Terça-feira, Maio 27, 2003
Liberal é igual a liberdadeiro
mais libertacionista
A política faz-se de baixo para cima, horizontalmente, e não pela via do
verticalismo dos influentes. Esta deve ser a postura dos que professam a
ideia "liberal", resultante da soma do "liberdadeiro" com o "libertacionista",
de acordo com aquilo que considero a nossa tradição "azul e branca",
conforme a síntese da "santa liberdade" da traída Maria da Fonte.
Logo, a razão de Estado não tem uma regra diferente da ética da convicção, a
não ser para os que se julgam iluminados e como tal se excepcionam, ao
invocarem, como regra de conduta, a mera ética da responsabilidade que,
parecendo ter razão no curto prazo, se perde no médio e longo prazos, sendo
portanto uma má moral e uma péssima política.
A rusticidade e a sociedade da
corte
Tal como a pequena-grande minoria dos meus concidadãos, reconheço que sou
marcado por aquela rusticidade que nunca se adaptará à sociedade da corte, e
que tem a ilusão de querer ser de um só rosto e de um só parecer. Por isso
tenho de assumir-me como radical, contra a "servitude volontaire", porque
aprendi a dizer "não" à falta de autenticidade daqueles jogos de poder que
nos obrigam a torcer para não quebrar.
Contra o poder pelo poder
Quero estar na primeira linha dos que denunciam o poder pelo poder, de
maquiavélicos ou nietzschianos, essa atitude que avassala os jogadores e
onde passam a ser meras insignificâncias as eventuais consequências
persecutórias, mesmo que sejam levadas a cabo pelas sargentadas de má
memória, contra aqueles que, depois de serem usados no estádio anterior, não
se adaptaram às novas circunstâncias.
Pela Democracia Portuguesa
Temos a responsabilidade histórica de reconciliar a direita com a liberdade.
E a democracia com a tradição portuguesa. Continua a faltar um sistema
político feito à imagem e semelhança da psicologia portuguesa. De acordo com
a secular tradição democrática em Portugal. Com uma portugalidade imanente
que temos de aprofundar, desenvolver e futurizar.
27 de Maio
Como velho liberal, continuo a
não ser neoliberal
É por isso que, como velho liberal, continuo a não ser neoliberal. Continuo
a estar contra a importação dos modismos que não reparam na pesada herança
deixada por essa aliança do nosso capitalismo de Estado com o chamado
socialismo de consumo.
Julgo que o actual governamentalismo de direita continua a ser um híbrido
puro que procura conciliar as vantagens conservadoras da gestão
pós-revolucionária com a incubação das respectivas sementes superadoras,
tratando de cobrir tais contradições com o mito conveniente do reformismo.
O clássico Estado do intervencionismo imperial ou do nacionalismo
proteccionista tem de se adequar ao ritmo de uma sociedade aberta à
concorrência internacional, onde os monopólios mercantilistas ou os
processos indirectos de controlo estadual dos meios de comunicação social
levam a um desperdício de recursos.
27 Maio posted by J. A. | 6:14 AM