Respublica     Repertório Português de Ciência Política         Edição electrónica 2004


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Políticos Portugueses da Ditadura Nacional e do Estado Novo (1926-1974)
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Féria, Ramon Machado de la (n. 1919) Médico. Maçon, resistente republicano ao salazarismo. Participa no MUD e em várias conspirações reviralhistas. Depois de 1974, filia-se, primeiro, no MDP e, depois, no PS. Grão-mestre da maçonaria em 1990-1993.

 

 

Fernandes, Afonso Magalhães de Almeida (1906-1986).  Subsecretário do Exército em 1956 e Ministro do Exército a partir de Agosto de 1958 até 13 de Abril de 1961. Brigadeiro em 1963, passa à reserva cinco anos depois.

 

 

Fernandes, António Júlio de Castro  (1903-1975) Licenciado em economia. Começa como militante da Cruzada Nun’Álvares e, depois, do nacional-sindicalismo. Adre então ao corporativismo fascista. Faz a carreira no INTP e assume a vice-presidência da FNAT em 1934. Subsecretário das corporações, entre 6 de Setembro de 1944 e 16 de Outubro de 1948. Ministro da economia, de 16 de Outubro de 1948 a 2 de Agosto de 1950. Presidente da Comissão Executiva da União Nacional desde 6 de Dezembro de 1958. Demite-se com o marcelismo. Administrador bancário no Banco Nacional Ultramarino.

·O Corporativismo Fascista

1937.

·Princípios Fundamentais da Organização Corporativa Portuguesa

1943.

·Temas Corporativos

1944.

 

 

Fernandes, Vasco da Gama (1908-1991) Licenciado em direito por Lisboa. Alinha desde estudante na oposição, companheiro de José Magalhães Godinho e Teófilo Carvalho Santos. Desde 1928 que participa em várias revoltas contra o regime nascido do 28 de Maio de 1926.  Advogado em Leiria. Defende os implicados na Abrilada de 1947. Ligado a Cunha Leal, participa na conjura de Mendes Norton de 1935. Membro do MUNAF e do MUD. Participa na fundação do Partido Trabalhista em 1947. Candidato a deputado pela oposição desde 1953. Colabora nos jornais República e Diário de Lisboa. Deputado pelo PS desde 1974, vice-presidente da Assembleia Constituinte e, depois, Presidente da Assembleia da República até 1978. Demite-se do PS em 1979.

 

 

Ferrão, Carlos  (1898-1979) Jornalista e historiador. Professor na Casa Pia. Destaca-se como cronista da guerra, tendo dirigido a edição de História da Guerra, em 1944.Traduz as memórias de Churchill. Defensor da I República. Director de Vida Mundial, revista que nas décadas de sessenta e setenta deste século constitui um marci na imprensa portuguesa, como semanário político e de análise das relações internacionais, onde também se publicam fundamentais arquivos do processo político da I República. Bibliófilo, reúne uma biblioteca de 42 000 volumes que, em 1976, vende ao Ministério da Comunicação Social.

·Em Defesa da República

, Lisboa, Edições Inquérito, 1963

·O Integralismo e a República. Autópsia de um Mito

2 vols., Lisboa, Edições Inquérito, 1964

·A Obra da República. Reformas de Instrução, Defesa do Ultramar, Perfis de Republicanos

Editorial O Século, 1966

 

 

Ferrão, Fernando Abranches (1908-1985) Filho de António Abranches Ferrão. Advogado, amigo de Mário Soares. Maçon. Funda em 1937 o Jornal do Foro. Ligado ao MUNAF e ao MUD. Vice da Ordem dos Advogados de 1960-1971. Apoia a candidatura de Ramalho Eanes. Pai adoptivo do militante do PCP Pedro Ramos de Almeida.

 

 

Ferraz, Artur Ivens (1870-1933) Oficial de artilharia. Governador de Moçambique. Adido militar em Londres desde 1922. Ministro e presidente do ministério durante a Ditadura. Como chefe do governo, sucede a Vicente de Freitas e tem como sucessor um de Domingos Oliveira. Do governo anterior apenas se mantém Salazar nas finanças. Destaca-se a acção do ministro da agricultura, Linhares de Lima, que nesse ministério institui a Campanha do Trigo. Um republicano conservador, aderente ao 28 de Maio, acreditando que uma República regenerada poderia manter as liberdades e a democracia, embora com um executivo forte liberto das dependências exclusivas das maiorias parlamentares. Ver A Ascensão de Salazar. Memórias de Ivens Ferraz, Lisboa, 1988, com prefácio e notas de César Oliveira. Ministro da Ditadura Nacional: do comércio e comunicações (de 26 de Agosto de 1927, a 5 de Janeiro de 1928) e das colónias (de 5 de Janeiro a 18 de Abril de 1928). Presidente do ministério de 8 de Julho de 1928 a 21 de Janeiro de 1930, acumulando a pasta do interior.

 

 

Ferraz, José António da Rocha Beleza Nomeado chefe de estado-maior-general das forças armadas em Setembro de 1958, com a ascensão de Botelho Moniz a ministro da defesa.

 

 

Ferreira, António Vicente (1874-1953) Oficial de engenharia militar. Professor do Instituto Superior Técnico. Por quatro vezes ministro na I República. Militante dos unionistas, passa depois para os partidos liberal e nacionalista. Maçon desde 1911. Adere à Ditadura Militar. Alto Comissário em Angola de 16 de Setembro de 1926 a 2 de Novembro de 1928. Procurador à Câmara Corporativa de 1935 a 1953.  Vice-Presidente do Conselho do Império em 1946-1953. Considerado traidor pelo Grande Oriente Lusitano, por ter fornecido elementos da ordem à Câmara Corporativa em 1935.

 

 

Ferreira, David Mourão n. 1927Escritor e professor da faculdade de letras de Lisboa. Colabora na Seara Nova de 1953 a 1955. Secretário da Sociedade Portuguesa de Autores de 1965 a 1974. Secretário de Estado da Cultura no VI governo provisório e no I e VI governos constitucionais. Filho de David Ferreira.

 

 

Ferreira, Eduardo da Costa. Ministro da instrução pública de 11 de Setembro a 14 de Novembro de 1929.

 

 

Ferreira, Jacinto  (n. 1906). Professor catedrático da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa. Destacado militante da Causa Monárquica. Director do semanário O Debate. Símbolo do conservadorismo tradicionalista português, marcado pela autenticidade na defesa da tríade Deus, Pátria, Rei. Continuando a tradição miguelista de defesa da descentralização e da demofilia, de acordo com a reinterpretação integralista.  Foi deputado das listas da União Nacional, sendo bastante crítico para o regime. Chega a apresentar em plena Assembleia Nacinal uma demolidora e desassombrada crítica à Mocidade Portuguesa. Quer combater o apoliticismo, sem cair na defesa de uma constante agitação política. Teme o grande mal desta geração em que as massas foram solicitadas, quase arrastadas, a apoiar governantes ocasionais, saídos dos acasos das eleições, ou do jogo dos golpes de Estado. Neste sentido, critica o indiferentismo, a abstenção, a apatia. Subscreve a tese de Pio XI, segundo a qual a política bem entendida é uma forma de Caridade. Em Para um Verdadeiro Governo do Povo, Lisboa, 1963, cita os integralistas e a doutrina social da Igreja, bem como Cabral de Moncada e Francisco Sousa Tavares, invocando o testemunho de alguns politólogos como Georges Burdeau e Bertrand de Jouvenel.

 

 

Ferreira, José Gomes (1900-1985) Poeta português. Licenciado em Direito por Lisboa em 1924. Cônsul na Noruega em 1926-1930. Fez os estudos secundários no Porto, onde foi aluno de Leonardo Coimbra. Influenciado por Raúl Brandão e Afonso Duarte. Ligado ao grupo do Novo Cancioneiro. Depois de 1974, torna-se presidente da Associação Portugues de Escritores e aparece associado ao PCP, tonando-se no símbolo do poeta militante. Autor de algumas das letras das Canções Heróicas de Fernando Lopes Graça.

 

 

Ferreira, José Medeiros Político e professor universitário português. 
Líder estudantil nos anos sessenta, passa para o exílio, destacando-se como membro do grupo de Genebra, com Eurico de Figueiredo, António Barreto e Ana Benavente. 
Militante do Partido Socialista, assume a pasta dos negócios estrangeiros no I Governo Constitucional, sendo responsável pela abertura de neociações com a CEE. 
Torna-se dissidente do PS e forma o grupo dos Reformadores, participando na Aliança Democrática. Será depois militante do Partido Renovador Democrático, para regressar à actividade parlamentar, de novo como militante do PS. 
Professor da Universidade Nova de teoria das relações internacionais.
·Estudos de Estratégia e Relaçöes Internacionais Lisboa, 1981 ·Ensaio Histórico sobre a Revolução de 25 de Abril. O Período Pré-Constituciona Lisboa, 1983.

 

 

Ferreira, Manuel Gonçalves Cavaleiro (1912-1992) Doutor em Direito em 1934. Professor de direito penal da Faculdade de Direito de Lisboa. Ministro da justiça de 6 de Setembro de 1944 a 7 de Agosto de 1954.

 

 

Ferro, António Joaquim Tavares (1895-1956) Jornalista. Poeta modernista, companheiro de Fernando Pessoa e Mário Sá Carneiro em Orpheu. Frequenta a Faculdade de Lisboa em 1913-1918, sem concluir a licenciatura. Colabora na revista Portugal Futurista, surgida em Novembro de 1917, sendo autor de uma célebreconferência proferida no Brasil em 1922, A Idade do Jazz-Band. Como jornalista, destaca-se com uma série de entrevistas a Mussolini, Clemenceau, Pétain, Cocteau, D’Annunzio, Primo de Rivera, Unamuno e Afonso XIII. Autor de Viagem à Roda das Ditaduras. Politicamente fora sidonista, mas lofo em 1920, considera a falência da ordem republicana. Depois do 28 de Maio, está implicado no golpe de Filomeno da Câmara de 1927, com Fidelino de Figueiredo e Henrique Galvão, a chamada conspiração dos Fifis. Tinha cumprido o serviço militar em Angola como oficial miliciano, tornando-se ajudante de Filomeno da Câmara. Casado com a poetisa Fernanda de Castro. Director da Ilustração Portuguesa em 1921. Será nomeado chefe do Secretariado da Propaganda Nacional. Publica em 1933 Salazar e a sua Obra, reunindo entrevistas concedidas pelo chefe do governo ao Diario de Notícias, em finais de 1932, o Salazar passado a ferro. A obra vai ser traduzida em francês em 1934, com prefácio de Paul Valéry. Seguem as edições em inglês, em 1939, com prefácio de A. Chamberlain, em italinao, com prefácio de Corrado Zoli, e em castelhano, em 1935, com prefácio de Eugénio D’Ors. O prefácio da edição portuguesa é da autoria do próprio Salazar. Em 26 de Outubro de 1934 é nomeado como o primeiro secretário da Propaganda Nacional, cabendo-lhe dinamizar a chamada política de espírito do Estado Novo. Exerce essa actividade durante quinze anos.

 

 

Ferreira, Manuel Gonçalves Cavaleiro (1912-1992). Professor de direito penal. Licenciado em direito em 1932 e doutor em 1934 pela Faculdade de Direito de Lisboa. Catedrático desde 1943. Ministro da justiça de Salazar, de 6 de Setembro de 1944 a 7 de Agosto de 1954.

 

 

Ferreira, Vergílio (1916-1996) Um dos principais romancistas portugueses do século XX. Começando a respectiva formação no seminário, acaba por licenciar-se em Letras em Coimbra. Professor de liceu, desde Évora ao Liceu Camões em Lisboa, é profundamente marcado pelo existencialismo, nomeadamente de Sartre, a quem prefacia a edição portuguesa de O Existencialismo é um Humanismo. Começando pela esquerda à francesa do pós-guerra e pelo neo-realismo, distancia-se do marxismo e, depois de 1974, afirma-se socialista, assumindo um vigoroso anticomunismo, ao mesmo tempo que denuncia os protagonistas do neo-realismo português. Entre 1980 e 1988 edita um diário político-cultural, que constitui um dos principais retratos íntimos do país no período revolucionário e na ressaca pós-revolucionária.

·Introdução à trad. port. da obra de Jean-Paul Sartre, O Existencialismo é um Humanismo.

·Espaço do Invisível

Em quatro volumes, 1965, 1976, 1977 e 1987.

·Conta Corrente

em 5 volumes, 1980, 1981, 1983, 1986 e 1988.

 

 

Figueiredo, Fidelino de  (1889-1967) Marcante historiador da literatura portuguesa. Professor do ensino secundário e da universidade em Espanha e no Brasil. Politicamente, começa como deputado sidonista, conspirando, depois, contra o regime da República Velha. Naturalmente, assume-se como entusiasta da Ditadura Nacional, sendo então nomeado director da Biblioteca Nacional. Participa na conspiração de Agosto de 1927, com Filomeno da Câmara, a chamada conspiração dos Fifis.

·Formado em ciências histórico-geográficas (1910).

·Professor do ensino secundário em Portugal, entre 1918 e 1927.

Director da Biblioteca Nacional em 1918-1919 e em 1927.

·Director da Revista de História, de 1912 a 1927.

·Professor da Universidade de Madrid entre 1927 e 1930.

·De 1938 a 1952, professor da Universidade de São Paulo, onde funda o Instituto de Estudos Portugueses e dirige a revista Letras, 11 vols., de 1938 a 1954.

·Para a História da Filosofia em Portugal

1922.

·Notas para um Idearium Português

1929.

·As Duas Espanhas

1931.

·O Medo da História

1956.

·Entre Dois Universos

1959.

·Paixão e Ressurreição do Homem

1967.

 

 

Figueiredo, Mário de (1890-1969) Professor de direito, colega e amigo de Salazar, com quem milita no CADC e no Centro Católico Português. Alias, Moncada considera-o como uma espécie de Talleyrand do presidente do Conselho. Professor da Universidade de Coimbra desde 1920. Ministro da justiça da Ditadura Nacional, no governo de Vicente de Freitas (de 10 de Novembro de 1928, a 8 de Julho de 1929), sendo afastado por causa da chamada portaria dos sinos que emitiu, irritando a ala maçónica do 28 de Maio. O mesmo diploma apenas autorizava a realização de procissões e do toque dos sinos a qualquer hora. Membro do Conselho Político Nacional em 1931 e deputado desde 1934. Já com o Estado Novo em pleno, assume a pasta da educação nacional (de 28 de Agosto de 1940, a 6 de Setembro de 1944). Defende a restauração monárquica em 1951. Membro do Conselho de Estado desde 1952. Chega a presidente da Assembleia Nacional em 1961. Presidente da Junta Nacional de Educação e administrador da CP.

 

 

Fogaça, Júlio de Melo (1907-1980) Membro do PCP dos tempos de Bento Gonçalves. Grande proprietário rural da zona Oeste. Acede ao secretariado logo nos anos trinta, sendo preso em 1935 juntamente do José de Sousa e Bento Gonçalves. Preso no Tarrafal de 1935 a 1940. Novamente detido de 1942 a 1945 no memso campo cabo-verdiano. Organiza a chamada linha de transição, sendo sucessivamente criticado nos congressos de 1946 e 1951 como um desviacionista de direita.  Expulso do partido em 1961 por mau comportamento moral. Novamente preso de 1960 a 1970. Depois de 1974 será presidente da comissão administrativa do Cadaval.

 

 

Fonseca, Joaquim Dinis da (1887-1958) Advogado, amigo íntimo de Salazar. Militante do CADC e do Centro Católico. Deputado entre 1922 e 1925. Subsecretário de Estado da assistência social (de 28 de Agosto de 1940 a 6 de Setembro de 1944) e das finanças (desde esta última data a 2 de Agosto de 1950). Chega também a presidente da Junta de Crédito Público e da Companhia de Diamantes de Angola.

 

 

Fonseca, José Soares da (1908-1969) Licenciado em Direito. Presidente do CADC entre 1928 e 1930. Deputado desde 1942 e ministro das corporações e previdência social de 1950 a 1955. Assume a defesa da restauração da monarquia no Congresso da União Nacional de 1951, incompatibilizando-se desde então com Marcello Caetano. Administrador da Companhia Colonial de Navegação. Membro do Conselho de Estado. Presidente da Assembleia Nacional. Um dos conselheiros de Tomás em 1968, mostra-se contra a nomeação de Marcello Caetano como presidente do conselho.

 

 

Fonseca, Luís Maria Lopes da (n. 1883). Licenciado em direito em 1911. Ministro da Justiça, nos governos de Ivens Ferraz e Domingos de Oliveira, de 15 de Julho de 1929 a 23 de Janeiro de 1931, sucedendo a Mário Figueiredo. Deputado de 1934 a 1957. Colaborador no jornal Novidades. Sempre se assumiu como monárquico.

 

 

Fonseca, Manuel da (1911-1993) Romancista e poeta, do neo-realismo. Um dos expoentes dos intelectuais comunistas do pós-guerra.

 

 

Franco, António Luciano Sousa  (n. 1942) Professor de Finanças da Faculdade de Direito de Lisboa e da Universidade Católica. Fundador do PPD e da ASDI. Ministro das Finanças do V governo presidencial presidido por Maria de Lurdes Pintasilgo e do governo de António Guterres. Antes de 1974 foi adjunto do secretário-geral da Corporação da Indústria, Basílio Horta (1972-1973).

 

 

Freitas, João da Costa  Professor nos ISCSPU. Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, de 13 de Abril de 1961 a 4 de Dezembro de 1962, um dos principais colaboradores de Adriano Moreira. Diplomado pela Escola Superior Colonial em 1944, inicia uma actividade administrativa no além-mar, chegando a inspector do Ministério do Ultramar.

 

 

Freitas, José Vicente de  (1869-1952) José Vicente de Freitas. Natural da Calheta. Oficial do exército. Alfres em 1891 e tenente-coronel em 1917. Figura cimeira da Ditadura Nacional, começa como ministro do interior e, depois, assume a presidência do ministério, quando Carmona é eleito presidente da República. É nesse gabinete que entra Salazar como ministro das finanças. Faz parte do grupo republicano apoiante do 28 de Maio, lado a lado com António Osório, Tamagnini Barbosa, Pestana Lopes e Ferreira Martins, todos maçons. Em 13 de Janeiro de 1933, quando era presidente da câmara de Lisboa, dirige uma exposição a Carmona, publicada em O Século, onde considera expressamente que dentro do 28 de Maio, além de uma corrente nacionalista, há outra francamente republicana que sem, de maneira nenhuma defender o regresso à desordem política criada pela Constituição de 1911, é francamente liberal e democrática. Neste sentido, critica a perspectiva que defendia a transformação da União Nacional em partido: se um dia ela viesse de facto a ser uma organização política permitida em Portugal, os seus aderentes constituíriam uma casta privilegiada que pretenderia confundir-se com o Estado. Termina, proclamando: se os Estados têm realmente que ser fortes, o pensamento não pode deixar de ser livre.  Salazar é implacável e demite-o de presidente da câmara, em 12 de Fevereiro, coloca em seu lugar Daniel de Sousa e emite uma nota oficiosa em 15 de Fevereiro onde o acusa de em 21 de Maio de 1932 ter aderido à União Nacional em sessão pública. Tenta organizar uma Liga Republicana entre os oficiais apoiantes do 28 de Maio.

·Governador da Madeira em 1914.

·Ministro do interior de 26 de Agosto de 1927 a 18 de Abril de 1928.

·Presidente do ministério de 18 de Abril de 1928 a 8 de Julho de 1929, depois da tomada de posse de Carmona como presidente da república (acumula a pasta do interior). Entra nesse governo, a partir de 27 de Abril, António de Oliveira Salazar.

·Presidente da câmara de Lisboa, é demitido deste cargo por Salazar em 12 de Fevereiro de 1933.

·Chefe da ala republicana do 28 de Maio e inspirador da União Nacional.

 

 

Freyre, Gilberto  de Melo (1900-1987) Sociólogo brasileiro, natural do Recife. Discípulo de Franz Boas, com quem estuda na Columbia University de Nova Iorque. Professor na Universidade do Distrito Federal desde 1935. Funda tropicologia. Teórico do chamado luso-tropicalismo. Considera que o português se tem perpetuado, dissolvendo-se sempre noutro povo a ponto de parecer ir perder-se nos angues e culturas estranhas. Mas comunica-lhes sempre tantos dos seus motivos essenciais de vida ... Ganhou a vida perdendo-a. É que o português, por todas aquelas predisposições da raça, de mesologia e de cultura... não só conseguiu vencer as condições de clima e de sol desfavoráveis ao estabelecimento de europeus nos trópicos, como suprir a extrema penúria de gente branca para a tarefa colonizadora unindo-se com mulher de cor.

·Vida Social no Brasil nos Meados do Século XIX

[1ª ed. norte-americana, de 1922],Recife, 1964.

·Casa-Grande & Sanzala. Formação da Família Brasileira sob o Regime de Economia Patriarcal

Rio de Janeiro, Maia & Schmidt,  1933.

·Sobrados e Mucambos.Decadência do Patriarcado Rural e Desenvolvimewnto do Urbano

São Paulo, Companhia Editôra Nacional, 1936.

·O Mundo que o Português Criou

Rio de Janeiro, Livraria José Olympio, 1940, com prefácio de António Sérgio.

·Sociologia

2 Vols, , Rio de Janeiro, Livraria José Olympio,1945;

·Aventura e Rotina.Sugestöes de uma Viagem à Procura das Constantes Portuguesas de Carácter e Acção

[Rio de Janeiro, Livraria José Olympio, 1953],Lisboa, Livros do Brasil, s.d.;

·Integração Portuguesa nos Trópicos

1958

·Ordem e Progresso. Processo de Desintegração das Sociedades Patriarcal e Semi-patriarcal no Brasil sob o Regime de Trabalho Livre; Aspectos de quase Meio Século de Transição do trabalho Escravo para o Trabalho Livre; e da Monarquia para a República

2 vols., Rio de Janeiro, Livraria José Olympio, 1959.

·O Luso e o Trópico

Lisboa, 1961

·O Brasil em Face das Áfricas Negras e Mestiças

Lisboa, 1963

·Homem, Cultura e Tempo

Lisboa, União das Comunidades de Cultura Portuguesa, 1967

·Além do Apenas Moderno. Sugestöes em torno de Possíveis Futuros do Homem, em geral e do Homem Brasileiro, em particular

Rio de Janeiro, José Olympio, 1973;

·Palavras aos Jovens do Ceará

Fortaleza, Instituto Lusíadas, 1978;

·O Brasileiros entre os Outros Hispanos

Rio de Janeiro, José Olympio, 1975;

·Insurgências e Ressurgências Atuais. Cruzamento de Sins e Nãos num Mundo em Transição

Porto Alegre, Globo, 1983.

·Camöes: Vocação de Antropólogo Moderno

1984.

 

 

 

}JOSE JULIO GONÇALVES, Gilberto Freyre. O Sociólogo e Teorizador do Luso-Tropicalismo, in BAICP, nº 3, 1967, pp.49-72. 4Adriano Moreira, Gilberto Freyre: o Euro-Tropicalismo, conferência proferida no Recife, Instituto Joaquim Navbuco, 1987, in Comentários, pp. 55-68; Gilberto.O Teórico da Sociedade Civil, id.,in Comentários, pp. 69-78; Recordação de Gilberto Freyre, lição proferida na Universidade Internacional em 1988, in Comentários, pp. 45-53;4ILIDIO DO AMARAL, A Geografia Tropical de Gilberto Freyre, in Leituras do Tempo, Lisboa, Universidade Internacional, 1990

 

 

Frias, Eduardo Olímpio Beleza  (n. 1895) Anarco-sindicalista, colaborador de A Batalha. Adere, depois ao nacional-sindicalismo, escrevendo em Revolução. Colabora na organização corporativa do salazarismo, sendo delegado do INTP em Beja.

 

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