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Da falhada alternativa liberal à Noite Sangrenta
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Grupos políticos |
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Sai Seara Nova (16 de Outubro).
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Pinto (41 dias). Gabinete semi-outubrista, visando a acalmação. Presidido por um ex-democrático, com populares. Liberais, democráticos e alvaristas, em 27 de Novembro, assinam acordo quanto à não-colaboração com governos outubristas. Dissidentes de Domingos Pereira regressam ao partido democrático (13 de Dezembro).
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Governo retira-se para Caxias
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Movimentações dos sindicatos e das forças vivas –
Conferência da CGT no Teatro Nacional, com discurso de Campos Lima que critica
frontalmente as propostas financeiras de Cunha Leal (16 de Janeiro). 1º
Congresso das Juventudes Sindicalistas em Lisboa (30 de Janeiro). Delegação de
Associação Industrial Portuguesa, com Alfredo da Silvaö
, sugere a Liberato Pinto que Portugal será salvo se ele decidir a ir sem
hesitação até onde for necessário (4 de Janeiro). Congresso da
Confederação Patronal Portuguesa, nos dias 9 e 10 de Janeiro, reunindo 60
associações (22 comerciais; 15 mistas e 4 industriais), incluindo a ACAP. Fora
criada em 1920.
Atentados e greves – Raúl
Esteves é alvejado a tiro (5 de Janeiro). O engenheiro Santos Viegas, a
quem os sindicalistas atribuem a efectiva autoria dos decretos que serviram de
pretexto à greve ferroviária, é vítima de um atentado (7 de Janeiro).
Greve dos trabalhadores das dos jornais de Lisboa, a que aderem jornalistas,
revisores e tipógrafos (17 de Janeiro)
Governo nº 81 (2 de Março)
Bernardino Machado (82 dias). Três democráticos, dois populares e três
reconstituintes, face a uma frontal oposição dos liberais. Quatro ministros
transitam do anterior gabinete.
Presidente acumula o interior. Na justiça, Artur Alberto Camacho Lopes Cardoso
(reconstituinte, vindo dos dois anteriores gabinetes, de Álvaro de Castro e
Liberato Pinto, isto é, passa três gabinetes, sendo ministro ininterruptamente,
de 15 de Janeiro de 1920 a 23 de Maio de 1921. Nas finanças, António Maria da
Silva (democrático ortodoxo). Na guerra, Álvaro de Castro (reconstituinte). Na
marinha, Fernando Brederode (popular). Nos negócios estrangeiros, Domingos
Pereira (democrático dissidente). No comércio, António Joaquim Ferreira da
Fonsecaö (reconstituinte). Nas colónias, Paiva
Gomes (democrático ortodoxo). Na instrução pública, Júlio Martins (popular). No
trabalho, José Domingues dos Santos (democrático ortodoxo). Na agricultura, o
democrático Albano Augusto de Portugal Durão (de 4 de Maio a 19 de Maio).
Bernardino Machado interino de 2 de Março a 4 de Maio e de 19 de Maio a 23 de
Maio.
Em 16 de Março funda-se o Partido
Comunista Português, a partir da Federação Maximalista Portuguesa,
então dirigida por Manuel Ribeiro. Teria então cerca de 2000 membros.
Revolta da GNR Sublevação
promovida por sectores afectos a Liberato Pinto (21 de Maio). Entre os
cabecilhas, Gilberto Mota, Procópio de Freitas e o capitão Tribolet, com o apoio
de Machado Santos. Defende o governo o comandante da GNR, general Pedroso Lima.
Os golpistas movimentam-se suspeitando da hipótese de se preparar a subida de
Bernardino à presidência e de Álvaro de Castro a chefe do governo. Jugulada a
movimentação através de um contra-golpe vitorioso chefiado por Júlio Martins,
com o apoio da marinha. Apesar de vencida a revolta, o governo pede a demissão
no dia 23. Liberato Pinto é suspenso em 19 de Março e demitido de Chefe de
Estado-Maior em 30 de Março.
Gomes da Costa demite-se da
Federação Nacional Republicana, criada em Dezembro de 1920, em conflito com
Machado Santos (24 de Maio). Tinha sido nomeado comandante da 4ª divisão
militar, de Évora, em 17 de Maio e na altura é contactado por Baltazar Cabral e
José Eugénio Dias Ferreira, no sentido de encabeçar uma conspiração.
Novo atentado a tiro contra um
juiz do Tribunal de Defesa Social que, apesar de baleado, escapa com vida (12 de
Março).
Explosão de bombas em Lisboa,
por ocasião da greve dos manipuladores do pão (11 de Abril).
Governo nº 82 (23 de Maio)
Tomé José de Barros Queirós. Governo liberal, dominado por
ex-unionistas. totalmente liberal, onde predominam os antigos unionistas. O
programa invoca, sobretudo, a necessidade da liberalização do comércio.
Barros Queirósö (1872-1926), comerciante em
Lisboa, acumula com as finanças. Antigo unionista, havia sido membro do governo
de 14 de Maio de 1915. No interior, general Abel Hipólito. Na justiça, José do
Vale Matos Cid. Na guerra, Alberto Carlos da Silveira. Na marinha, o advogado
Ricardo Pais Gomes. Nos negócios estrangeiros, Melo Barreto. No comércio,
António Granjo, até 10 de Agosto, depois Fernandes Costa. Nas colónias,
Celestino de Almeida. Na instrução pública, António Ginestal Machado
(1874-1940), o ex-alvarista. No trabalho, Júlio Ernesto de Lima Duque. Na
agricultura, o professor de agronomia Manuel de Sousa da Câmara (n. 1877), até 3
de Setembro.
Discutem-se homens e não ideias –
Em Portugal, no campo político, não se discutem ideias, discutem-se
homens para os arruinar, como se dessa demolição não adviesse um grave mal para
o regime e para o País (Barros Queirós).
Publicado o programa governativo
que promete medidas tendentes à normalização da liberdade de trânsito e
de comércio de todos os géneros e produtos (23 de Junho).
Eleição nº 50 para o Congresso da
República de 156 deputados e de 68 senadores (10 de Julho). Cerca de 550 000
eleitores e de 350 000 votantes. Vitória dos liberais (48%): 76 deputados e 32
senadores. Seguem-se os democráticos (34%), com 54 deputados e 22 senadores e,
depois, os reconstituintes (8%): 12 deputados e 7 senadores. Outras forças:
independentes (5 deputados e 5 senadores), monárquicos (4 deputados), católicos
(3 deputados e 3 senadores), dissidentes democráticos (3 deputados),
regionalistas (2 deputados), populares (1 deputado e 1 senador), diversos (3
deputados e 1 senador). Salazar é eleito deputado por Guimarães pelo Centro
Católico que faz vários acordos pré-eleitorais, à maneira do rotativismo.
Umas eleições diferentes – Ao
contrário das precedentes eleições de 1919, há uma significativa mobilização,
provocada pela candidatura de monárquicos como de católicos. Pela primeira e
única vez na história da república, não vencem os afonsistas, dada a maioria
relativa obtida pelos liberais, então no governo.
Vários acordos pré-eleitorais
Há vários acordos pré-eleitorais, à maneira do rotativismo, sendo alguns deles
verdadeiros conluios sem ideias. Em Fafe, há acordo de liberais,
democráticos, dissidentes, católicos e monárquicos.
Apresentação parlamentar (1 de
Agosto). António Luís Gomes, antigo ministro do governo provisório da República,
reitor da Universidade de Coimbra, regressando à política como deputado, declara
no parlamento que a pátria está sobre um vulcão.
A pátria está sobre um vulcão –
O sistema parlamentar está condenado por causa do regime de mentira, ao
mesmo tempo que os ministros são uns verdadeiros criminosos que estão a
arrancar o sangue do povo português. Conclui, salientando: cada vez enjoo
mais a política. Nunca entrei para partido algum, porque os partidos da
República têm colocado os homens acima dos partidos… Por isso é que os homens de
bem se retraem, afastando-se da política (António Luís Gomes).
Greve dos restaurantes e hotéis
de Lisboa (13 de Maio). Greve dos eléctricos em Lisboa.
Discute-se a burla do empréstimo
de 50 milhões de dólares que Afonso Costa prometera conseguir dos
norte-americanos. Fora encarregado pelo anterior governo de negociar com agentes
da War Finance Corporation, firmando um contrato provisório. Mas os
norte-americanos não passam de meros vigaristas (5 de Agosto).
Surge o jornal Imprensa da
Manhã (7 de Julho). Será subsidiado por Alfredo da Silva, que lhe chama
uma amante cara, e por Fausto de Figueiredo. Terá papel fundamental no
desencadear do outubrismo e desse dano emergente chamado Noite Sangrenta.
Manifesto de Baiona de D. Maria
Aldegundes de Bragança, tutora de D. Duarte Nuno, intitulado Proclamação de
Princípios, onde se defende a monarquia tradicionalista (26
de Junho).
Partido legitimista anuncia
acção conjunta com o Integralismo Lusitano, face ao Manifesto de Baiona (1 de
Julho).
Novo atentado contra um juiz do
Tribunal de Defesa Social (13 de Junho).
O
governo demite-se depois de falhar o grande empréstimo externo que havia
sido negociado por Afonso Costa e não se conseguir um aumento das receitas sem
aumento dos impostos.
Governo nº 83
(30 de Agosto) de António Granjo (50
dias). Governo liberal, onde dominam o ex-evolucionistas. Estrutura-se uma
alternativa republicano-conservadora
Vicente Ferreiraö . Na guerra, Freitas Soares. Na marinha, Ricardo Pais Gomes. Nos negócios estrangeiros, Melo Barreto, antigo monárquico apoiante de Teixeira de Sousa. No comércio, Fernandes Costa. Nas colónias, Ferreira da Rocha. Na instrução pública, Ginestal Machado. No trabalho, Lima Duque. Na agricultura, Fernandes Costa interino e em 3 de Setembro, Aboim Inglês, acusado de ser afecto às forças vivas, conhecido como amigo de Palha Blanco.
Populares agressivamente
oposicionistas – Surge uma agressiva oposição dos populares, que tinham sido
correlegionários de António Granjo no partido evolucionista, destacando-se a
acção de Júlio Martins, aliado a sindicalistas de esquerda e a militares
próximos de Liberato Pinto, apoiados pelo jornal Imprensa da Manhã, de
Alfredo da Silva. Conseguem federar os sindicalistas, os adeptos de Liberato
Pinto e os membros da esquerda dos democráticos, dominada pelo Grupo dos 13
e pelo Centro Radical António Maria Baptista.
Católicos, reconstituintes e
democráticos – Os católicos declaram a neutralidade, os reconstituintes
ficam-se pelo cepticismo, enquanto os democráticos apenas prometem
fiscalização patriótica e republicana.
A loucura do extremismo
anticlerical – Granjo é alvo de várias difamações, por parte de sectores
extremistas do anticlericalismo que consideram este maçon como um
reaccionário, vendido à Igreja.
Seara Nova – Surge no dia 16 de
Outubro, esta revista dita de doutrina e crítica. Tem como colaboradores
António Sérgio, Raúl Proença, Jaime Cortesão, Ezequiel de Campos e Raúl
Brandão. Pretendem renovar a mentalidade da elite
portuguesa tornando-a capaz dum verdadeiro movimento de Salvação; criar
uma opinião pública nacional que exija e apoie as reformas necessárias;
defender os interesses supremos da nação opondo-se ao espírito de rapina
das oligarquias dominantes e ao egoísmo dos grupos, classes e partidos;
protestar contra todos os movimentos revolucionários e todavia
defender e definir a grande causa da verdadeira
revolução; contribuir para formar
acima das Pátrias, a união de todas as Pátrias – uma consciência internacional
bastante forte para não permitir novas lutas fraticidas.
Abortado um golpe de Estado (30
de Setembro). O chefe da conjura é o tenente-coronel Manuel Maria Coelho, o
homem do 31 de Janeiro de 1891, apoiado por Procópio de Freitas, Camilo de
Oliveira, Cortês dos Santos, Xavier Ferreira, Orlando Marçal e Sebastião
Correia. Depois de presos alguns dos cabecilhas do movimento, estes são depois
libertados por ordem do próprio Granjo, considerando este que só pela
brandura se consegue governar... Camilo de Oliveira quer limpar a
República e no jornal Imprensa da Manhã publica-se um pretenso
documento confidencial que representaria o cerco da Lisboa pelo Exército,
com o fim de desarmar a GNR, insinuando-se que também seria liquidada a PSP e a
Marinha de Guerra. O governo, em nota oficiosa, chega a desmentir, mas, na
verdade, tinha mandado concentrar tropas em Mafra, sob o comando do general
Alves Pedrosa, em ligação ao comandante da GNR, Abel Hipólito. A conspiração
tinha sido desenhada na pastelaria Bijou, na Avenida da Liberdade.
Movimento de salvação pública
Surge um esboço de movimento de salvação pública, subscrito
por José de Castro, António Luís Gomes, Jaime Cortesão, João de Deus Ramos,
Francisco António Correia, Ramada Curto, Cunha Leal, Leonardo Coimbra e Sá
Cardoso. Tudo terá nascido de uma deliberação da loja maçónica Grémio
Montanha, visando constituir um governo de salvação pública.
Elaborado o plano é o mesmo levado ao grão-mestre Sebastião de Magalhães Lima
que logo nomeia uma comissão executiva, composta por distintas e veneráveis
figuras da maçonaria, mas há uma fuga de informação e tudo aparece no Diário
de Lisboa. O próprio Grão-Mestre até envia uma prancha a António
Granjo, também ele maçon, para que cedesse o poder, fazendo ascender ao
projectado Movimento de Salvação Pública. A conspiração semi-clandestina já até
tinha um futuro chefe do governo, Manuel Maria Coelho, organizando-se uma
comissão dirigente da revolução, com Cortês dos Santos, Camilo de Oliveira e
Procópio de Freitas.
Granjo encontra-se com Cunha Leal –
Fausto de Figueiredo, um dos financiadores da Imprensa da Manhã,
promove encontro de António Granjo com Cunha Leal no Estoril (5 de Outubro). Nas
cerimónias do cemitério do Alto de S. João, na romagem aos túmulos de Cândido
dos Reis e Miguel Bombarda, há insultos a Granjo, com morras à reacção
e aos jesuítas...
Golpe outubrista Tudo se
precipita com o golpe outubrista e a Noite Sangrenta, de 19 de Outubro,
onde são assassinados o presidente do ministério, António Granjo, e o fundador
da República, Machado Santos, bem como J. Carlos da Maia, o comandante Freitas
da Silva e o coronel Alexandre Botelho de Vasconcelos, triunfando deste modo uma
revolta falhada em 30 de Setembro, agora apoiada por forças da marinha. O
principal assassino da Camioneta da Morte, é um tal Abel Olímpio, o
Dente de Ouro, e fala-se na estreita amizade que o liga a um padre, dito
monárquico, Maximiliano de Lima.
Epilepsia e desordem – Na
revista Seara Nova, Raul Proença proclama: mais uma vez a mais
perigosa das utopias levou este país à epilepsia da desordem. Fala-se numa
revolução de gazua, considerando-se que só há uma maneira de tornar
respeitada a vontade revolucionária: é fazer revoluções na opinião pública.
No
mesmo dia, libertado o assassino de Sidónio Pais, José Júlio Costa, que
se encontrava detido no hospital Miguel Bombarda. A acção é levada a cabo por
300 civis armados. Conduzido para o Centro Republicano António Maria de
Baptista, é aí homenageado. Segue para o Norte, em regime de clandestinidade.
Alfredo da Silva foge
precipitadamente para Espanha e sofre atentado em Leiria. Preso Tamagnini
Barbosa (21 de Outubro).
Corpo diplomático Também neste
dia, corpo diplomático manifesta preocupação pelas ocorrências sangrentas ao
novo ministro dos estrangeiros, Veiga Simões. CGT reclama a libertação dos
sindicalistas detidos.
Governo nº 84 (19 de Outubro) de Manuel
Maria Coelhoö (17 dias). O primeiro gabinete
outubrista, apenas apoiado pelos populares ligados a Júlio Martins, dado que
Cunha Leal muda radicalmente de postura política, passando de radical de
esquerda a radical de direita, depois de ter tentado proteger Granjo, de quem
era adversário. Às 22 horas e 45 minutos do dia 19, António José de Almeida
investe Manuel Maria Coelho (1857-1943), antigo revolucionário de 1891, mas como
ele próprio confessará, só governou três dias, estando todo o demais tempo em
crise. Pouco antes, Agatão Lança informa-o dos atentados. O gabinete reúne
chefes da insurreição e gente respeitável, mas muitos não tomam posse
para não se confundirem com os assassinos.
O presidente do ministério e ministro
do interior é um antigo revoltoso do 31 de Janeiro de 1891. Na justiça, Vasco
Guedes de Vasconcelos (não toma posse) e, depois, o juiz António Augusto de
Almeida Arez (n. 1868), desde 22 de Outubro (um reconstituinte que assume
funções sem apoio do respectivo partido). Nas finanças, Francisco António
Correia, antigo membro da Liga de Acção Nacional, de 26 de Junho a 19 de Julho
de 1920, na qualidade de independente. Na guerra, José Cortês dos Santos. Na
marinha, Vítor Macedo Pinto (não toma posse) e Francisco Luís Ramos (desde 21 de
Outubro). Nos estrangeiros, Alberto da Veiga Simões. No comércio, António Pires
de Carvalho. Nas colónias, são sucessivamente nomeados Carlos Henrique da Silva
Maia Pinto (não tomou posse), José Eduardo de Carvalho Crato (também não toma
posse) e Manuel Maria Coelho interino. Na instrução pública, António Alberto
Torres Garcia (não toma posse) e Manuel de Lacerda de Almeida (1890-1930), desde
22 de Outubro. No trabalho, Alfredo Pinto de Azevedo e Sousa. Na agricultura,
Antão Fernandes de Carvalho.
Funerais de António Granjo –
Cunha Leal discursa: a fera que todos nós e eu açulamos, que anda à solta,
matando porque é preciso matar. Todos nós temos culpa! é esta maldita política
(24 de Outubro).
O governo leva a cabo a prisão dos
principais implicados nos atentados de 19 de Outubro (dias 24, 26 e 27).
Até 18 de Novembro, três navios de
guerra europeus (1 espanhol, 1 francês e 1 britânico) ficam estacionados no
estuário do Tejo, repetindo os ditames da Quádrupla Aliança de 1834 (28 de
Outubro).
Explosão de bombas na sede das
Juventudes Sindicalistas na Calçada do Combro (29 de Outubro)
António José de Almeida apresenta a
demissão, mas manifestação de autarcas, no dia 30 de Outubro, fá-lo recuar.
Atentado à bomba contra o consulado norte-americano
em Lisboa (31 de Outubro). Protesto dos anarquistas contra a condenação à
morte em Boston de Nicola Saco e Bartolomeo Vanzetti.
Governo nº 85 (5 de Novembro)
Carlos Henriques da Silva Maia Pintoö (41
dias). Já é um gabinete semi-outubrista, mobilizando tanto populares como
dissidentes democráticos. Manuel Maria Coelho demitira-se para evitar uma
intervenção militar estrangeira, dados que vários governos europeus temiam a
hipótese de uma revolução bolchevista em Portugal.
Na presidência e no interior, Carlos
Henrique da Silva Maia Pinto (1886-1932). Na justiça, Vasco Guedes de
Vasconcelos. Nas finanças, Francisco Xavier Peres Trancoso. Na guerra, João
Evangelista Pinto de Magalhães, desde 14 de Novembro. Na marinha, João Manuel de
Carvalho. Nos negócios estrangeiros, Alberto da Veiga Simões. No comércio, Vasco
Borges. Nas colónias, Tomás Fernandes. Na instrução pública, o professor de
liceu Francisco Alberto da Costa Cabral. No trabalho, Torres Garcia (não toma
posse), tendo interinamente assumido a pasta Francisco Xavier Peres Trancoso. Na
agricultura, Antão Fernandes de Carvalho (transita do anterior gabinete).
Homenagem a Machado Santos –
Manifestação à beira do túmulo de Machado Santos, com discurso de Gomes da Costa
contra a indisciplina: a República ameaça fazer bancarrota, degenerando num
falso parlamentarismo, com uma política de facção … A palavra República … se
converteu em propriedade exclusiva de uma oligarquia de profissionais
ambiciosos, irrequietos e insaciáveis (20 de Novembro). O general que pediu
a demissão de comandante de Évora no dia 28 de Outubro e não aceitou a chefia da
1ª divisão que lhe foi oferecida pelo ministro Cortês dos Santos, continua a ser
contactado por José Eugénio Dias Ferreira que lhe pede o comando de uma
conspiração, dizendo que António José de Almeida o apoiaria.
Acordo entre liberais, democráticos
e alvaristas – Divulga-se, no dia 27, um acordo estabelecido numa
reunião ocorrida no dia 22, entre liberais, democráticos e alvaristas, onde se
estabelece o princípio da não colaboração com os governos outubristas,
defendendo-se o saneamento das finanças e a harmonia entre o capital e o
trabalho. Em Coimbra, na Faculdade de Direito, há as provas de doutoramento de
Beleza dos Santos, Águedo de Oliveira e Manuel Rodrigues.
Reunificação dos democráticos –
Também a 13, os dissidentes democráticos de Domingos Pereira regressam ao
partido.
Governo nº 86 (16 de Dezembro)
Cunha Leal (53 dias). Ministério concentração partidária, com um
reconstituinte, um liberal, um outubrista, três democráticos e três
independentes. Declara-se encerrado o período revolucionário. Visa-se
manter a ordem, julgar os culpados da Noite Sangrenta e realizar
eleições. O chefe do governo apela expressamente para a participação das forças
vivas e tenta amainar os impulsos golpistas da GNR, chamando o Exército para
cercar Lisboa e instalando a sede do governo para Caxias. Mas Gomes da Costa
logo critica a táctica, dizendo que o governo está a mangar com a tropa.
Francisco Pinto da Cunha Leal, acumula com o interior. Na justiça, António
Abranches Ferrãoö (independente). Nas finanças,
Vitorino Máximo Guimarães (democrático). Na guerra, Coronel Fernando Augusto
Freiria (independente). Na marinha, João Manuel de Carvalho que transita do
anterior gabinete outubrista de Maia Pinto. Cunha Leal qualifica-o como um
esquerdista com vago aroma de outubrismo. Promoverá o golpe revolucionário
radical de 10 de Dezembro de 1923, durante o governo de Ginestal Machado, onde o
mesmo Cunha Leal assumia a pasta das finanças. Nos negócios estrangeiros, Júlio
Dantas (reconstituinte). No comércio, Vitorino Guimarães e o independente Nuno
Simões (n. 1894), desde 22 de Dezembro de 1921. Na colónias, Francisco da Cunha
Rego Chaves (reconstituinte). Na instrução pública, o professor de direito
Alberto da Cunha Rocha Saraiva (independente). No trabalho, Augusto Joaquim
Alves dos Santos (liberal). Na agricultura, o comissário naval Mariano Martins
(democrático). Será ministro das colónias de Álvaro de castro, de 28 de Dezembro
de 1923 a 6 de Julho de 1924.
Organiza as eleições de 29 de
Janeiro de 1922, para o que tenta uma conjunção com alvaristas e
liberais, com o apoio das forças vivas.
Governo em Caxias – Face à
pressão político-militar da GNR, o governo retira-se para Caxias e concentra
forças do Exército no Campo Entrincheirado e chama Gomes da Costa para
comandá-las. Manda depois concentrar forças em Santarém (23 de Dezembro).
Dois operários são absolvidos pelo
Tribunal de Defesa Social (eram acusados de serem os responsáveis pelo
atentado contra o consulado norte-americano).
Partidos rejeitam a inclusão de
candidatos governamentais (30 de Dezembro). Cunha Leal propõe a
democráticos, liberais e reconstituintes que, no acordo de entendimento
eleitoral já firmado, possa haver lugar para algumas personalidades
independentes que o governo tenciona favorecer. Os directórios dos partidos
declaram essa impossibilidade. Em virtude desta resposta, dois depois, já Cunha
Leal apresenta a demissão.
& Brandão, José (1991); Brochado, Costa (O Senhor Norton...): 90, 91; Caetano, Marcello (A Depreciação...): 305, 306, 307, 318, 319, 320; (1961): 58; Carrilho, Maria: 243; Costa, Carlos Gomes da (II): 82 ss.; Cruz, Manuel Braga da: 278; Gouveia, Rosa: 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51; Leal, Francisco da Cunha (II, 1966): 206, 251, 258, 268 ss., 272 ss., 279, 280, 310, 314, 318, 331 ss., 340 ss.; Lopes, Fernando Farelo (1994): 154, 193; Marques, A. H. Oliveira (As estruturas...): 408, 409, 503, 504, 505; (Nova História...): 213, 232, 265, 298, 325, 359, 470, 728, 729, 730, 731; Martins, F. Rocha (A Europa em Guerra, II): 354, 361, 362, 363, 372, 373, 375, 376, 383, 385, 386, 388, 389, 392, 393, 394, 396, 397, 429; Medeiros, Fernando (1978): 214, 215, 222, 223, 228, 229, 230, 231, 244, 247, 248, 267; Meneses, Luís Manuel Machado (1992); Moncada, Luís Cabral de (1992): 121; Pabón, Jesus: 463 ss., 465, 467, 470, 472, 475, 478, 479, 480; Pereira, J: Pacheco: 60 ss., 64, 155, 156; Peres, Damião (1954): 229, 232, 264, 265, 266, 267 ss., 268, 274, 275, 276, 277, 279, 280, 281, 282, 284, 285, 286, 287, 289, 292, 293, 294, 295, 296, 301, 302, 303, 304, 305, 306, 307, 308, 309, 310, 311, 313, 315, 316, 320, 321, 323, 332; Ramos, Rui: 612, 623; Rodrigues, Edgar: 198, 199, 211 ss.; Ruivo: 42; Serrão, Joaquim Veríssimo (XI): 254 ss.; Telo, António José: 156, 157, 158; Xavier, Alberto: 75, 183, 188, 189