ROTINAS COMEMORATIVAS DO REVOLUCIONARISMO
O Portugal Político e o Estado a que chegámos continuam inebriados pelo culto de quatro datas fundacionais: o 24 de Agosto de 1820; o 5 de Outubro de 1910; o 28 de Maio de 1926; e o 25 de Abril de 1974. Quatro etapas de um complexo processo político que constituem outras tantas bandeiras de divisão entre os portugueses e a principal prova de que, para muitos, a política continua a ser a continuação da guerra civil por outros meios.
O 25 de Abril, que dentro de dias vai comemorar-se continua a pensar que é o exacto contrário do 28 de Maio, exactamente como este tetava insurgir-se simultaneamente contra 1820 e contra 1910.
Com efeito, todas estas datas tentaram erigir-se como marcas de uma nova era contra os vários Portugais velhos e os vários Antigos Regimes que as precederam. Ao mesmo tempo, o revolucionarismo permanecente sempre procurou legitimar-se, invocando a restauração de qualquer coisa mais antiga.
A Revolução Liberal queria restaurar as liberdades anteriores ao despotismo ministerial do absolutismo. A República procurava restaurar os factores democráticos da formação de Portugal. O 28 de Maio tentava restaurar a Ordem. O 25 de Abril fez-se para restaurar a democracia.
Copyright © 1998 por José Adelino Maltez. Todos os direitos reservados.
Página revista em: 02-01-1999.