Domingo, Junho 08, 2003
Elogio do blogue
Têm os blogues a beleza do breve, da nota solta que se esvai num écran, ou
numa folha de papel. São folhas que voam num ápice, na brisa do tempo que
passa. Até podem ser introspecções, restos de poema por cumprir. Ou farpas
difusas, ferroadas, palavras contra palavras, num corropio.
Os blogues sempre foram. Já o eram antes de o serem. Cadernos de notas
esparsas que, na gaveta guardávamos, impressões, esboços, pequenos gestos,
grãos do próprio tempo pensado, escorrendo pelos olhos dentro, pelo corpo
além, por dentro de nossa mente.
Os blogues passam e não prendem. No instantâneo se confundem, com outros
restos, feitos destroços, pedaços que se amontoam no baú da memória. Folhas
ao vento, folhas do tempo, sinais de um todo, como a teia de Penélope. E,
pedra a pedra, por dentro de mim mesmo, onde, cá por dentro, outros me vão
lendo, em raiva, em comunhão, em lava...
posted by J. A. | 8:06 PM