MUD. Organização para-legal autorizada pelo governo. O requerimento visando a
fundação do movimento foi subscrito por Mário
de Lima Alves, Teófilo Carvalho Santos, Manuel Mendes, Gustavo Soromenho, José de
Magalhães Godinho, Afonso Costa filho, Armando Adão e Silva, Manuel Catarino
Duarte, Câmara Reis, Alberto Candeias e Canas Pereira. Será apoiado por dois
conhecidos militantes católicos, como Francisco Veloso, antigo dirigente do CADC,
companheiro de Salazar e Cerejeira, e o padre Joaquim Alves Correia, em nome
da adesão democrata-cristã. Alves Correira será exilado em 1946, vindo a morrer
nos Estados Unidos em 1951.
Apresentação
Apresentação pública no Centro Republicano Cândido dos Reis, na Rua do Bemformoso,
em 8 de Outubro de 1945, com Barbosa de Magalhães. Aderem depois velhos republicanos
como António Luís Gomes, Helder Ribeiro, Santos Silva, Domingos
Pereira, Silva Nobre, Maldonado Freitas, Pestana Júnior. Dos novos oposicionistas,
Acácio Gouveia, Pinto Barriga, Joaquim de Carvalho, Azeredo
Perdigão, Jaime Gouveia, Mário de Castro, Adelino da Palma Carlos e Carlos Sá Cardoso.
Não participa Cunha Leal que se apresenta
como candidato independente por
Angola. É apoiado por Lelo Portela e Guilherme Filipe.
Comissão
Central
Segue-se a eleição da comissão central com Barbosa de Magalhães, Pedro Pitta,
Bento de Jesus Caraça, Mário de Lima Alves, Manuel Mendes, Adão e Silva e Alves
Redol. O ministro do interior, Júlio Botelho Moniz, dizia então
que a situação não cairia nem a votos nem a tiros. A partir da organização surge
uma Comissão de Mulheres, com Maria Isabel Aboim Inglês e Maria Lamas.
Comissão pede audiência a Carmona em 17 de Outubro. Pede o adiamento das
eleições e a constituição de um governo de transição. Em 21 de Outubro há eleições
para as Juntas de Freguesia sem a participação do MUD. No dia seguinte era criada
a PIDE. Em 27 de Outubro é determinado um inquérito às
listas do MUD e Mário de Castro é obrigado a entregar as listas à polícia.
No Porto é preso Ruy Luís Gomes. Em 9 de Novembro o Supremo Tribunal Administrativo
nega o recurso do MUD quanto ao adiamento das eleições e , apartir dessa data,
deixam de ser autorizadas sessões da oposição. Em 11 de Novembro, o MUD recomenda
a abstenção e recusa-se a ir às urnas. Barbosa de Magalhães declara então
que Salazar tem perturbação no
seu espírito, geralmente tão sereno. Em 16 de Novembro, as críticas
a
salazar vêm de Cunha Leal, Lima Alves
e do antigo militante do centro Católico,
Francisco Veloso. Cunha Leal é violento: não
quer nem sabe trabalhar senão
quando nas ruas reina um pávido silêncio e ninguém discute os frutos do seu
labor. As eleições decorrem em 18 de Novembro, num dia de chuva torrencial,
dois dias antes de começarem os julgamentos de Nuremberga e antes da queda de
Getúlio Vargas, em 29 de Novembro.
Realizam uma manifestação em 31 de Janeiro de 1946 junto à estátua de António
José de Almeida.
Nova
comissão central
Depois das eleições, passa a ter nova comissão central, de Junho de 1946
a Março de 1948, com Mário de Azevedo Gomes; Bento de Jesus Caraça, do MUNAF;
Helder Ribeiro, Maria Isabel Aboim Ingles, Manuel Mendes; os representantes da
União Socialista Fernando Mayer Garção e António Lobo Vilela; Manuel Tito de
Morais; os comunistas o anarco-sindicalista Alberto Dias; o comunista Luciano
Serrão de Moura; e Mário Soares. A comissão central que se reunia em casa de
Bento de Jesus Caraça, era assistida por uma comissão de economisas, com Henrique
de Barros, Sá da Costa, Jorge Alarcão, Ramos da Costa e Nuno Fidelino
de Figueiredo. É também apoiada por Gustavo Soromenho, Carlos Sá Cardoso,
Ruy
Luís Gomes, Olívio França, Corino de Andrade, Manuel João da Palma
Carlos e
Mário Dionísio.
Organiza em 5 de Outubro de 1946, sessão comemorativa da implantação da
República em A Voz do Operário, presidida por Azevedo Gomes, onde discursam raúl
Esteves dos Santos, com uma comissão de honra participada por Afonso Cerqueira, Mendes
Cabeçadas, Tito de Morais, Sousa Dias, António
Maria da Silva. Surgem
então os hinos de Lopes Graça, Vozes ao Alto. Nova sessão no mesmo local
em 30 de Novembro de 1946, para o lançamento de um livro sobre os problemas do
país, com colaborações de Bento de Jesus Caraça, sobre o ensino, Fernando
da Fonseca, assistência e Ferreira de Castro, censura.