1917

O filme da revolta dezembrista A revolta começa a ser preparada por um comité ligado aos unionistas de Brito de Camacho. As reuniões conspiratórias decorrem em A Luta e na farmácia Durão, ao Chiado, de que é proprietário António Ferreira, também unionista.

●A direcção conspiratória é composta por Alberto da Silveira, Alves Roçadas, Vicente Ferreira, Tamagnini Barbosa e Vasconcelos e Sá. Só depois é que Sidónio Pais se liga ao grupo.

●Entretanto, por influência de Augusto Vasconcelos, regressado de Madrid, Camacho deixa de apoiar o movimento.

●Os conspiradores conseguem financiamento do agricultor alentejano, António Miguel de Sousa Fernandes também unionista.

●Começo da revolta em 5 de Dezembro. Aliás, entre Fevereiro de 1917 e Outubro de 1920, há 27 golpes de Estado vitoriosos na Europa.

●Decretado o estado de sítio na zona de Lisboa em 6 de Dezembro. A revolução triunfa no dia 7. Do lado da república velha apenas resistem os marinheiros de Agatão Lançaö (1894-1965), numa postura heroicamente solitária, à semelhança de Paiva Couceiro em 1910.

●Face à ausência de Afonso Costa e Augusto Soares, o governo é então chefiado por Norton de Matos que, mais uma vez, tem a colaboração de Leote do Rego, agora na tentativa frustrada de contenção do golpe. É uma espécie de 14 de Maio ao contrário, agora com a vitória da facção onde se integra Machado Santos.

●No dia 8, declaração da Junta Revolucionária, composta por Sidónio Pais, Machado Santos (que continua detido em Viseu) e Feliciano Costa, anuncia o triunfo: venceu a república contra a demagogia. Promete-se o fim da desordem e o império da lei.

●Afonso Costa é preso no Porto. Regressara de Paris no dia 6, dormindo em Coimbra. Vem para Lisboa no dia 11. É transferido para o Forte da Graça em Elvas no dia 18. Será apenas posto em liberdade no dia 30 de Março de 1918, partindo para França em 25 de Abril.

●Depois da vitória, Sidónio tenta mobilizar para a chefia do governo o unionista Bettencourt Rodrigues e, depois, o independente José Relvas.

●O novo ciclo político começa por anular os castigos impostos aos bispos, dissolve o parlamento e manda libertar os implicados no 16 de Dezembro de 1916 (9 de Dezembro).

●Comício da União Operária Nacional, na praça dos Restauradores em Lisboa apresenta reclamações à Junta Revolucionária. Outros comícios do mesmo teor se realizam no Porto, Coimbra, Leiria, Barreiro, Odemira e Parede. Reclama-se, nomeadamente, a utilização imediata de terrenos baldios.

●São reintegrados os saneados pela lei de 1915 (10 de Dezembro). Nesse dia são formalmente demitidos os ministros do governo de Afonso Costa. Segue-se a destituição do próprio Presidente da República, Bernardino Machado (11 de Dezembro).

●Presidente derrubado só abandona Belém em 15 de Dezembro, onde fica prisioneiro. Há-de suceder-lhe o mesmo em 1926.

●Com o parlamento dissolvido, é publicado o programa de governo em separata do Diário do Governo, no dia 16 de Dezembro. Aí se proclama que o governo é contra a demagogia, tendo em vista a a harmonia e unidade da pátria.

●D. António Barroso regressa ao Porto em 20 de Dezembro. Em 27 de Dezembro, já Sidónio acumula as funções de presidente do ministério e de presidente da República.