Respublica     Repertório Português de Ciência Política         Edição electrónica 2004


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Políticos Portugueses da Ditadura Nacional e do Estado Novo (1926-1974)
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Namora, Fernando Gonçalves (1919-1989) Escritor português da escola neo-realista. Médico. Autor de Minas de S. Francisco, de 1946, de Retalhos da Vida de um Medico, 1949, com uma segunda série de 1963, e de Autobiografia (1987).

 

 

Namorado, Joaquim (1914-1986) Licenciado em Matemática por Coimbra em 1943. Ensaísta. Destacado intelectual comunista, animador do movimento neo-realista e dirigente da revista coimbrã Vértice, desde 1945. Depois de 1974 torna-se professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra.

 

 

Navarro, André Francisco (1904-1989) Catedrático do Instituto Superior de Agronomia, desde 1933. Director da mesma instituição desde 1936. Deputado e subsecretário de Estado da Agricultura (1940-1944) do salazarismo, destaca-se pelo lançamento da campanha do Produzir e Poupar. Em 1944 assume-se como presidente da Junta Central da Legião Portuguesa. Filho de Ernesto Júlio Navarro, ministro da I República, e neto de Emídio Navarro, ministro da monarquia constitucional. O primeiro reitor dos Estudos Gerais de Angola nos anos sessenta.

 

 

Negreiros, Joaquim Trigo de  (1900-1973) Licenciado em direito por Coimbra em 1923. Presidente da Câmara Municipal de Vila Flore (1926-1927). Deputado, governador civil do Porto (1938-1940) e membro do governo do salazarismo, entre 1940 e 1958. Um dos principais gestores da repressão do regime do Estado Novo nos anos cinquenta, é substituído depois da campanha presidencial de 1958. Ligado ao grupo marcelista. Conta-se que, depois de ter feito obras na cadeia de Peniche, disse a Salazar que os dois poderiam vir a ser clientes do estabelecimento. Chega a Presidnete do Supremo Tribunal Administrativo.

·Subsecretário de Estado das corporações e previdência social de 28 de Agosto de 1940  a 6 de Setembro de 1944.

·Subsecretário de Estado da assistência social de 6 de Setembro de 1944 a 2 de Agosto de 1950.

·Ministro do interior de 2 de Agosto de 1950 a 14 de Agosto de 1958.

 

 

Negreiros, José  de Almada  (1893-1970) José Sobral de Almada Negreiros. Poeta e pintor português. Juntamente com Fernando Pessoa é um dos fundadores do modernismo português. Abril de 1917. Conferência de Almada Negreiros no Teatro República e lançamento do manifesto futurista Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX. Liga-se ao nacional-sindicalismo de Rolão Preto.

 

 

Nemésio, Vitorino Mendes Pinheiro da Silva (1901-) Escritor, poeta e professor universitário português. Natural da ilha Terceira. Activista republicano enquanto estudante, já depois do 28 de Maio de 1926, quando milita na Maçonaria. Em 1928-1929 entra em polémica com Luís Cabral de Moncada, a partir das páginas da revista Seara Nova. Entre as suas publicações, destaca-se a dissertação de doutoramento A Mocidade de Herculano Até à Volta do Exílio, 1932, em dois volumes.

 

 

Neto, António Agostinho (1922-1979) Médico por Lisboa, depois de frequentar a faculdade de medicina de Coimbra. Filho de um pastor protestante angolano. Concluído o liceu em Luanda, começa como empregado administrativo dos serviços de saúde. Em 1947 parte para Portugal onde cursa medicina. Um dos fundadores do MPLA e o primeiro presidente da República Popular de Angola, desde 11 de Novembro de 1975, até à data da morte. Começa como militante do MUD Juvenil em 1954, tomando parte, como representante da oposição portuguesa no I Encontro Mundial da Juventude Rural realizado em Viena nesse ano, organizado pela Federação Mundial da Juventude Democrática, de orientação pró-soviética. Preso pela PIDE em 1955 por fazer parte do MUD Juvenil, juntamente com Pedro Ramos de Almeida e Ângelo Veloso. Regressa a África em 1959, assumindo a presidência do MPLA, de que foi um dos fundadores em 1956. É um dos principais organizadores da Casa dos Estudantes do Império. Preso em Angola em Julho de 1960, é remetido para o Tarrafal, donde passa para o Aljube. Daqui se evade no Verão de 1962, numa acção organizada pelo PCP..

 

 

Neto, António Lino  n. 1873 Advogado e professor de economia do Instituto Comercial e Industrial de Lisboa. Passa depois a professor de direito industrial no Instituto Superior Técnico. Vice-reitor da Universidade Técnica entre 1938 e 1942. Fundador e dirigente do Centro Católico Português, eleito em 1919. Director do jornal católico A União, orgão do CCP, desde 19 de Janeiro de 1920, assumindo uma postura centrista, contra a ala monárquica dos católicos, expressa pelo jornal A Época, dirigida por Fernando Sousa (Nemo). Do seu grupo, apoiado pela Igreja oficial e pelo próprio Papa, faz parte António de Oliveira Salazar. Em  Maio de 1920 escreve que a Igreja  é a mais bela democracia que tem visto o mundo e a primeira democracia de todos os tempos. Nemo contesta, baseando-se em Charles Maurras. Também Pequito Rebelo em A Monarquia havia criticado o presidente do Centro Católico Português, em Março desse ano. Em  Dezembro de 1922 António Maria da Silva elogia António Lino Neto. Em 21 de Outubro de 1923, declara que o centro não é um partido político, embora represente uma influência de natureza política. Não pretendemos instalar-nos no poder nem confundimos legislação com regime. Em  24 de Novembro seguinte, toma posição sobre o governo nacionalista de Ginestal Machado: é necessário que a atmosfera de confiança que por toda a parte se vem desenvolvendo contra os políticos se não se acentue mais nem torne possível entre nós movimentos como os que lá for a determinaram a ascensão ao poder de Mussolini em Itália e de Primo de Rivera em Espanha. Em Janeiro de 1924 considera que o governo de Álvaro de Castro é um ministério de pessoas categorizadas. Acrescenta que a minoria católica condena e reprova, por fundamentalmente prejudicial ao povo, qualquer facto revolucionário, venha ele dos governantes com o nome de “golpe de Estado”, venha dos governados com o nome de “jornada gloriosa”. Condena todas as ditaduras sejam as de um regime, como a de Mouzinho da Silveira, as de um partido, como a de João Franco, ou as de um homem, como a de Sidónio Pais. Alerta contra os messias porque a solução da crise nacional está em cada um de nós, cumprindo simplesmente, mas inteiramente o nosso dever. Em Abril de 1924 profere conferência no Funchal: O Estado Moderno, Sindicalismo e Congreganismo. Ainda reúne a direcção do Centro Católico em 17 de Dezembro de 1931, quando esta organização decide não enfrentar a União Nacional.

·A Questão Agrária

(1908)

 

 

Neto, A. M. M. Lino (n. 1913) António Maria de Mendonça Lino Neto. Licenciado em direito por Lisboa. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Subdirector da Polícia Judiciária de Lisboa e do Porto. Chefe de gabinete do Ministro das Corporações. Ministro da justiça de Marcello Caetano em 1973-1974.

 

 

Neto, David Rodrigues  (1895-1971) Licenciado em direito desde 1926. Matricula-se em 1916, mas é mobilizado para a Grande Guerra como oficial miliciano, integrando-se no CEP e sendo promovido a tenente por feitos em combate. Preso pelos alemães em 9 de Abril de 1918, na sequência da nossa derrota em La Lys. Consegue evadir-se para a Dinamarca. Oficial dos Caçadores 5, foi um dos activistas do 18 de Abril de 1925 e do 28 de Maio de 1926. Assume destaque na repressão da revolta de 7 de Fevereiro de 1927. Autor de Doa a quem doer, 1933, um pequeno livro de memórias ainda totalmente adverso ao reviralhismo. Afasta-se do exército em 1935 e dedica-se à advocacia. Passa à oposição na década de quarenta. Apoiante de Quintão Meireles, em 1951, e de Humberto Delgado, em 1958. Chega a ser preso e demitido do Exército, depois de julgado em Conselho de Guerra.

· Doa a quem doer

Porto, Livraria Tavares Martins, 1933

 

 

Neto, Francisco Lino (n. 1918) Filho de António Lino Neto. Engenheiro electrotécnico, destaca-se profissionalmente como quadro do Metropolitano de Lisboa. Militante católico da JUC, apoiante de Humberto Delgado em 1958, altura em que sendo ferido numa manifestação, tem a sua imagem ensanguentada a correr mundo. Escreve então Considerações de um Católico sobre o Período Eleitoral. Em 1975 ainda aparece como deputado do Partido Socialista na Assembleia Constituinte.

 

 

Neves, Monsenhor Francisco Moreira das (n. 1906) Subdirector do jornal Novidades até 1974 (colaborador do jornal desde 1934) e um dos directores da editora União Gráfica. Um dos principais colaboradores do Cardeal Cerejeira, de quem foi biógrafo. Literato, ficou célebre por um estudo das ideias de Guerra Junqueiro. Autor de Inquietação e Presença, Leiria, 1942, onde descreve a vida de Miguel Sá e Melo, um jovem modernista católico aderente ao fascismo, bem como de Guerra Junqueiro. O Homem e a Morte, Porto, 1942.

 

 

Nogueira, Alberto Marciano Gorjão Franco (n. 1918). Celebrizado como ministro dos negócios estrangeiros de 4 de Maio de 1961 a 6 de Outubro de 1969, com Salazar e Marcello Caetano. Licenciado em direito. Na carreira diplomática desde 1941. Passa pelo Japão de 1945 a 1950. Cônsul em Londres em 1954. Integra as delegações portuguesas à ONU de 1956 a 1960. Deputado de 1969 a 1973. Antigo crítico literário de jornais da esquerda republicana dos anos quarenta. Diplomata de carreira. Depois de abandonar o governo, torna-se administrador por parte do Estado da Companhia de Caminho de Ferro de Benguela e liga-se à administração do grupo Espírito Santo. Edita em 1971, pela Ática, As Crises e os Homens, onde elabora a tese da traição das elites ao longo da história portuguesa. Biógrafo de Salazar. Depois de 1974, destaca-se também como memorialista e professor de história em universidades privadas. Outras obras importantes são Diálogos Interditos, de 1979, e Um Político Confessa-se. Diário 1960-1968. Ver Embaixador franco Nogueira (1918-1993). Textos Evocativos, organização de Teresa Melo Ribeiro, Manuel Vieira da Cruz e Gonçalo de Sampaio e Melo, Porto, Livraria Civilização Editora, 1999.

 

 

Nogueira, Joaquim Fernando Nasce em 1950. Licenciado em direito por Coimbra em 1974 e assistente da Faculdade de Direito de Coimbra desde então. Militante do PSD onde ascenderá a presidente da comissão política em Fevereiro de 1995, sucedendo a Cavaco Silva. Candidato a Primeiro Ministro e derrotado por António Guterres, abandona a política activa. Exerceu diversas funções governamentais: Secretário de Estado do Desenvolvimento Reigional em 1983, no governo do Bloco Central, Ministro Adjunto do Primeiro Ministro em 1985; Ministro da Presidência e da Justiça em 1987; Ministro da Presidência e da Defesa Nacional em 1990.

 

 

Norton, Manuel Peixoto Martins Mendes (1875). Oficial da armada. Implicado numa tentativa revolucionária em 1935.

 

 

Nosolini Pinto Osório da Silva Leão, José (n. 1893). Licenciado em direito em 1914. Advogado no Porto. Deputado salazarista desde 1935. Governador do Funchal de 1938 a 1941. Embaixador na Santa Sé de 1950 a 1954 e em Madrid, a partir de 1954. Governador do Banco de Angola de 1959 a 1962.

 

 

Nunes, Adérito Sedas (1928-1991) Licenciado em Economia pelo ISCEF. Ligado ao Gabinete de Estudos Corporativos do Centro Universitário da Mocidade Portuguesa desde 1952. Miltante católico, destaca-se como organizador do Congresso da JUC de 1953, juntamente com Maria de Lurdes Pintasilgo. Docente de História dos Factos e das Doutrinas Económicas do ISCEF a partir de 1955. Director do Centro de Estudos Corporativos do Ministério das Corporações em 1956-1958. Também é docente na Faculdade de Ciências e na Academia Militar. Nos anos sessenta passa a ser regente da cadeira de Introdução às Ciências Sociais do ISCEF. Director e fundador da revista Análise Social, surgida em 1963, e do Gabinete de Investigações Sociais, instituído em 1962. Procurador à Câmara Corporativa. Em 1972 torna-se subdirector do ISCSTE. Depois de 1974 é professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Presidente da Junta Nacional de Investigação Científica em 1976. Em 1979, Ministro da Cultura e da Coordenação Científica do III Governo Presidencial presidido pela sua companheira de militância político-religiosa, Maria de Lurdes Pintasilgo. Em 1982 institucionaliza a partir do Gabinete de Investigações Sociais o Instituto de Ciências Sociais.

1954

Problemas do Corporativismo

 

 

1958

Princípios de Doutrina Social

 

Lisboa, Moraes Editores, 1961.

1958

Sociologia e Ideologia do Desenvolvimento

 

 

1970

A Situação Universitária Portuguesa

 

 

1970

O Problema Político da Universidade

 

 

1973

Sobre o Problema do Conhecimento nas Ciências Sociais. Materiais de uma Experiência Pedagógica

 

Lisboa, Gabinete de Investigações Sociais

1977

·Questões Preliminares sobre Ciências Sociais

 

Lisboa, Gabinete de Investigações Sociais

7ª ed., Lisboa, Editorial Presença, 1982

1992

História dos Factos e Doutrinas Sociais

 

 

Nunes, António J. Avelãs Professor de economia política da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, marcado por um marxismo ortodoxo. Secretário de Estado do Ensino Superior durante a primeira fase do processo revolucionário de 1974-1975.

·Do Capitalismo e do Socialismo

Coimbra, Atlântida Editora, 1972.

·«Os Sistemas Económicos»

Separata do Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Coimbra, FDUC, 1973.

 

 

Nunes, D. José da Costa (1880-1976) Natural da Ilha do Pico, estabelecido em Macau desde 1918. Bispo de Macau de 1920 a 1940. Primaz do Oriente e Patriarca das Índias Orientais de 1940 a 1953, a partir de Goa. Cardeal desde 1962, passa para Roma onde se assume como uma das principais figuras da Cúria. Membro da maçonaria, do Grande Oriente Lusitano.

 

 

Nunes, Leopoldo (n. 1897) Jornalista português. Um dos propagandistas do Estado Novo, célebre pela biografia de Carmona e pelas reportagens durante a guerra civil de Espanha. Funcionário da Assembleia Nacional, como redactor do Diário das Sessões.

 

 

Nunes, Manuel Jacinto (n. 1926) Professor de economia da Universidade Técnica de Lisboa. Licenciado em Finanças  em 1949. Delegado do governo junto da OECE, logo em 1949, enquanto técnico do Ministeério da Economia. Autor do Plano da Siderurgia Nacional em 1955, feito com a colaboração de Nobre da Costa. Subsecretário de Estado do Tesouro de 21 de Julho de 1955 a 6 de Novembro de 1959. Doutorado em 1957. Professor Catedrático desde 1963.  Director do ISCEF de 1968 a 1970. Um dos poucos membros do governo salazarista a ascender a ministro depois de 1974, asumindo-se também como governador do Banco de Portugal, em 1963-1966, 1974 (desde Julho)-1975 (até Maio), e 1980-1985. Presidente da Caixa Geral de Depósitos de 1976 a 1980. Presidente do Conselho Directivo da FLAD.

 

© José Adelino Maltez. Todos os direitos reservados. Cópias autorizadas, desde que indicada a proveniência: Página profissional de José Adelino Maltez ( http://maltez.info). Última revisão em: 20-12-2003