Que viva santantoninho!
É sexta, é treze, mas sem azar, neste dia de santantoninho, nosso querido
Fernando, o tal do sermão aos peixes, esse santo feito à nossa imagem e
semelhança. Que sempre conformámos hereticamente o próprio martelo dos
heréticos. Aliás, foi só na segunda metade do século XX que começámos a
traduzir as obras do franciscano, porque o dito vale mais pelo que dele
imaginamos do que por aquilo que terá escrito. Por isso, este feriado. Que
em Lisboa é sardinhada, alfama, martim moniz e marchinhas inventadas pelo
salazarismo, para gáudio do João Soares e do Santana Lopes, mas que lá na
minha terra eram "cavalhadas", iguais às dos Açores, de Cabo Verde e do
Nordeste brasileiro. Estas antiquíssimas heresias que levaram ao sincrético
de um catolicismo bem popular, pouco dado a teologismos, beatérios e
hierárquicas disciplinas, deste neo-catolicismo bem luterano por aí vigente,
que nos vai minguando em pseudo-ortodoxias de salão. Que viva santantoninho,
meio místico e meio pagão, todos esses deuses pequeninos que a disciplina
eclesial ainda nos permite, muito franciscanamente, muito à maneira da nossa
santa terrinha!
posted by J. A. | 3:33 PM