Hierarquia Do grego hieros (sagrado) + arquia (ser chefe). O mesmo que comando sagrado. Veio do latim eclesiástico hierachia, talvez através do francês hierarchie. Designava, no cristianismo primitivo o poder dado por Cristo aos apóstolos para formarem e governarem a Igreja. Designa hoje qualquer sistema onde a distribuição do poder é desigual, através de um sistema de graus, de linha de comando su

 

Escalonamento

Tem a ver com o escalonamento, com a existência de instâncias superiores e inferiores, numa sucessão regular, conforme salienta Louis Dumont. Em sentido amplo, segundo o mesmo autor é o princípio da graduação dos elementos num conjunto, por referência ao próprio conjunto.

Hierarquia e autoridade

Compreende-se assim que a autoridade tenha a ver com a hierarquia e o escalonamento. Como salienta Talcott Parsons, a autoridade é um tipo de superioridade que envolve o direito legitimado (e/ou obrigação) de controlar as acções de outros num sistema de relação social.

 

Para Edward Evans-Pritchard e Mayer Fortes, temos que, primeiro, detecta‑se a existência de sociedades dominadas pelo parentesco, onde a ausência do político, no entanto, não significaria a ausência de distinção. Trata‑se de sociedades muito pequenas onde a estrutura política se confunde com a estrutura do parentesco. Surgem, em segundo lugar, sociedades onde o político vai dominando o parentesco, detectando‑se a existência de grupos políticos, de grupos que se definem pela base territorial. Contudo, nesta segunda fase da evolução, se o político se vai sobrepondo ao parentesco, estes laços ainda vão sendo os dominantes. E isto porque faltam instituições especializadas, com autoridade permanente, tendo como função a manutenção da ordem social. Nestas formações sociais, ainda sem hierarquia ou autoridade, o mecanismo de equilíbrio social pode surgir de uma liderança, ou leadership. Em terceiro lugar, dá-se o aparecimento de sociedades com uma autoridade centralizada, um aparelho administrativo e instituições judiciais, onde já é flagrante o domínio do político sobre o parentesco. Agora, em lugar do equilíbrio, temos a hierarquia que marca o novo modelo organizacional. Surge também o sistema político que unifica no mesmo nível de extensão territorial os antagonistas e realiza a equivalência estrutural.

 

O hierarquismo é o timbre do próprio Estado moderno, quando o centro pretende dialogar e impor-se dirctamente a todos os indivíduos integrantes da sociedade, sem a utilização de intermediários, como eram, no âmbito da sociedade do ancien régime, os clérigos, os nobres e as corporações de artes e ofícios. Surge assim a estruturação vertical, hierarquista e piramidal dos Estados a que chegámos, que tratou de negar a existência do político para além dos mesmos.

 

 

Foi contra este modelo de matriz jacobina que se ergueram várias correntes, nomeadamente o federalismo de Proudhon, para quem o sistema federativo é o oposto da hierarquia ou centralização administrativa e governamental ... A sua lei fundamental, característica, é esta: na federação, os atributos da autoridade central especializam-se e restringem-se, diminuem de número, de dependência, à medida que a Confederação se desenvolve, pelo acesso de novos Estados.

 

O hierarquismo chegou também a ser a palavra chave do fascismo de Mussolini e crismou uma revista doutrinária oficiosa do regime. De hierarquismo também padeceu o modelo do corporativismo salazarista, quando tentou conciliar os poderes intermediários da nostalgia do ancien régime com uma perspectiva piramidal de Estado, onde os indivíduos se integravam em famílias, estas em freguesias e assim sucessivamente, no município, na província e no Estado, enquanto socialmente os trabalhadores eram disciplinados em sindicatos, os patrões em grémios e ambos se harmonizavam hierarquicamente nas corporações. Aqui, funcionavam sobretudo as memórias do conservadorismo hierarquista das teses de Egídio Romano sobre a dinâmica do primeiro motor que se transmitiam sucessivamente até ao fim da linha de comando. 

 

O conservadorismo hierarquista, tal como certas doutrinas elitistas,considera também que há seres superiores e seres inferiores e que os primeiros estão naturalmente destinados a mandar e os segundos a obedecer.Como dizia Egídio Romano,"a autoridade procede de um primeiro motor ,donde se comunica,degrau a degrau,até ao último dos seres"

 

Gerou-se assim uma atracção pelo centro, numa linha de transmissão de ordens quase militar que, paradoxalmente, permitiu o golpe de Estado que derubou o mesmo regime, quando, ocupado o centro, todo o restante edifício obedeceu, do Minho a Timor, gerando-se uma disciplinada revolução onde se praticou a subversão a partir do aparelho de Estado.

 

 

Hierarquia das potências

Com o Congresso de Viena fez-se uma divisão entre Estados Directores e Estados Secundários.  Com a ordem internacional surgida da Segunda Guerra Mundial, surgiu uma hierarquia mundial do poder que, conforme Adriano Moreira, consiste em duas superpotências, grandes potências (os restantes membros permanetes do Conselho de Segurança da ONU), potências médias, pequenas potências e Estados Exíguos (Relações entre as Grandes Potências, p. 39). Numa observação da distribuição da população e do rendimento, Karl Deutsch assinala que apenas sete Estados abrangem 60% da população e do rendimento mundiais. Em seguida surgem 14 Estados de grande porte, isto é, com mais de 40 milhões de habitantes e 59 de porte média, entre 5 e 40 milhões.

 

Hierarquismo Uma das característica de certo conservadorismo, como aquele que ainda segue o ditame de Egídio Romano, segundo o qual a autoridade procede de um primeiro motor, donde se comunica, deagrau a degrau, até a último dos seres. É neste sentido que Bertrand de Jouvenel falat numa altitude do poder, dado que o comando é uma altitude face aos chamados vales da obediência. E na altitude respira-se outro ar e descobrem-se diferentes perspectivas. David Riesman, em The Lonely Crowd, de 1950, salienta que a estrutura do poder em vez de se assumir como uma hierarquia única, coroada por uma classe dominante, foi substituída por uma pluralidade de grupos de pressão e de interesse.  Também Benito Mussolini utilizou a ideia de hierarquia como um dos fundamentos do fascismo e o movimento deu a uma das suas revistas doutrinárias o significativo nome de Gerarchia, onde o duce, no número inicial, declara pretender conservar os valores das hierarquias que não esgotaram a sua força bem como a criação de hierarquias novas.

 

Hierocracia Termo de origem bizantina, com que se pretende qualificar o sacerdotalismo medieval. Pretende, na prática, transformar o poder político num mero feudo do poder eclesiástico, constituindo o contraário do cesaropapismo. Ver M. Pacaut, La Théocratie, Paris, Aubier, 1957.

 

Hiéron I Tirano de Siracusa, entre 478 e 466 AC. O conquistador da Sicília. Protector de homens de letras, foi cantado por Píndaro.

 

 

 

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Himmler, Heinrich (1900-1945) Um dos chefes nazis. Comandante das SS. Ministro do interior desde 1943, é um dos principais responsáveis pela chamada solução final do problema judeu

 

Hindenburg, Paul von Beneckendorff und von (1847-1934)  Oficial alemão, comandante das tropas alemãs desde Novembro de 1914. Tem como adjunto Ludenddorff. Retira-se em Julho de 1919. Eleito presidente da República em 27 de Abril de 1925 e reeleito contra Hitler em 10 de Abril de 1932. Chama Hitler ao poder em 30 de Janeiro de 1933 e morre em 2 de Agosto de 1934.

 

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Hintze, Otto Considera que todos os actos humanos nascem de uma fonte comum... Em toda a parte, o primeiro impulso para a acção social é dado, em geral pelos interesses reais, isto é, pelos interesses políticos e económicos. Mas os interesses ideais emprestam asas aos interesses reais, dando-lhes um significado espiritual, e servem para justificá-los.... Os interesses, sem essas asas espirituais, são incompletos; mas, por outro lado, as ideias só podem vencer na história se, e na medida em que estiverem associadas aos interesses reais... uma... imagem é a de uma coordenação polar de interesses e ideias. A longo prazo, nenhuma delas pode sobreviver sem a outra, historicamente falando; cada uma exige a outra como complemento. Sempre que os interesses são vigorosamente ocupados, uma ideologia também tende a desenvolver-se, para dar significado, reforçar e justificar esses interesses. E essa ideologia é tão real quanto os próprios interesses reais, pois a ideologia é parte indispensável do processo vital que se expressa na acção. E inversamente: sempre que as ideias conquistam o mundo, exigem a instrumentalidade dos interesses reais, embora frequentemente elas mais ou menos desviem esses interesses do seu objecto inicial.

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Hipólito, Abel (1860-1929) General português. Comandante do CEP. Comandante geral da Guarda Nacional Republicana. Ministro do Interior.

 

Hiro-Hito (n. 1901). Imperador japonês desde 25 de Dezembro de 1926.

 

Hiroshima. Cidade japonesa onde foi lançada a primeira bomba atómica em 6 de Agosto de 1945.

 

Hirsch, Étienne  Colaborador de Monnet, substitui-o como comissário do plano francês; vai ser presidente da Eurátmo. Foi um dos organizadores do Plano Schuman de 1950.

 

 

 

Hirschman, Albert O.

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·The Rethoric of Reaction. Preversity, Futility and Jeopardy

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Hispanidad Ramiro Maetzu considera que a Espanha perdeu o seu valor no século XVIII quando aceitou o materialismo enciclopedista, como prejuízo para as ideias que professava no siglo de oro, a nossa crença na possibilidade de salvação de todos os homens da terra. Neste sentido, defende que a Espanha e a América retomem a fé tradicional que implica o abandono dos ideais da liberdade, igualdade e fraternidade, a serem substituídos pela trilogia serviço, hierarquia e humanidade.,

 

 

 

Hispano, Pedro (1210 ou 1220-1277) Pedro Julião ou Pedro Hispano, papa com o nome de João XXI, eleito em 1276. Morre poucos meses depois. Estuda em Lisboa, Santiago de Compostela e Paris. Professor em Siena entre 1245 e 1250. Conselheiro de D. Afonso III, entre 1250 e 1254. A partir de finais de 1254 é professor de medicina em Montpellier e Paris.

·Thesaurus Pauperum

Livro de medicina com mais de cem edições

·Summulae Logicales

 

 

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Historicismo Em sentido amplo, o qualificativo, originário do alemão Historismus, é dado a correntes do pensamento, segundo as quais é a história que faz o homem e não o homem que faz a história. Baseia-se no modelo romântico inaugurado por Herder e Schelling, para os quais o universo deixou de ser um sistema e passou a ser entendido como história, numa passagem do cosmológico para o antropocêntrico. De certa maneira, é o exacto contrário do conservadorismo, gerando uma fuga para a frente, através do evolucionismo e do progressismo.

A utilização do termo

O termo começa por ser utilizado por Carl Menger, em 1883, para qualificar e criticar a intervenção de alguns membros da Escola Histórica nos domínios da economia, nomeadamente G. Schmoller. O historiador alemão F. Meinecke consagra a expressão em 1936, na obra Die Enttstehung des Historismus.

As perspectivas de Popper e Hayek

Segundo Popper, o historicismo foi fundado por Hegel e Marx e tem como precursores Platão e Santo Agostinho. Para Hayek, o historicismo é caracterizado por estabelecer leis gerais do devir à imagem e semelhança das leis físicas. Generaliza a partir do particular. Para tais correntes, a história obedece a uma necessidade, tendo leis que nos escapam. Os movimentos historicistas falam num sentido da história ou num processo histórico. Aceitam que pesquisando determinadas leis se poderia determinar o futuro da humanidade.

Filosofia da história

Diz-se também das orientações epistemológicas que consideram a história como a verdadeira ciência do homem e que a interpretação dos fenómenos sociais por assinalar-se  o encadeamento dos fenómenos sociais no tempo bem como a respectiva singularidade. Neste sentido, consideram como tarefa da ciência a contemplação do processo histórico, tudo tendendo a reduzir à filosofia da história.. Conforme a definição do dicionário do pensamento político da Blackwell, a filosofia da história fornece a base racional de qualquer conhecimento pertinente das actividades e das obras humanas.

 

Em sentido estrito, também se dizem historicistas as perspectivas do entendimento de um qualquer período da história, não de acordo com as ideias e os conceitos de hoje, mas com os instrumentos intelectuais disponíveis nesse tempo. Em sentido intermédio, o historicismo pode também significar revivalismo, o amor ou nostalgia por uma forma cultural de um tempo passado.

 

Os historicismos

Sob o qualificativo de historicismo, reúnem-se, contudo, múltiplas e contraditórias perspectivas. Neo-hegelianos como Crice reclamam-se de um historicismo idealista, dito historicismo absoluto. Historicista é também o materialismo dialéctico e o vitalismo de Spengler e Ortega y Gasset, bem como o existencialismo de Heidegger, Jaspers e Sartre.

 

Historicismo absoluto (storicismo assoluto). Moviemnto de ideias neo-hegeliano, desencadeado por Benedetto Croce.

 

Historicismo de Hegel Atinge-se, assim, aquilo que será vulgarizado como historicismo, onde o homem é o personagem de uma liberdade, ideal ou social que se desenvolve objectiva e universalmente, segundo leis racionais, imanentes na história, conforme observa Miguel Reale. Trata-se, aliás, de um panteísmo imanentista onde Deus se confunde com o mundo e onde o direito é a expressão do que está imanente ao mundo, conforme Carl Schmitt.

 

Historicismo para Leo Strauss O abandono du padrão de dever-ser, de uma ideia que transcende a própria história, passando a haver uma coincidência do racional e do real, do dever-ser e do ser. A partir de então, a teoria passa a estar ao serviço da prática, torna‑se inteligência do que a prática engendrou, a inteligência do actual, e deixou de ser a procura do que devia ser: … deixou de ser teoricamente prática.

 

Historicidade  O contrário do infinito. Com efeito, não é a história que faz o homem, mas o homem que faz a história, mesmo sem saber a história que vai fazendo. Castanheira Neves, a este propósito, observa que a história é o tempo como sujeito. A história não é objecto, é opção; não é estática, é movimento, movimento que visa transcender o que está, é interacção dialéctica das três dimensões do tempo – do passado, do presente e do futuro. Falamos em historicidade, conforme a perspectiva de Heidegger, naquela historicidade intrínseca que, como salienta Cabral de Moncada, é a vida humana em função da sua liberdade e não na historicidade extrínseca ou historicismo que prescinde da existência para se ater apenas aos factos objectivados, como fósseis, no passado. A história existe dentro do homem e o homem dentro da história, há um laço interno que dá fins à acção humana, um dinamismo, uma liberdade, entre a conservação e a criação, num processo que gera a união do temporal e do eterno, do histórico e do metafísico.

 

Histórica, Escola Com Savigny estruturou-se um modelo de historicismo que deve ter um duplo sentido: o sentido histórico, para apreender com rigor o que é próprio a cada época e de cada forma jurídica, e o sentido sistemático, para considerar cada proposição na sua ligação e reciprocidade viva com o todo, isto é, numa relação que constitui o verdadeiros e o natural. Porque o direito, enquanto ciência da legislação, é, primeiro, uma ciência histórica e, depois, uma ciência filosófica. Segundo José Lamego, este historicismo corresponde à crença na imanência de um sentido criador nas manifestações históricas, correspondendo ao historicismo romântico de cariz conservador, sendo diverso do historicismo hegeliano-marxista, dialéctico-crítico.

 

 

Historicismo absoluto Qualificativo que Benedetto Croce dá à sua posição espiritual. A partir de então assume-se como espiritualista e defensor do historicismo absoluto, também dito idealismo realista, considerando que a realidade é o Espírito concebido dialecticamente. Entende, deste modo, que há não só uma dialéctica de opostos como também uma dialéctica de distintos. Na primeira, o positivo só tem vida triunfando sobre o negativo (caso do bem e do mal ou do verdadeiro e do falso); na segunda, cada termo não anula o outro, podendo os dois harmonizar‑se (caso do belo e verdadeiro ou do útil e bom). Daqui deriva uma concepção de graus do espírito. Dois graus teóricos (a intuição e o conceito) e dois graus práticos (a volição do individual e a volição do universal) que correspondem a quatro formas fundamentais de espírito: a artística, a filosófica, a económica (a economia como volição do individual é actividade espiritual) e a ética (como volição do universal). O espírito tem, assim, circularidade dado que todas as formas estão numa situação de unidade‑distinção, todas se implicam umas às outras.

 

History (An Essay on the) of Civil Society, 1766 Adam Ferguson assume um conservadorismo liberal, frontalmente adverso ao absolutismo, tanto das teses da monarquia de direito divino como do emergente democratismo. Considera o estado de natureza, mais à maneira de Hobbes do que de Rousseau, mas não aceita o absolutismo daquele. Defende os conflitos como saudáveis, aceitando a concorrência e a própria ideia de luta no plano internacional. Proclama que as contínuas diferenças e antagonismos dos indivíduos é a base do desenvolvimento social, que o interesse pessoal é o motivo principal da acção dos homens.

 

 

 

Hitler, Adolf (1889-1945) Nasce em Braunau, na Áustria. Autodidacta. Instala-se em Munique desde 1912. Voluntário do exército bávaro desde Agosto de 1914. Condecorado como combatente. Oficial político em Maio de 1919. Funda oficialmente o NSDAP em Agosto de 1920, juntamente com Rosenberg, Hess, Rohm e Goering. Cria as SA em 1921. Organiza o golpe de Munique de 9 de Novembro de 1923. Preso desde Abril de 1924, escreve Mein Kampf. Nas eleições de 1928, apenas consegue 12 deputados.  Nas de 1930, 107. Em 1932 Hitler candidata-se a presidente da república contra Hindenburg e consegue 13 milhões de votos. Chamado ao poder em 30 de Janeiro de 1933.

·Mein Kampf

1925. Cfr. trad. fr., Paris, Nouvelles Éditions Latines, 1934; trad. port. de Edições Afrodite-Fernando Ribeiro de Melo).

 

4Maser, Werner, Mein Kampf d'Adolf Hitler, Paris, Librairie Plon, 1968.4Poliakov, Léon, Le Mythe Aryen, Paris, Éditions Calmann-Lévy, 1972.4Stern, J.-P., Hitler, le Führer et le Peuple, Paris, Éditions Flammarion, 1985.