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  Anuário 1849

Costa Cabral volta a controlar o governo

Da iluminação a gás ao macadame

Arquivo antigo do anuário CEPP

  Divisões maçónicas

Governo nº 21 Costa Cabral (683 dias, desde 18 de Junho)

Cisão no Grande Oriente Lusitano em 1849. O grupo adepto de Costa Cabral passa a ser liderado por João Rebelo da Costa Cabral. Outro grupo passa a ser liderado jor José Bernardo da Silva Cabral. O terceiro grupo constitui o Grande Oriente de Portugal, com o Visconde da Oliveira, o conde da Cunha e Moura Coutinho, o novo grão-mestre.

Crise na liderança da Maçonaria do Sul que tem como grão mestre Francisco António de Campos até Junho de 1849. Em 26 de Dezembro de 1849 esta maçonaria passa a Confederação Maçónica Portuguesa, sob o regime do grão-mestre João Gualberto de Pina Cabral.

Remodelação – Em 29 de Janeiro: António Roberto de Oliveira Lopes Branco (1808-1889) na fazenda; José Joaquim Januário Lapa na guerra; José Marcelino de Sá Vargas (1802-1876) na justiça, até 18 de Junho de 1849.

Lopes Branco – Homem sem princípios fixos, isto é, homem de ganhar, pois tem pertencido a todos os partidos (Lavradio, referindo-se ao novo ministro da fazenda, Lopes Branco, que era deputado da oposição ao cabralismo, mas que, depois de ofender-se com o governo de Palmela, passou a seguir Saldanha depois de 6 de Outubro de 1846. Agora aparece ligado a Costa Cabral, substituindo Joaquim José Falcão, depois deste não conseguir arrematar dois terços do rendimento da Alfândega das Sete Casas e do Imposto do Pescado ao grupo do conde de Farrobo e de Vicente Gonçalves Rio Tinto, numa operação que recebeu acusações de fraude e concussão.

Vive-se uma crescente aproximação de Costa Cabral e de Saldanha e o jornal Revolução de Setembro de 10 de Fevereiro chega a dizer: o conde Tomar esconde-se por trás do duque de Saldanha, mas por mais que se encolha todos o vêem. Assim, Saldanha bem marcado, tenta alargar o seu espaço de influência e tem várias negociações com Passos Manuel, enquanto os pares do reino Lavradio, Rodrigo da Fonseca e Palmela chegam a comunicar ao chefe do governo que estavam completamente desligados do setembrismo. Apenas permanecem na Câmara Alta cinco teimosos patuleias: Loulé, Rio Maior, Fonte Arcada, Sá da Bandeira e Mello.

Nova mudança – Em 3 de Maio: Barão de Vila Nova de Ourém, saldanhista, na marinha

Maçonaria – António Bernardo da Costa Cabral demite-se de grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (18 de Maio).

Governo nº 21 (18 de Junho) de António Bernardo da Costa Cabral (1803-1889). 1º Conde desde 1845 e 1º marquês de Tomar desde 1878 (683 dias). Assume-se uma imagem conciliatória sob o lema de Liberdade constitucional, Justiça, Legalidade e Economia.

Presidente acumula a presidência e o reino. Nos negócios eclesiásticos e justiça, Félix Pereira de Magalhães (1794-1878). Na fazenda, António José de Ávila, então juiz do Supremo Tribunal Administrativo. Na guerra, o major Adriano Maurício Guilherme Ferreri. Nos estrangeiros, o conde do Tojal. Na marinha e ultramar, o visconde de Castelões, Flórido Rodrigues Pereira Forjaz (1790-1862).

Félix Pereira de MagalhãesFoi nomeado por ser presidente do banco. É homem de curto entendimento, pouco saber, muito orgulhoso e grosseiro (comentário de Lavradio sobre a escolha de Félix Magalhães Pereira para ministro da justiça).

Os opositores de sempreO governo, apesar de logo em 20 de Junho, conceder uma amnistia geral e completa, para todos os crimes políticos cometidos, depois de 28 de Abril de 1847, tem forte oposição na Câmara dos Pares, com o conde do Lavradio, Fonte Arcada e Sá da Bandeira. Na Câmara dos Deputados, destaca-se Carlos Bento da Silva. Costa Cabral proclama: pois tenho eu culpa que sendo a nação chamada a dar o seu voto na urna, repelisse os meus adversários políticos?.

Turbulências maçónicas – Cisão no Grande Oriente Lusitano. A facção adepta de Costa Cabral passa a ser liderada por João Rebelo da Costa Cabral. Outro grupo, por José Bernardo da Silva Cabral. A terceira parcela constitui o Grande Oriente de Portugal, com o Visconde da Oliveira, o conde da Cunha e José Joaquim de Almeida Moura Coutinhoö (1838-1912), o novo grão-mestre.

Crise na liderança da Maçonaria do Sul que tem como grão-mestre Francisco António de Campos até Junho de 1849. Em 26 de Dezembro esta maçonaria passa a Confederação Maçónica Portuguesa, sob o regime do grão-mestre João Gualberto de Pina Cabral.

Assinada a Concordata (21 de Outubro) que cria um Tribunal de Nunciatura e uma Bula de Santa Cruzada.

 

Grande campanha na imprensa contra o chefe do governoHá ataques ad hominem, considerado concussionário e corrupto. Fala-se no caleche oferecido pelo agiota José Maria Figueiredo Frescata que, além de uma casa de tavolagem, é o principal financiador do jornal cabralista A Lei. A oferta fora compensada por uma comenda da Ordem de Cristo (a primeira notícia vem no jornal Patriota  de 17 de Novembro).

Morning PostO jornal britânico Morning Post, de 17 de Setembro, traz insinuação de relações íntimas de Cabral com D. Maria II, para além de uma lista dos dinheiros recebidos por Costa Cabral das diversas companhias entre 1842 e 1845: Companhia dos Vinhos do Porto, Companhia das Estradas do Minho, Companhia Confiança e Companhia das Obras Públicas, concluindo que o dinheiro recebido equivaleria a 15% da receita pública.

Nova fornada de pares Costa Cabral em 15 de Dezembro consegue a nomeação de nove novos pares do reino. A terceira concedida a Cabral. O governo passa a ter 53 pares em pouco mais de cem (103).

Quintas, castelos e palácios Fica também a saber-se que recebera do Visconde de Ferreira uma quinta na Mealhada, mas posta em nome da filha. Discutem-se as sumptuosas obras que fez no castelo de Tomar e no palácio onde vive na Calçada da Estrela em Lisboa.

Requerimentos contra Cabral Também em Dezembro surgem vários requerimentos dirigidos à Rainha, subscritos uns por miguelistas, outros por membros do partido nacional. No dia 16 deste mês o próprio Saldanha escreve à Rainha solicitando a remoção do conde de Tomar.

Oposição de José BernardoCresce a oposição de José Bernardo da Silva Cabral ao irmão, principalmente no jornal O Estandarte. A oposição progressista compara o dissídio às lutas de Caim contra Abel. O jornal de António Bernardo, A Lei, zurze nos adeptos de José Bernardo, falando num pacto monstruoso e numa aliança tácita com o Partido Nacional.