Respublica Repertório Português de Ciência Política Edição electrónica 2004 |
Havel, Vaclav (n. 1936)
Poeta, dramaturgo e dissidente checo. Presidente da Checoslováquia de Dezembro
de 1989 a Julho de 1992 e da República Checa desde Janeiro de 1993. Funda uma
companhia de teatro em 1959. Assume-se como
dramaturgo residente do Teatro da Balaustrada de Praga em 1968. Preso de 1979 a
1983. Autor das peças Zahradní slavnost (1963), Vyrozumení (1965),
Ztízená moznost soustredení (1968), Vernisáz
(1975) e Largo Desolato (1985). Destacado dirigente do Forum Cívico que
lidera a revolução de veludo em Novembro de 1989.
Tenta determinar as causas do totalitarismo,
elencando as seguintes: a concepção dominante da ciência moderna, o
racionalismo, cientismo, a revolução industrial e a revolução em geral enquanto fanatismo da abstracção, o culto do
consumo. Tudo, aliás, remontaria a Maquiavel o primeiro a formular a
teoria da política como uma tecnologia racional do poder. Assim, se
considera que os totalitarismos do Leste teriam sido mera expansão
retroactiva dos frutos da própria expansão do pensamento europeu
ocidental. Já no
tocante aos efeitos do totalitarismo, já salienta que, depois do estalinismo,
ter-se-ia atingido um estádio de pós-totalitarismo que divergiria
profundamente das ditaduras clássicas. Se estas tinham sido localmente
restritas, já os modelos pós-totalitários a estariam dependentes de um bloco
liderado por uma superpotência. Se as ditaduras clássicas teriam constituído
meros acidentes sem raízes históricas, onde dominava o acaso, o arbitrário e
a improvisação, já o modelo pós-totalitário constituiria um mecanismo
perfeito e refinado de manipulação da sociedade. Enquanto, nas ditaduras clássicas
haveria o entusiasmo revolucionário dos heróis, eis que nos modelos pós-totalitários
seria marcante o cinzentismo de uma sociedade industrial de consumo,
esquecendo-se que se baseiam na autenticidade dos movimentos operários e
socialistas do século XIX e onde o poder político passou a deter o monopólio
dos meios de produção.
·Essais Politiques
Paris, Éditions Calmann-Lévy, 1989 [trad. port. Ensaios
Políticos, Adriano Moreira, pref., Amadora, Livraria Bertrand, 1991].
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