Maio 24
A complexidade de
conspirações
Ainda não li o Expresso, mas toda a Lisboa, antes de o ler já o conhecia,
como conhece todos os segredos da justiça que não devia conhecer. Continuo a
não imaginar. A resistir à teoria da conspiração. Julgo que não há uma
conspiração. Há uma complexidade de conspirações, quase à maneira do onze de
março, onde inventonas e intentonas, fazem golpes para darem contragolpes,
como a marinhada antes da contramartinhada, desde 1820.
Acabou o acordo de cavalheiros
A classe política assentava num acordo de cavalheiros sobre muitos silêncios
que acabou por ser quebrado. Quebrado o tabu, furada a barreira, todo o
lodaçal se vai espalhando. Os que semeiam ventos hão-de colher tempestades.
Não
nos mandem para o maneta
Temo que ainda esteja vivo o país da inquisição. Que, em vez de uma pide,
estadualmente controlada pelo governo, tenham surgido dezenas de pides,
dezenas de formigas brancas, muitos formigueiros de "moscas". Talvez algumas
continuem os tais idiotas úteis que nos querem mandar para o maneta, isto é,
para os interesses não-portugueses que se dizem contra as nossas judiciais
escutas para nos escutarem a todos, globalmente, contra as nossas
informações, para nos controlarem pela falta de informações.
Só
sei que nada sei
Já li o Expresso. Já li a nota da Procuradoria. Já li o que escreveu Augusto
dos Santos Silva: "Todos nós sabemos que decorre o julgamento da
Universidade Moderna e intuímos quem era aquela gente. Todos nós sabemos que
o PP ocupa postos-chave nos Ministérios da Defesa, Justiça e Administração
Interna. Todos nós sabemos quem o PP colocou no Conselho Superior de
Magistratura. Todos nós sabemos quais são os métodos que aprendeu a escola
política formada na redacção do semanário "Independente". Todos nós sabemos
as resistências de sectores do PSD à coligação com o PP e os ajustes de
contas que estão por acertar". Já meditei no argumento do PS: "É um ataque
selectivo. É alguém que está a montante da justiça". Só sei que nada sei.
Freud em vez de Popper
Há alguma coisa mais que sei. A geração que domina o poder
político-mediático, nasceu de muitas noites da má língua, de toneladas de
niilismo e é agora liderada pelos velhos líderes do Maio 68. Todos demoraram
trinta anos a chegar aos cinquenta e continuam serodiamente iguais ao que
eram no tempo dessa velha senhora. Padecem da esquizofrenia típica dos
revolucionários frustrados. Uns são primeiros-ministros e não querem
recordar os julgamentos populares que fizeram à renegada Maria José Morgado.
Outros são os advogados na berra, os juízes na barra, os procuradores na
birra, os parlamentares na borra e os líderes políticos na burra.
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Posted by J. A. to
Pela Santa Liberdade! at 5/24/2003
11:40:30 AM
Os feitiços podem
voltar-se contra os feiticeiros
Os feitiços podem voltar-se contra os feiticeiros. Os grandes mestres da
manipulação da imagem que ascenderam, dos postos de "agenda setting" aos
alcatifados vértices daquelas postas que julgavam impunes naõ podem
continuar a transformar a política numa brincadeira de amigos de colégio. O
povo inteiro não pode continuar a ser objecto moldável pela esquizofrenia de
uma ultra-minoria que nos julga passivos, obedientes e reverentes pacóvios
de brandos costumes.
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Posted by J. A. to
Pela Santa Liberdade! at 5/24/2003
12:28:22 PM