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Regeneradores
históricos
Os
governamentais designam-se como regeneradores históricos,
dado que, conforme expressão de José da Silva
Carvalho, que também não alinha com a oposição cabralista, ainda
fazem coro com a Patuleia.
O
novo situacionismo liga antigos ordeiros (Atouguia), cartistas dissidentes
do cabralismo (Franzini)
e setembristas moderados, ditos históricos ( Loulé).
O primeiro equilíbrio é alterado em 7 de Julho, quando começa a pontificar
o estilo de Rodrigo e de Fontes.
O
ponto de ruptura do situacionismo é, mais uma vez, o decreto eleitoral.
Se o primeiro de 20 de Junho, alarga o sufrágio, e conta com forte
oposição dos próprios militares afectos ao cartismo, já o segundo,
de 26 de Julho, ao aumentar o censo, é considerado por Alexandre
Herculano, uma orgia da reacção.
Segundo
Lavradio, Rodrigo procura debalde o “juste milieu” e parece-me
desanimado. Enquanto isto, o Marechal não sabe o que quer;
os outros Ministros vão durando; Franzini, consumido por falta de
dinheiro.
Segundo
Lavradio: o duque de Saldanha,
só, cheio da sua glória, um dia quer proteger os setembristas, outro
dia é o homem da moderação, no outro o da espada e quer levar tudo à força:
finalmente, não é nada;
Loulé, tem
bom senso, é liberal, deseja a ordem, não lhe falta ambição, é preguiçoso,
mas o seu maior defeito é ter-se ligado com os desordeiros, posto
que eu esteja persuadido de que eles o não dominam.
Soure, tem
pouco saber e ainda menos talento, mas está dominado pelos homens
de movimento rápido e desordenado;
Pestana é honrado
e ilustrado, mas não é homem de Estado;
Franzini é uma
boa criatura, honrado, desejando o bem, mas é o homem dos infinitamente
pequenos e, como a sua consciência o não acusa de nada, vive em
perfeita beatitude; Jervis é uma
cabeça vazia, ou, se contem alguma coisa, é ar
Os
oposicionistas, ainda dominados pelos Cabralistas, dizem-se cartistas.
Maçonaria
não cabralista
Em
Maio de 1851, os restos da Maçonaria do Norte integram-se na Confederação
Maçónica Portuguesa.
Em 12
de Junho, o conde de Antas, Francisco Xavier da Silva Pereira, é eleito
grão-mestre da Confederação Maçónica Portuguesa, sucedendo a João
Gualberto Pina Cabral.
Antas
morre em 20 de Maio de 1852, sucedendo-lhe Loulé,
substituído interinamente por Rodrigues
Sampaio (1852-1853).
Centro
eleitoral regenerador
Começa
logo em Junho de 1851 a criar-se um centro eleitoral de apoio à situação,
tendo como secretário L. A. Rebelo da Silva. Outros nomes ligados ao
processo são Garrett, Reis de Vasconcelos, Rodrigo
da Fonseca e Lavradio.
Até 26
de Junho têm o apoio activo de José Bernardo da Silva Cabral que diz
passar para a oposição por causa do decreto eleitoral.
Ex-Cartistas
Marcados
pelo estilo de Rodrigo
da Fonseca e de Fontes Pereira
de Melo, que se distanciam de José da Silva
Carvalho, que os acusa de fazerem coro com
a Patuleia.
Também
apoia o situacionismo o ex-cabralista Visconde de Castro.
Estão
na base do decreto eleitoral de 26 de Julho de 1851, que altera o de
20 de Junho.
Ex-Ordeiros
Representados
no governo por Jervis de Atouguia e Joaquim Filipe Soure. Têm o apoio
de Alexandre Herculano.
Ex-Setembristas
Representados
no governo por Loulé e
tendo como órgão A Revolução de Setembro que, em 16 de Setembro
declara: não há senão duas bandeiras – a dos cabrais e a do progresso.
Tudo o que não é Cabral é bom, tudo o que é Cabral é mau.. Estão
próximos da Confederação Maçónica Portuguesa: começam a distancie
1851ar-se da maioria governamental com a emissão do decreto eleitoral
de 26 de Julho, que Herculano qualificou como orgia da reacção.
Esta facção, herdeira do Partido Nacional de 1849, tem uma
reunião em 15 de Setembro, com Loulé,
Antas, Aguiar, Silva Sanches e Rodrigues
Sampaio. Emitem em Lisboa um manifesto
no dia 27 de Setembro.
Lunáticos
Em
1864 funda-se no Pátio do Salema, o Clube dos Lunáticos com José Elias
Garcia (1830-1891), Latino
Coelho e Saraiva de Carvalho. Deste grupo surgem vários jornais e revistas,
destacando-se em 1869 a República Federal, de Felizardo de Lima;
em 1870, A República. Jornal da Democracia Portuguesa, onde
colaboram Antero. Oliveira Martins, Eça, Luciano Cordeiro (1844-1900),
Manuel Arriaga, Batalha Reis; a Alvorada e Trabalho de João
Bonança; no Porto, a Gazeta Democrática, de Guilherme Braga.
Em
1872, A República Portuguesa de Augusto Manuel Alves da Veiga
(1850-1924), Magalhães de Lima, Almeida Ribeiro; no Porto, o Diário
da Tarde.
Em
12 de Fevereiro de 1873 dá-se a proclamação da República em Espanha.
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Maçonaria
cabralista
Do
grupo cabralista de José Bernardo, destaca-se um conjunto de lojas
liderado por João Rebelo da Costa
Cabral que cria um Grande Capítulo
Central da Maçonaria Lusitana (Janeiro
de 1851).
A
procura do partido conservador
Fala-se
numa comunhão cartista e num partido conservador defensor
da Carta e do governo representativo. Com António
José de Ávila, Silva
Carvalho, visconde de Laborim, visconde de Castelões, visconde
de Castro, conde de Parati, marquês de Ponte de Lima e Mendes Leal
(1820-1886), mas sem a liderança do conde de Tomar.
Entretanto,
começam as desinteligências quanto à liderança do grupo. Terceira,
Fronteira e Algés assumem-se como directores do partido cartista.
O
conde de Tomar e Lopes Branco fazem circulares próprias.
Ávila
tenta reunir grupo que se independentize da chamada tripeça.
Oposição
cartista na Câmara dos Deputados
Entre
os deputados oposicionistas, António José de Ávila, Correia Caldeira,
Lopes de Vasconcelos, Lobo de Moura e António da Cunha Sottomayor.
Oposição
na Câmara dos Pares
Na
Câmara dos Pares, a oposição, marcadamente cabralista, conta com
o duque da Terceira,
o barão de Porto de Mós, Laborim, Granja e Algés.
Se
o antigo cabralista visconde de Castro se passa para o novo situacionismo
regenerador, já José da Silva
Carvalho, antigo aliado de Fontes e
de Rodrigo, não alinha com os chamados cartistas.
Regeneradores
históricos
Também
ditos progressistas. Querem assumir-se como um grito nacional.
Incluem ex-cartistas anticabralistas, ex-ordeiros e ex-setembristas
moderados que participam na patuleia. Também se dizem regeneradores
históricos.
Surgem
em nome da Carta, contra o ministério cabralista e o funesto sistema
de patronato. Obtêm 78%. Ainda não há uma viva separação entre
os novos situacionistas e os setembristas moderados. Ambos se dizem
ainda progressistas.
Conservadores
Ditos comunhão
cartista ou partido conservador. São comandados por
João Rebelo da Costa
Cabral, tendo como principal divulgador
o Padre José Maria Lacerda.
Logo
em Junho de 1851, organizam um centro congregador de esforços. Invocam
a chefia do duque da Terceira.
No
Porto, em 28 de Setembro, têm uma reunião, visando pugnar pela
eleição de deputados que se opusessem à reforma ilegal da
Carta, contra os exageradores da liberdade. Assumem-se
como o partido moderado contra a funesta revolta de Abril,
considerada uma desgraçada parcialidade. Em Lisboa, reunião
idêntica em 10 de Outubro, contra a escola exaltada, em nome
da liberdade com monarquia, ordem com carta, e reforma com a lei.
Em finais de Outubro, surge uma comissão central, presidida por Terceira,
com Fronteira, Agostinho Albano da Silveira Pinto, António Correia
Caldeira e Mendes Leal, já apoiados por José Bernardo da Silva Cabral.
Cerca
de 22% (34 deputados). São cartistas ainda ligados ao cabralismo como
Lopes de Vasconcelos, Mendes Leal, Castelões, Paraty, António
José de Ávila, Correia Caldeira e Lopes
de Vasconcelos. Na Câmara dos Pares, estão pelos cabralistas, Terceira,
barão de Porto Mós, Laborim, Granja e Algés. Silva
Carvalho afasta-se da oposição, tal como
o antigo cabralista Visconde de Castro.
Terceiristas
A
partir de 26 de Junho de 1851, o grupo de José Bernardo da Silva Cabral,
com Monteiro e José Lourenço da Luz, através do jornal O Estandarte,
passam de apoiantes dos chamados regeneradores a activos oposicionistas.
Têm
várias reuniões em casa do duque da Terceira,
mobilizando Fronteira e António
José de Ávila. Terceira considera
que Lavradio e Rodrigo
da Fonseca são o setembrismo personificado.
Entre
os deputados cartistas eleitos, António José de Ávila, Correia
Caldeira, Lopes de Vasconcelos, Lobo de Moura, António da Cunha Sottomayor,
Mendes Leal e Parati. Vários pares oposicionistas como Terceira,
Algés e Granja.
Também
se assume como da oposição José da Silva Carvalho, que se diz líder
do partido cartista, mas que discorda do modelo do Acto Adicional
de 5 de Julho de 1852.
Legitimistas
Em
10 de Julho de 1851 , há uma reunião de cerca de seis centenas de miguelistas
no palácio do conde-barão do Alvito. Deliberam que não concorrem às
eleições nem integram outras listas, apesar de já se manifestar uma
facção urneira, liderada por Tomé Rodrigues Cabral, defensora
de um partido activo e militante, quer vença quer seja vencido.
Reunião idêntica ocorre no Porto no dia 15 de Agosto. O jornal A
Nação ataca ferozmente o que designa por pastelaria regeneradora.
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