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  Anuário 1837

Do triunvirato revolucionário à revolta dos marechais

Das classes trabalhadorasà doutrinária Voz do Profeta

Honório Barreto na Guiné

Introdução da maçonaria irlandesa (19 de Setembro)

Arquivo antigo do anuário CEPP

Governo de António Dias de Oliveira ( 1 de Junho de 1837)

 

 

Governo nº 11 Sá da Bandeira (208 dias, desde 4 de Novembro de 1836)

 

Abertura das Cortes Constituintes (2 de Janeiro de 1837)

Herculano publica A Voz do Profeta (Fevereiro)

Conspiração das Marnotas de cariz miguelista (13 a 15 de Março)

Câmara vota contra proposta governamental, emergindo uma maioria de ordeiros e de dissidentes, com Costa Cabral a insurgir-se contra Passos Manuel (10 de Maio)

Vieira de Castro abandona o governo (27 de Maio de 1837)

 

Governo nº 12 Dias Oliveira (71 dias, desde 2 de Junho )

Criada a Junta do Crédito Público

Revolta dos Marechais. Começo de nova guerra civil. Desencadeada em Vila da Barca pelo Barão de Leiria (12 de Julho de 1837)

Governo nº13  Sá da Bandeira (617 dias, desde 10 de Agosto)

Continua a Revolta dos Marechais, até 7 de Outubro (Convenção de Chaves)

Acção de Chão da Feira (28 de Agosto)

Combate de Ruivães (18 de Setembro).

Convenção de Chaves. Saldanha, Palmela , Silva Carvalho e Luís Mouzinho de Albuquerque vão para o exílio (7 de Outubro)

Sá da Bandeira assume efectivamente a chefia do governo(14 de Outubro)

Eleições (20 de Novembro de 1837)

 

Nova Reforma Judiciária – Em 13 de Janeiro são emitidos dois decretos sobre a reforma do processo civil e do processo criminal que, juntamente com um diploma de 29 de Novembro de 1836, sobre a divisão judicial do território, constituem a chamada Nova Reforma Judiciária. Na linha de reformas, chaga a ser aprovado, por decreto de 4 de Janeiro um projecto de Código Penal, da autoria de José Manuel da Veiga, que não chega a entrar em vigor, dado não ser incluído na lista do bill de indemnidade de 17 de Abril de 1837.

Conspiração das Marnotas, de cariz miguelista é jugulada (de 13 a 15 de Março).

Ordeiros e dissidentes contra Passos Manuel A Câmara vota por 63 contra 33 sobre a não existência de subsecretários de Estado, conforme proposta do governo. Triunfa uma maioria de ordeiros e dissidentes. O então radical António Bernardo da Costa Cabral vota contra Passos Manuel (10 de Maio).

Remodelação – Em 27 de Maio Vieira de Castro cede a justiça a Passos Manuel e a marinha a Sá da Bandeira.

 

Governo nº 12 de Dias Oliveira (71 dias, desde 2 de Junho). O terceiro governo setembrista, presidido por um antigo colaborador de Silva Carvalho, que tinha a habilidade de se fazer como pertencente a todos os partidos. Já não tem a participação dos membros do triunvirato revolucionário.

Presidente acumula o reino e a justiça. Na fazenda, João de Oliveira, o barão do Tojal. Na guerra e na marinha, o 1º visconde de Bóbeda, Joaquim de Sousa Quevedo Pizarro. Nos estrangeiros, Manuel de Castro Pereira de Mesquita Pimentel Cardoso e Sousa (1778-1863).

Tojal – Era um homem novo, rico, sem política, banqueiro, inglesado (comentário de Oliveira Martins sobre João Gualberto Oliveira, futuro conde do Tojal, ministro da fazenda em 1 de Julho).

Carta de lei cria a Junta de Crédito Público, para administrar e arrecadar os fundos destinados ao pagamento dos juros e amortização de toda a dívida consolidada da nação (15 de Julho).

Revolta dos Marechais (de 12 de Julho até 7 de Outubro) Comandada por Saldanha e Terceira, que chamam Luís Mouzinho de Albuquerque e tentam estabelecer uma junta de regência, declarando a rainha coacta. A movimentação militar é desencadeada em 12 de Julho pelo barão de Leiria, José de Vasconcelos Bandeira de Lemos (1794-1873), a partir da Vila da Barca, visando a restauração da Carta. Os chefes militares passam a condottieri. Pouco antes, Leiria chegara a ser sondado por D. Maria II para formar governo, convidando Fronteira, Silva Sanches e Vieira de Castro. Como em 10 de Agosto vai dizer Almeida Garrett, esta ideia de que o País tem de fazer uma revolução todas as vezes que deseje mudar a Constituição do Estado.

A revolta começa por uma série de passeatas sediciosas sem combates. Sá da Bandeira é nomeado lugar-tenente da rainha para o Norte, a fim de fazer ceder os revoltosos de Vila da Barca. No Porto, revolta-se Samodães. Sá da Bandeira recua para Coimbra e Leiria. Saldanha sai de Lisboa para Sintra e segue para Torres Vedras e depois para Castelo Branco. Marcha em seguida para Coimbra e Leiria, recuando para Torres Vedras, onde se lhe junta Terceira. Descem para o Campo Grande, em Lisboa, mas voltam a subir para Torres Vedras e, depois, para Coimbra, num jogo de marchas e contra-marchas.

O primeiro combate – Os sediciosos são derrotados pelo conde de Bonfim na acção de Chão da Feira, perto da Batalha (28 de Agosto). Morte do Conde da Redinha e do barão de São Cosme. D. Fernando, o filho do Conde de Vila Real perde uma perna em combate e acaba por falecer. Também Fernando Mouzinho, filho de Luís Mouzinho de Albuquerque, é gravemente ferido e, depois de ser feito prisioneiro, também morre.

O segundo e último combate. Recuam, primeiro, para Alcobaça e, depois, para o Norte, estacionando na zona de Chaves, onde se dá o combate de Ruivães, com derrota definitiva dos golpistas, então comandados por Bandeira de Lemos, que são obrigados ao exílio (18 de Setembro). Sá da Bandeira seguir para o Norte de vapor, com um batalhão de caçadores e a divisão auxiliar do conde das Antas regressara de Espanha, reforçando os apoiantes militares do governo.

A Convenção de Chaves faz regressar o país ao estado de não-guerra, a que muitos dão o nome de normalidade e estabilidade política (7 de Outubro). As garantias constitucionais apenas continuam suspensas no Algarve. Saldanha, Palmela, Terceira, Silva Carvalho e Luís Mouzinho de Albuquerque vão para o exílio. Entretanto, em 16 de Setembro, nasce D. Pedro.

Paixões em vez de princípios, logo, corrupção e cepticismo. As novas instituições tinham brotado de paixões e não de princípios, e por isso eram como que absurdos os seus movimentos de mais justiceira aparência, degenerando fatalmente sempre em mais corrupção e cepticismo (José Agostinho).

Os ausentes-presentes – O Grande Oriente Lusitano, com o exílio de Silva Carvalho e face ao assassinato de Agostinho José Freire, fica acéfalo e lojas desta obediência abatem colunas, com muitos irmãos a abandonarem a ordem, como terá sucedido a Alexandre Herculano (Julho). O situacionismo setembrista passa, assim, a viver num equilíbrio instável, sem a figura tutelar de Passos Manuel. Há divergências entre os setembristas moderados, então liderados por Bonfim, e o grupo de José Alexandre de Campos, que pretende um entendimento com os radicais. Como síntese deste jogo de forças, emerge sempre a figura de Sá da Bandeira.

Governo nº 13 de Sá da Bandeira (617 dias desde 10 de Agosto), reunindo moderados, na linha de Bonfim, e que hão-de dar origem aos ordeiros, bem como os que procuravam mais íntimos entendimentos com os radicais, liderados por José Alexandre Caetano de Campos e Almeida (1794-1850).
Sá da Bandeira só assume efectivamente o governo em 14 de Outubro de 1837. Acumula formalmente a marinha até 25 de Outubro. Manuel de Castro Pereira Mesquita mantém-se nos estrangeiros, até 6 de Novembro de 1837. O visconde de Bóbeda na guerra até 30 de Outubro de 1837. João de Oliveira continua na fazenda, até 17 de Abril de 1838. Júlio Gomes da Silva Sanches no reino até 9 de Março de 1838. José Alexandre de Campos e Almeida na justiça, até 9 de Março de 1838

Ordem e liberdade – Quero a monarquia porque quero a ordem; quero a monarquia rodeada de instituições democráticas, porque quero a liberdade (Almeida Garrett, em 20 de Setembro).

O novo fiel da balança do poder – Só depois de 14 de Outubro é que Sá da Bandeira deixa de ser um presidente virtual, por andar nos combates, passando a chefiar efectivamente o gabinete. Mas, quando volta a Lisboa, ameaça não assumir tais funções (14 de Outubro). Pretende a criação de um Senado com membros vitalícios de nomeação régia, quando as Cortes Constituintes tinham optado pelo modelo electivo por 48 votos contra 43. Chega-se a uma solução de compromisso, quando se admite que a futura legislação ordinária possa modificar o modelo de segunda câmara (Outubro). Silva Carvalho propõe que os cartistas jurem a Constituição em elaboração (30 de Dezembro)

Remodelações – Em 25 de Outubro: Tojal passa a acumular a marinha.

Em 30 de Outubro: Francisco Pedro Celestino Soares na guerra, em lugar de Bóbeda.

Em 9 de Novembro: Sá da Bandeira nos estrangeiros. José Lúcio Travassos Valdez (1787-1862), 1º conde de Bonfim na guerra e na marinha.

Suspenso o diploma que abolia o tráfico de escravos – É suspensa a execução do decreto de 10 de Dezembro de 1836 que abolia o tráfico de escravos. Sá da Bandeira reconhece a respectiva impotência, falando até na influência de nações americanas e europeias.

Introdução da maçonaria irlandesa Criada uma loja maçónica do Rito Escocês Antigo e Aceite, Regeneração nº 338, sem obediência aos grandes orientes nacionais e directamente dependente de Dublin, protestando-se assim contra a politização das maçonarias (19 de Setembro).