À PROCURA DE QUEM SOMOS

Houve sempre alguém
que deu corpo ao mais além,
além da morte e além do rei.
Sempre esse refazer de sementes
pela pátria e pela grei,
sendas que não sabemos
pelos mares do tempo além.
Porque mesmo sem rei nem lei
nossas mãos hão-de vencer
as algemas que não queremos.



Esta procura de quem somos
desde o milagre de Ourique,
este grito independente
do Portugal afonsino:
nós somos livres,
o nosso rei é livre,
nossas mãos nos libertaram.

Depois, o mistério desse império
que nunca foi deste mundo.
Sempre esta carga de séculos
que nos prende e nos liberta,
este versos que vou escrevendo
e, por vezes, não entendo.