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Governo nº 64 (15 de Maio) João Chagas/José de Castro
Arriaga demite-se, sendo substituído por Teófilo Braga (29 de Maio). Segue-se a eleição de Bernardino Machado em 6 de Setembro.
Eleição nº 47 (13 de Junho) Vitória dos democráticos (106 deputados). 26 evolucionistas, 15 unionistas, 2 socialistas e 1 católico
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Medidas – Apresentado o
orçamento da responsabilidade do ministro Álvaro de Castro (11 de Janeiro).
Publicada nova lei eleitoral que nem sequer entra em vigor (11 de Janeiro). Leis
do horário de trabalho (22 de Janeiro).
Movimento das Espadas (22 de
Janeiro). Face à demissão do major Craveiro Lopes, por denúncia do comité
democrático das forças armadas, surge um movimento de resistência liderado pelo
capitão Martins Lima, donde resulta uma marcha de numerosos oficiais de
Cavalaria 2 pela calçada da Ajuda a caminho de Belém, onde pretendem entregar as
espadas a Arriaga (22 de Janeiro). São presos e enviados para bordo da fragata
D. Fernando e Glória, com os democráticos a acusarem o movimento de
manobra monárquica. Mas na tarde desse mesmo dia é Machado Santos que vai a
Belém levar a espada da Rotunda.
Arriaga consulta os partidos
(23 de Janeiro) e convida Pimenta de Castro. Escreve-lhe uma carta convidando-o
a formar governo no próprio dia 23, indicando Freire de Andrade para os
estrangeiros, mas admitindo que nas restantes pastas os partidos se ajustariam
em bases sólidas.
Governo pede a demissão, depois
de Arriaga lhe recusar a assinatura de um decreto suspendendo as garantias (24
de Janeiro). Pouco antes, o governo mandara encerrar o jornal
A Luta.
Governo nº 63
(25 de Janeiro) de José Joaquim Pimenta de Castro (109 dias), com dois
unionistas e um democrático, Herculano Jorge Galhardo (1868-1944), que se demite
logo em 6 de Março. Gabinete de iniciativa presidencial que não obtém a sanção
do Congresso da República, vivendo em situação de ditadura técnica, em
nome da ordem e da liberdade, mas onde os ministros são acusados de
lunáticos. Invoca-se a lei de 28 de Agosto de 1914 e, se uns falam na
ditadura consentida, outros referem uma ditadura assumida.
Os democráticos logo apelam à desobediência e Pimenta
de Castro apenas refere estar a cumprir uma missão especial que os outros não
realizaram, acusando os afonsistas de terem sido, no poder, uns
permanentes ditadores que trataram os cidadãos como se fosse uns servos
da gleba e de terem desgovernado a Nação como se fora um país de cafres
(27 de Abril).
De facto, a tal ditadura pimentista nunca prendeu ninguém,
nem sequer precisou de suspender um qualquer jornal. Também é injusto qualificar
o general como germanófilo, só porque não era adepto do nosso intervencionismo,
sabendo que a guerra não seria a última das guerras, como proclamava João
Chagas.
Na presidência e na guerra, o mais
antigo general português, um republicano histórico, amigo pessoal de Arriaga,
considerado repontão para cima e protector para baixo (Machado Santos)
que, entre 25 e 28 de Janeiro, acumula todas as pastas. Coronel Pedro Gomes
Teixeira, no interior. Guilherme Alves Moreira (1861-1922) na justiça, um
célebre professor de direito que queria fundar um partido republicano
conservador, afecto aos democráticos. Herculano Jorge Galhardo (até então,,
considerado democrático), nas finanças, até 6 de Março, quando é substituído por
José Jerónimo Rodrigues Monteiro. Contra-almirante José Joaquim Xavier de Brito
(afecto aos unionistas), na marinha. José Jerónimo Rodrigues Monteiroö
, nos estrangeiros. O republicano histórico José Nunes da Ponte (médico no
Porto, afecto aos unionistas), no fomento. Teófilo José da Trindade (1856-1936),
nas colónias, até 10 de Março, quando lhe sucede José Maria Teixeira Guimarães.
Coronel Manuel Goulart de Medeiros (afecto aos unionistas), na instrução
pública.
Ordem e liberdade – Quero
pegar na lei e andar para diante. É preciso acalmar os espíritos; para isso é
necessário haver ordem e haver liberdade. (Pimenta de Castro)
Nova lei eleitoral – Governo
emite um decreto eleitoral que dá direito de voto a oficiais, sargentos e
equiparados, ao mesmo tempo que cria 22 círculos plurinominais no Continente (24
de Fevereiro). São marcadas eleições para 3 de Junho e não como queriam os
democráticos, defensores da data de 7 de Março, fixada no decreto eleitoral de
Azevedo Coutinho,
Em 27 de Fevereiro é demitido
Norton de Matos, governador de Angola desde 1912.
Violência contra os democráticos –
Depois de um atentado no Porto contra Afonso Costa (21 de Fevereiro), é
assassinado o deputado democrático Henrique Cardoso quando se dirige para uma
reunião na sede do partido em Lisboa, no largo do teatro de S. Carlos (28 de
Fevereiro). 600 militares fazem manifestação de apoio ao presidente do
ministério. Jornal O Mundo aparece trajado de preto (27 de Fevereiro).
Afonso Costa quer que o parlamento se reúna em 4 de Março, conforme a decisão do
Congresso de 11 de Janeiro, mas Pimenta de Castro considera que os poderes dos
eleitos de 1911 tinham caducado há nove meses (28 de Fevereiro).
Parlamento em Loures –
Deputados democráticos reúnem-se em Santo Antão do Tojal (4 de Março) e declaram
o governo fora da lei, depois de serem impedidos de reunir em São Bento por
forças policiais, comandadas pelo coronel Paulino de Andrade. A Luta fala
congresso da Mitra e gaita.
Governo decreta ampla amnistia,
alargando aquela que havia sido decretada no tempo do governo de Bernardino
Machado em Fevereiro de 1914. Aproveitando a medida, Paiva Couceiro e Azevedo
Coutinho regressam. (20 de Abril)
Partidos – Congresso dos democráticos no Politeama
(28 e 29 de Março). Apresentam queixa judicial contra os actos do governo (30 de
Março).
Já o congresso dos evolucionistas
apoia ao governo (10 e 11 de Abril). Até então eram menos pimentistas que os
unionistas, e estes até estavam melhor representados no governo.
O Congresso dos unionistas retira apoio ao governo (2
e 3 de Maio), justificando a viragem com o decreto da amnistia de 20 de Abril.
O primeiro centro monárquico é
sido inaugurado em Lisboa em 17 de Abril, sucedendo-se dezenas deles na capital
e na província.
Governo de insignificantes –
Este governo de insignificantes, presidido por um doido e guiado por um traidor,
o Sr. Camacho (Afonso Costa no congresso dos democráticos, em Março de 1915)
Revoltas dos abastecimento –
Aumento do preço do pão, seguindo-se assalto a onze padarias de Lisboa (6 de
Março). São organizadores da revolta a formiga branca e sindicalistas.
Comícios em Lisboa e Almada
contra a carestia de vida (14 de Março). Proprietários alentejanos são acusados
de açambarcamento de trigo. Tumultos em Aveiro (Março)
Dissolução de câmaras – A
Câmara de Lisboa declara não cumprir os decretos ditatoriais e o movimento de
resistência propaga-se, com o apoio de 49 das 298 câmaras municipais do país.
Governo determina que os governadores civis substituam as câmaras municipais e
as juntas insubordinadas (9 de Abril).
Greve geral em Viana do
Castelo. Tumultos nas Caldas da Rainha, com bombas sobre uma procissão.
Manifestação de apoio ao governo
(11 de Abril). Num artigo publicado quatro dias depois, Fernando Pessoa
observa que nisto de manifestações populares, o mais difícil é
interpretá-las... não há manifestações a favor de alguém; todas elas são contra
os que estão contra esse alguém.
Traidores! Conferência de
Afonso Costa no Porto, no Teatro Nacional (3 de Maio). Considera o governo
uma organização maléfica, uma conjura para assassinar a República … Estamos em
face de um crime de traição. Corresponde ao golpe miguelista de 1823 ou ao de
1828… A queda do Governo é, pois, uma necessidade urgente, assim como o é a
ascensão ao Poder de um Governo de velhos republicanos. Diz que, para ir
para a guerra, governaria contra tudo e contra todos ainda que fosse
necessário encerrar-se numa casa blindada.
Preparação das listas eleitorais –
Reuniões no ministério do interior discutem feitura das listas para
deputados, com a participação de evolucionistas e unionistas (dias 12 e 13 de
Maio). Estes últimos rompem as negociações. Participam, pelos unionistas, Tomé
de Barros Queirós e Nunes de Oliveira; pelos evolucionistas, Mesquita de
Carvalho e Júlio Martins; pelos reformistas, Machado Santos; pelos
governamentais ou independentes, Egas Moniz e Afonso de Melo.
O preconceito da ordem – Sai no
número único da revista Eh Real! um famoso artigo de Fernando Pessoa
sobre O Preconceito da Ordem onde critica os neo-monárquicos
integralistas, assinalando que o seu criador filosófico, o infeliz chamado
Augusto Comte, toda a vida sofreu de alienação mental (13 de Maio).
Apelo à insurreição – Jornais
democráticos começam a apelar para a insurreição nos fins de Abril, começos de
Maio. Se O Povo fala expressamente em insurreição, já o monárquico O
Dia apela: vista a farda, sr. General. Os democráticos vão utilizar a
técnica insurrecionista que os republicanos tinham lançado contra João Franco e
o governo acaba por cair como o de Teixeira de Sousa, apesar de Pimenta de
Castro ser bem menos intervencionista do que João Franco ou Sidónio.
Constituída uma junta revolucionária para o derrube do
governo Integram-na António Maria da Silva, Sá Cardoso e Álvaro de Castro
(13 de Maio). A junta é dominada pelos jovens turcos, tendo o apoio da
marinha e contando com a colaboração militar de dois antigos franquistas, Jaime
Daniel Leote do Rego (1867-1923) e Norton de Matos, que o mesmo grupo fizera
aderir à república. Leote do Rego assalta o cruzador Vasco da Gama,
morrendo o respectivo comandante, o capitão de mar e guerra Assis Camilo (14 de
Maio).
Revolução vitoriosa (16 de
Maio). Da varanda da câmara municipal de Lisboa, Alfredo Sá Cardoso proclama:
o Exército, a Marinha e o elemento
civil acabam de proclamar pela segunda vez a República Portuguesa.
As operações navais tinham sido dirigidas pelo capitão-tenente Freitas Ribeiro,
havendo distribuição de armas a civis no Arsenal e assaltos a esquadras de
polícia, com o governo a refugiar-se no quartel do Carmo. No fim do golpe, 102
mortos e 250 feridos graves. Conforme observa Júlio Dantas, um acto
revolucionário mais impetuoso e mais sangrento que o 5 de Outubro.
Assaltos a vários centros monárquicos, à Liga Naval, à
Igreja de S. Paulo, à Escola de Guerra e ao jornal O Dia (17 e Maio).
Machado Santos parte para o desterro em Ponta Delgada em 11
de Junho, a bordo do navio 5 de Outubro, juntamente com Xavier de Brito e
Goulart de Medeiros.
A
liquidação da tentativa presidencialista de Manuel de Arriaga e Pimenta de
Castro tem algumas semelhanças com o modelo de técnica insurreccional que os
republicanos e carbonários usaram contra D. Carlos e João Franco e que vai
voltar a ter êxito com a destruição do sidonismo. Se Pimenta de Castro é menos
que João Franco e do que Sidónio, já Manuel de Arriaga, apesar de ser menos
intervencionista que D. Carlos, também é mais do que Canto e Castro.
Em 1915 ainda funciona a unidade carbonária e o domínio da
rua, como aconteceu em 1908 e 1910 e vai repetir-se em 1918 e 1919, eis que,
depois da cisão da maçonaria em 1914, esta vai perder a dinâmica e em 1921 e
1926, quando os democráticos precisam da velha carbonária, eis que a rua já lhes
escapa, pois aí passam a pontificar tanto os anarco-sindicalistas como a Legião
Vermelha. De qualquer maneira, o governo de Pimenta de Castro cai um pouco à
maneira do gabinete de Teixeira de Sousa e no day after, quando passa a
ter razão quem vence, os Afonso Costa logo clamam que estão a defender o regime
republicano e a legalidade, como se Arriaga ou Pimenta de Castro fossem
suspeitos de monarquismo e como se o operacional do golpe, Leote do Rego, não
tivesse sido um simpatizante do franquismo.
Governo nº 64 (15 de Maio)
João Chagas/José de Castro – Governo nomeado por Manuel de Arriaga (15 de
Maio). Dura seis meses e meio, 199 dias. Utiliza-se o modelo defendido pelos
jovens turcos, isto é, um um governo nacional, não partidário,
visando a restituição da República aos republicanos. Escolhem João
Chagas que desde 1914 se tinha transformado no mentor dos mesmos. Chagas
tinha-se demitido do cargo de ministro de Portugal em Paris e regressara à
pátria, em Março, tendo emitido dois folhetos anti-pimentistas. Portugal
perante a Guerra e A última Crise, ambos editados no Porto. Álvaro
de Castro entrara em conflito com o partido democrático, desde que, em Maio de
1914, no congresso, propusera um aumento dos impostos para se custear o
rearmamento. A Junta procura juntar no governo Costa, Camacho e Almeida. Todos
recusam.
Atentado – O senador João de
Freitas tenta assassinar João Chagas no comboio Porto-Lisboa, perto do
Entroncamento (16 de Maio). Este fica gravemente ferido e perderá um dos olhos.
O agressor é linchado pela multidão.
José de Augusto Soares Ribeiro de Castro (1868-1929),
advogado, antigo progressista, fundador na Guarda de O Povo Português, o
primeiro jornal republicano da província, grão-mestre adjunto da maçonaria, onde
está filiado desde 1869, e pai de Álvaro de Castro, substitui João Chagas na
chefia do governo, onde entram Magalhães Lima e Teixeira de Queirós naquilo que
alguns qualificam como segunda implantação da República (17 de Maio).
Outros ministros são José Augusto Ferreira da Silva, independente (de 17 de
Maio até 11 de Novembro), Paulo José Falcão (de 17 de Maio a 19 de Junho), o
independente João Catanho de Meneses ö
(1868-1918), ex-deputado progressista pela Madeira e futuro bonzo, desde
19 de Junho, Tomé José de Barros Queirós (de 17 de Maio a 19 de Junho), Vitorino
Máximo de Carvalho Guimarães (de 19 de Junho a 29 de Novembro) Basílio Teles
(que, mais uma vez, não toma posse), José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos
Francisco José Fernandes Costa (até 17 de Maio) Augusto Manuel Alves da Veiga
(que também não toma posse) Francisco Teixeira de Queirós (de 17 de Maio a 19 de
Junho), Augusto Luís Vieira Soares, democrático (até 29 de Novembro), Sebastião
de Magalhães Lima, Manuel Joaquim Rodrigues Monteiro (desde 17 de Maio), João
Lopes da Silva Martins Júnior, José Jorge Pereira (de 17 de Maio a 19 de Junho).
João Chagas na presidência e no
interior, logo substituído interinamente nos dois cargos por José de Castro,
devido ao atentado. Chagas só será formalmente exonerado em 29 de Maio. José de
Castro será também ministro interino da guerra, de 17 de Maio a 19 de Junho e da
instrução pública de 15 a 17 de Maio e de 14 a 19 de Junho. De 17 de Maio a 29
de Maio: João Chagas é substituído na presidência e no Interior por José de
Castro. O novo presidente do ministério passa também a acumular as pastas da
guerra (substituía Basílio Teles) e da marinha (substituía Fernandes Costa).
No interior, desde 19 de Junho: José
Augusto Ferreira da Silva, independente, no interior (até 11 de Novembro). De 11
a 29 de Novembro: Catanho de Meneses passa a acumular o Interior.
Na justiça, de 17 de Maio a 19 de
Junho: Paulo José Falcão. Desde 19 de Junho: João Catanho de Meneses,
independente.
Nas finanças, de 17 de Maio a 19 de
Junho: Tomé José de Barros Queirós. Depois, Vitorino Máximo de Carvalho
Guimarães, democrático, até 29 de Novembro.
Basílio Teles na guerra; não toma
posse e será exonerado logo em 17 de Maio, sendo as funções assumidas
interinamente por José de Castro, até 19 de Junho. De 17 de Maio a 19 de Junho:
José de Castro. Norton de Matos na guerra, em lugar de José de Castro.
Francisco José Fernandes Costa na
marinha, até 17 de Maio.
Nos estrangeiros, de 15 a 17 de Maio:
Augusto Manuel Alves da Veiga, que não toma posse, sendo substituído em 17 de
Maio por Francisco Teixeira de Queirós, até 19 de Junho, na primeira e única
experiência governativa deste escritor. Augusto Luís Vieira Soares, democrático,
nos estrangeiros, até 29 de Novembro.
Sebastião de Magalhães Lima, no
fomento, até 17 de Maio, data em que é substituído por Manuel Joaquim Rodrigues
Monteiro (até 19 de Junho) e na instrução, de 17 de Maio a 14 de Junho.
Na colónias, até 19 de Junho: José
Jorge Pereira. José Mendes Ribeiro Norton de Matos, democrático, até 22 de
Julho. Depois, Alfredo Rodrigues Gaspar.
Sebastião de Magalhães Lima substitui
José de Castro na instrução. Em 29 de Novembro, é substituído por João Lopes da
Silva Martins Júnior, democrático.
Reabertura
do Congresso em 27 e 29 de Maio. Quase a mesmo composição da reunião na
Mitra. Os evolucionistas não comparecem. Para além dos democráticos, o
socialista Manuel José da Silva, o independente Luz de Almeida, chefe da
Carbonária, e os três deputados unionistas que não tinham resignado, os quais
logo requerem que a sessão seja declarada ilegal. É imediatamente anulado o
decreto eleitoral de 24 de Fevereiro, surgindo nova lei eleitoral em 2 de Junho.
Demissão do Presidente da
República. Arriaga demite-se, sendo substituído por Teófilo Braga
ö (29 de Maio). Segue-se a eleição de Bernardino
Machado em 6 de Setembro.
Eleição nº 47 do Congresso
da República (13 de Junho). 471 557 eleitores no continente e ilhas. 282 387
votantes. 163 deputados. 68 senadores. Dá-se a consagração do poder estabelecido
pela ditadura revolucionária, com vitória esmagadora dos democráticos (63% dos
votantes no continente e 55% nas ilhas), isto é, 106 deputados e 176 939 votos.
Em segundo lugar ficam os
evolucionistas, com 26 deputados (23% no continente).
Em terceiro lugar, os unionistas, com
15 deputados (14% no continente, mas 36% nas ilhas).
Seguem-se os socialistas, com 2 deputados.
Os católicos conseguem um único deputado.
Finalmente há 6 deputados independentes, com um total de 17
698 votos.
Em Lisboa são derrotadas as
candidaturas independentes de Almeida Lima e Ricardo Covões. Destaque para as
abstenções na capital, onde há apenas 22 876 votantes, isto é 59,5% de
abstenções.
Há apenas, em todo o continente, 282 387 votantes para um
universo de 471 557 eleitores, face a uma população de cerca de seis milhões de
habitantes.
Em Lisboa, os democráticos obtêm 15 622 votos; os
evolucionistas, 5061; os unionistas, 1 437; os socialistas 924 e os
independentes, 183.
No Porto, os democráticos conseguem 8 599; os
evolucionistas, 1037; os unionistas, 409; os socialistas, 1379 e os
independentes, 329.
Idênticas as percentagens dos diversos
partidos na eleição dos 68 senadores, com 45 para os democráticos, 11 para os
unionistas, 9 para os evolucionistas, 6 para os independentes, 2 para os
socialistas e 1 para os católicos.
Afonso Costa fractura o crânio. Ia de eléctrico para
Algés, mas o clarão e o estampido provocados por um acidental curto-circuito,
que ele temia ser de uma bomba, fazem-no saltar do veículo, batendo com a cabeça
no chão, em plena Avenida 24 de Julho (4 de Julho).
Eleições presidenciais (6 de
Agosto) Eleito Bernardino Machado (134 votos, com 18 para Correia Barreto).
Resultado apenas conseguido à terceira volta.
Na primeira, candidatam-se também Guerra Junqueiro, pelos
evolucionistas, Duarte Leite, pelos unionistas, Bernardino, apoiado pela ala
afonsista dos democráticos e Correia Barreto, pelos jovens turcos.
Bernardino tem, na terceira volta, o apoio dos
evolucionistas, mas os unionistas e vinte deputados democráticos continuam a não
apoiar o novo presidente que pretende assumir o poder moderador.
O operacional do 14 de Maio, Leote do Rego, renuncia mesmo
ao mandato de deputado, considerando Bernardim como nefasto à República,
por causa da cordialidade viscosa e peganhenta.
Subsistências, greves e tumultos –
Novos tumultos por causa da questão do vinho do Porto. Catorze mortos em
Lamego (20 de Julho). Agrava-se a questão do abastecimento público em géneros de
primeira necessidade, sendo criadas comissões de subsistências em todos os
concelhos, por decreto de 18 de Setembro. Há nova revolta dos abastecimentos em
Cacilhas, em 21 de Outubro, e várias greves, nomeadamente a da construção civil
no Porto, que mobiliza cerca de 30 000 operários.
Intentonas Temendo um eventual
movimento revolucionário, em 9 de Julho de 1915, governo manda prender várias
pessoas, entre as quais Lomelino de Freitas, considerado o inspirador do golpe.
Segue-se tentativa revolucionária monárquica no Porto (27 de Agosto). Há prisões
em Braga (onde é atacado um quartel), Guimarães e Santo Tirso.
Um dos detidos em Braga, Miguel Sotto Mayor, tem morte não
esclarecida, suspeitando-se de tortura praticada pelas forças da ordem. Presos
conduzidos para o Porto são atacados.
Nos preparativos da revolta, logo alcunhada de monárquica
pelo situacionismo, terão participado Egas Moniz, José Maria de Alpoim e
Rodrigues Nogueira, bem como sindicalistas de Lisboa.
Revolucionarismo e funcionários –
Apoiantes do novo ciclo, como Lopes de Oliveira, assumem-se contra os
marechais do partido democrático e reclamam o verdadeiro 14 de Maio.
Spoil system e jobs for the boys –
Entretanto, uma lei de 9 de Setembro equipara os revolucionários do 14 de
Maio aos do 5 de Outubro de 1910. Outra, de 2 de Outubro, limita a entrada para
certas vagas da função pública a indivíduos reconhecidamente competentes que
tenham prestado à República serviços comprovados. Em 5 de Outubro, o jornal
de António José de Almeida critica um bando esfaimado e criminoso.
Saneamento – Já a lei nº 319,
de 16 de Junho, autoriza o governo a afastar os funcionários que não dão uma
completa garantia da sua adesão à República e à Constituição.
Perseguição a Guilherme Moreira –
Decreto destitui o professor Guilherme Alves Moreira de todos os seus cargos e
do serviço pedagógico (29 de Junho). O velho republicano cometera o
crime de ser ministro de Pimenta de Castro, depois de ter sido eleito reitor
da Universidade de Coimbra em 1913. Afonso Costa bem tinha avisado num comício
realizado em Coimbra: para vergonha da Universidade, o vosso reitor é o
jurista da ditadura. Só voltará ao activo depois do 28 de Maio de 1926.
Guerra em África – Derrota dos cuanhamas Batalha de
Mongua no Sul de Angola, de 18 a 20 de Agosto. General Pereira de Eça, depois de
10 horas de combate vence os rebeldes chefiados pelo régulo Mandune e entra em
N’Giva. Embarque de nova expedição para Moçambique (1 de Outubro).
Democráticos contra generais –
O democrático Alexandre Braga, num discurso pronunciado na sede dos
democráticos, no largo de S. Carlos, acusa o exército de não querer ir para a
guerra. Resposta do coronel Gomes da Costa no dia seguinte, dizendo que o
exército está disposto a bater-se, mas não está preparado com adequados meios
por culpa dos governantes, monárquicos e republicanos: cumpriremos ordens
(6 de Junho)
José de Castro pede a demissão
em 18 de Novembro, por não concordar com processo de saneamento de militares,
reclamado pela maioria democrática no parlamento.
Governo nº 65 (29 de Novembro)
de Afonso Costa – 107 dias, cerca de três meses e meio, 108 dias.
Bernardino Machado, temendo ser tão intervencionista, quanto Manuel de Arriaga,
diz querer um governo organizado por indicações parlamentares e só chama Afonso
Costa depois das declarações formais de unionistas e evolucionistas, a partir
das quais reconhece ser impossível constituir um governo representativo de todos
os agrupamentos políticos. O novo gabinete, apesar de retintamente democrático
considera-se um governo nacional, declarando pretender abster-se de praticar a
chamada política partidária.
Presidência e finanças: Afonso Augusto
da Costa. Interior: Artur Rodrigues de Almeida Ribeiro. Marinha: Vítor Hugo
Azevedo Coutinho. Fomento: António Maria da Silva. Instrução Pública: Frederico
António de Ferreira Simas. Transitam do anterior gabinete os seguintes
ministros: da justiça, João Catanho de Meneses. Da guerra: José Mendes Ribeiro
Norton de Matos. Dos estrangeiros: Augusto Luís Vieira Soares. Das colónias:
Alfredo Rodrigues Gaspar.
Questão da intervenção na guerra
Camacho logo questiona Costa sobre se a política externa do governo não
seria a que ele propusera, em 23 de Novembro de 1914, sobre a manutenção do
status quo sem intervencionismo
Do pão político às greves – Em
Novembro, um novo regime cerealífero retoma os modelos proteccionistas de Elvino
de Brito, de 1899, enquanto surge mais um surto grevista. Durante o mês de
Dezembro, greve geral no Porto, a que se seguem as dos carreiros em Braga e a
dos rurais em Fronteira, com mortos e feridos, ao mesmo tempo que ocorrem
tumultos no Barreiro, Seixal, Portalegre e S. João da Pesqueira. A República
continua a viver o drama do nosso demo-liberalismo que sempre hesitou entre a
liberdade de comércio e o proteccionismo ou, dito de outra forma, entre os
interesses de certas forças vivas da capital, das moagens aos grandes
comerciantes, e os dos agrários do Sul, ligados aos fabricantes de adubos.