universitários que,
em 1944, se integra na União Socialista.
Entre os fundadores de 1942 destacam-se José Magalhães
Godinho, Vitorino Magalhães Godinho, Afonso Costa Filho, Mário de
Castro, Gustavo Soromenho, António Macedo, Mário Cal Brandão, Artur
Santos Silva, Paulo Quintela, José Joaquim Teixeira Ribeiro e Fernandes
Martins.
De assinalar que muitos membros desse grupo são filhos
de anteriores dirigentes da esquerda republicana.
União Democrática Portuguesa
Surge em 30 de Maio de 1944, promovida por Mayer Garção,
Adão e Silva e Sá Cardoso. Em torno desta iniciativa vai constituir-se a
União Socialista.
União Socialista
Em Dezembro de 1944 é criada a União Socialista, pela
fusão do Núcleo de Doutrinação e Acção Socialista e da União Democrática
Portuguesa.
Integram o grupo António Macedo, Mário Cal Brandão,
Olívio França, Gustavo Soromenho, Álvaro Monteiro, Costa e Melo, Lobo
Vilela, Sá Cardoso, José Magalhães Godinho, Mayer Garção, António
Portilheiro, Adão e Silva, Afonso Costa Filho
União Democrato-Socialista
Em 1945 surge também uma clandestina União
Democrato-Socialista, resultante da fusão do Núcleo de Doutrinação e
Acção Socialista com a União Democrática.
Nela são especialmente activos alguns estudantes
universitários, como Manuel Sertório, Jacinto Simões, José Pessegueiro,
António Lobo Vilela e Fernando Mayer Garção.
Acabarão por aderir ao MUD Juvenil.
Em 6 de Novembro de 1949 assinam um pacto para a
constituição do Partido da União Socialista.
Em 1954 e 1955 ainda tentam contactos internacionais
para reconhecimento, pela via dos socialistas franceses.
Duram até 1964, quando se forma a Acção Socialista
Portuguesa.
Comunistas
IV Congresso do PCP em 1946.
Movimento Nacional Democrático
Grupo pró-comunista do Porto, liderado por Ruy Luís
Gomes, surgido em Fevereiro de 1949.
União Democrática Portuguesa
Em alternativa ao Movimento Nacional Democrático, os
oposicionistas atlantistas, liderados por Mário de Azevedo Gomes
esboçam, em 5 de Junho de 1949, a constituição de uma União
Democrática Portuguesa, chegando a emitir um manifesto Aos
Democratas Portugueses. Os estatutos são elaborados por António
Macedo e Agostinho de Sá Vieira.
Comissão Nacional para a Defesa da Paz
Surge em 30 de Setembro de 1950. Um movimento de
intelectuais criado pelo PCP, com António José Saraiva, Maria Lamas e
Manuel Valadares.
Promove abaixo-assinados e estão na base da falhada
manifestação de 11 de Novembro desse ano para comemoração do fim da
Segunda Guerra Mundial.
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Centro de Acção Popular
Grupo criado em 22 de Janeiro de 1948 dentro da União
Nacional, ligado a Marcello Caetano.
Entre os aderentes, Gastão Melo Matos, Humberto Cruz,
Luís Quartin Graça, Joaquim da Silva Cunha, José de Penha Garcia, Mário
Morais de Oliveira, Rodrigo Leite de Faria.
Católicos oposicionistas
Ligados ao Padre Joaquim Alves Correia que participam no
MUD, como João Sá da Costa e Fernando Ferreira da Costa
Proibido o jornal da JOC O Trabalhador, em 10 de
Julho de 1948, acusado de dar guarida a literatura marxista. Tinha
surgido em 1934.
O respectivo director, o Padre Abel Varzim, até então
pároco no Bairro Alto em Lisboa é afastado para a paróquia rural de
Cristelo, em Barcelos.
III Semana Social Católica
Mobiliza em 1949 Guilherme Braga da Cruz, Afonso Queiró,
Antunes Varela e J. S. Silva Dias
Monárquicos
José Pequito Rebelo critica o regime em 1 de Setembro de
1943.
Causa Monárquica, em 7 de Janeiro de 1949, quando é
presidida por Fezas Vital, apoia a candidatura de Carmona.
Rocha Martins critica a Causa e outros monárquicos
assumem-se pela oposição, como José Pequito Rebelo, Vieira de Almeida,
Francisco Rolão Preto, Luís de Almeida Braga e Rui de Andrade.
Centro Nacional de Cultura
Em 1945 também surgem monárquicos como Francisco Vieira
de Almeida a denunciarem o pessoalismo do poder.
Refira-se, também, a criação de outros grupos, como o
Centro Nacional de Cultura, fundado em Dezembro desse ano por um grupo
de monárquicos não alinhados com o regime, sob a liderança de Fernando
Amado.
Portugal Restaurado pela Monarquia
Em 8 de Abril de 1950 é emitido um manifesto anti-regime
dos sobreviventes do Integralismo Lusitano, subscrito por, Alberto de
Monsaraz, Hipólito Raposo, José Pequito Rebelo e Luís de Almeida Braga,
onde, reconhecendo-se algum esforço do Estado Novo no sentido da
nacionalização do regime, se considera que à truculência jacobina da
Anti-Nação sucede ou substitui-se a hipocrisia da Pseudo-Nação,
referindo a viciação e perversão da doutrina.
Consagra-se uma clara oposição monárquica ao regime,
desencadeada, aliás, logo no dia 2 de Junho de 1926, quando alguns
oficiais do 28 de Maio queriam restaurar a Carta Constitucional e
estabelecer uma Junta de Regência. O processo passa também pelo desterro
de Paiva Couceiro e de Hipólito Raposo.
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