Comício de Braga. Campanha de 1987

 

Apenas dois minutos para um testemunho pessoal. Não vou falar como dirigente nacional do CDS, mas como um cidadão que perfilha os ideais da democracia-cristã. Não quero nem tenho idade para ter saudades do passado. Acredito no Portugal de Sempre e é em nome do futuro dos meus filhos que continuarei a lutar até que a democracia-cristã seja o principal partido português.

Por tudo isto, peço ao Professor Adriano Moreira para continuar a ser a voz que clama neste deserto de ideias a que a política portuguesa parece estar condenada. Peço-lhe, Senhor Professor, que tenha a oragem de não ceder a estas ondas da moda, porque, como alguém disse, só é moda aquilo que passa de moda. Vale a pena continuar a denunciar este sistema político-económico, filho bastardo de uma revolução comunista inacabada e de um situacionismo comodista, onde se mistura o ódio da inveja com a desigualdade e a falta de justiça social. Um sistema onde não há moalidade e onde só alguns continuam a comer à mesa do orçamento. Peço-lhe, Senhor Professor, para continuar a denunciar os vícios do poder pessoal e a alertar para os perigos do autoritarismo, mesmo que apareça vestido com as peles de cordeiro da democracia plebiscitária.

Acredito que o CDS é fundamental para a construção de uma nova maioria, mas não quero que o CDS chegue ao poder pelo poder. Quero que o CDS chegue ao poder para mudar o próprio sistema de poder.

Desejo a estabilidade de um governo de legislatura, mas não quero um qualquer governo que apenas pareça forte, mas não passe de uma estátua de pés de barro. Quero a estabilidade maioritária, mas não acredito numa qualquer maioria aritmética onde se exclua o direito à diferença e o consenso democrático.

Desejo uma coligação de forças nascida do parlamento e não uma coligação de facções de um só partido estabelecida no segredo dosa gabinetes do poder, onde os grupos de corrupção podem ter mais força que os representates do povo livremente eleitos.

Os democratas-cristãos tanto rejeitam as ditaduras concentracionáias como não aceitam os absolutismos maioritários dos partidos-sistema. Estamos sobretudo a lembrar-nos da ditadura do partido de Afonso Costa que conduziu a nossa Primeira República a um beco sem saída.

Senhor Professor, no póximo dia 19 de Julho, a democracia-cristã não pode parar e o CDS tem de crescr. Desejo-o veementemente não por egoísmo partidário, mas para bem de Portugal e dos Portugueses.