a

Sobre o tempo que passa

Postais conspiradores, emitidos da praia da Junqueira, no antigo município de Belém, de que foi presidente da câmara Alexandre Herculano, ainda de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico, nesta varanda voltada para o Tejo

24.11.05

1640, Freitas Africano ou de como uma nação que nasceu e cresceu pode morrer

Por ironia do destino, teremos dentro de dias a comemoração inconveniente dos trezentos e sessenta e cinco anos daquilo a que convencionámos chamar a restauração da independência, depois de sessenta anos de domínio dito espanhol... apesar de nunca termos formalmente a independência e de apenas termos eleito um Filipe II que reinava em Madrid, Bruxelas e muitas outras partes da actual União Europeia, como rei de Portugal.

Daí que seja particularmente simbólica a edição da obra de Freitas Africano que mais de três séculos e meio depois é tirada das brumas da memória e da proibição pombalista. Porque vale a pena recuperar um dos textos justificadores de um movimento de libertação nacional, onde a acção insurreccional de 1 de Dezembro de 1640 apenas foi execução de um pensamento.

Se, sobre a matéria, já foram escritas todas as frases necessárias e eu próprio repeti muitas dessas ideias no breve estudo introdutório ao texto, não me parece que seja útil fazer hermenêutica do que deve ser pausadamente relido e repensado.
Apenas quero recordar que talvez ainda haja uma profunda corrente daquilo que pode ser qualificado como a tradição de um pensamento político português e que não se confunde apenas com um pensamento político em Portugal. Se para tanto se reunirem três condições: que continue a haver Portugal; que haja política; e que até possa existir pensamento.
Porque, para haver Portugal, talvez seja necessário detectar seguras âncoras que mantenham o que Alexandre Herculano qualificou como a vontade de sermos independentes. Coisa que não tem que significar o mesmo do que o exercício de certo conceito de soberania do absolutismo, onde à soberania externa de Jean Bodin, acresceu o delírio centralista da soberania interna de Thomas Hobbes.

Para querermos ser independentes, importa reconhecer-nos como instituição política, isto é, como ideia de obra, gerando manifestações de comunhão entre os cidadãos e com as consequentes regras processuais, a que podemos dar o nome de direito político, adequado a esse eu colectivo a que continuo a dar o nome de nação.
Para tanto, importa reconhecer que Portugal, enquanto génio invisível da cidade (Ferrero) é algo que se pode discutir, dado que, como obra humana, nasce, cresce e morre. Porque só existe como tradição regeneradora, como permanência na renovação.

Só existe como autonomia porque se foi sucessivamente reinventando e reidentificando, em torno de um eixo vital de objectivos nacionais permanentes.

Porque a autonomia sempre foi a soma da memória com os valores, tal como a “polis” sempre se assumiu como federação de aldeias em torno de uma acrópole, de uma colina sagrada, onde tanto há o palácio da governação como o templo da nação, sufragados pela praça pública que lhes dá sustento e que eles representam, em nome da participação da cidadania.

Só existimos porque, desde sempre, nos inventámos. Emergimos como “regnum” ou “respublica” na incubadora da liberdade europeia, dos séculos XII e XII, assumindo-nos como autonomia política, enquanto concelho em ponto grande, para utilizarmos a bela metáfora do Infante D. Pedro, e fizemo-lo quase federando muitas comunas, com e sem carta.

Consolidámos o processo no cerco de Lisboa, no quadrado de Aljubarrota e no discurso dos legistas das Cortes de Coimbra de 1385, numa das primeiras revoluções pós-feudais do nosso espaço civilizacional, quando preferimos o senhorio natural ao senhorio de honra.

Universalizámo-nos na armilar manuelina semeando concelhos e misericórdias pelo mundo fora e até aguentámos os desafios centrípetos da monarquia habsburga e vaticana, apesar de termos sido contaminados pelos receios da inquisição madrilena.

E reinventámo-nos em 1640, separando-nos de forma moderna, levando à prática o mapa de Fernão Álvares Seco de 1565 que, sem ser por acaso, é a primeira representação cartográfica de um Estado. Contudo, apesar de nos conformarmos de forma resistente, não pudemos ser impulso para a revolução atlântica, que passa pelas revoluções inglesa, norte-americana e francesa, porque nos perdemos em absolutismos de facto, até atingirmos esse clímax de despotismo a que demos o nome de Pombal.

Depois nos perdemos entre terramotos políticos e viradeiras, sem forças para regressarmos ao consensualismo. Esgotámo-nos em revoluções e contra-revoluções, com nacionalismos armados em soberanismos e centralismos e reaccionarismos usurpando a tradição dos factores democráticos de Portugal (Jaime Cortesão).
Quase chegámos a regressar ao consensualismo com a regeneração de 1820, mas fomos devorados pela balança de uma Europa das potências que nos proibiu o constitucionalismo da tradição. Mas, apesar de tudo, ainda resistimos, gerindo dependências e hierarquias internacionais e até conseguimos entrar na corrida colonial, em nome da qual entrámos na Grande Guerra de 1914-1918. Contudo, esgotados, entregámo-nos, depois, ao desencanto da viradeira salazarenta e a um restauracionismo despótico e doméstico com que voltámos a proibir a política.

Reinventámo-nos mais uma vez nos anos de 1974-1975, aguentando a Guerra Fria, a descolonização e, depois, a integração europeia e aqui estamos em plena crise dos desafios da globalização, onde importa lutar pela memória e pelos valores que as modas que passam de moda querem fazer apagar.

(lançamento do livro de Freitas Africano, na Faculdade de Direito de Lisboa, em 23 de Novembro de 2005)

23.11.05

Filosofia de gente qualquer, num simples café da manhã, em plena cidade



Às vezes, o carimbo nominativo de uma diabolização inquisitorial tenta apegar-se à carapaça de um qualquer sujeito, procurando acorrentá-lo a correntes facciosas, para que ele deixe de ser um homem livre. Nessas alturas, apetece clamar à resistência, nem que seja a de um qualquer exílio interno. E há momentos em que apenas somos simples pilares da tal ponte do tédio que nos pode levar entre dois tempos, entre um pretérito a que não apetece voltar e um futuro que desejamos. Há momentos em que apenas somos gente qualquer, simples folhas de Outono que o vento pode conduzir para o outro lado. Há momentos de um silêncio que é pequeno intervalo de solidão sem angústia.



Por isso, não vou hoje falar em presidenciais. Nos três principais cidadãos que apenas são mera consequência de uma teia sistémica que é a respectiva causa. Porque não passam de meros regressos anunciados, de simples divagações de uma literatura de justificação de vidas passadas, à procura de mais capítulos para as respectivas biografias, onde a pátria os deve servir, em vez de procurarem servir a pátria. Às vezes, os pesadelos nos acordam e volvem-se em insónias, pedindo para que os escrevamos. Essas frustrações oníricas que têm bem pouco de surrealismo ou de conto de fadas, mas muito daqueles filmes de terror infantil, tipo Feiticeira de Oz.



Hoje, não. Nem sequer posso contar de uma qualquer serena tristeza que me tenha acordado em amargura de revolta. Racionalmente, observo a habitual persiganga lusitana, especialmente aquela faceta da mesma, dominante em períodos de decadência e a que desde sempre chamaram inveja. Coisa que, na chamada motorização da história, não foi posta em devido relevo por Karl Marx, apesar de podermos confirmar que ela é bem superior à falecida luta de classes.



Há muitos que continuam a pôr-se em bicos de pé, só porque andaram, anos e anos, de pré-atrás, à espera de uma qualquer subtil oportunidade para assaltarem um lugar ao sol neste reino de sombras, com cadaveroso cheiro a putrefacção. Só a mobilização pelo sonho nos poderia levar a crescer para cima e a crescer para dentro. De outro modo, a possibilidade de uma revolta de escravos acaba por perder-se em ninharias, provocadas pela baixeza das ciumeiras, onde algumas figuras de inequívoca grandeza acabam por perder-se.

Daí que muitos não queiram sair da encruzilhada e acabem por esmorecer, quando não por desistir. Quando o processualismo hipócrita dominante nos regimes marcados pelo governo dos espertos acaba por esmagar a necessária comunhão institucional, são as próprias raízes institucionais que acabam contaminadas.




Assim vai secando a alma deste país de primas-donas que, em lugares de Estado, não sabem conter as respectivas idionsicrasias, só porque se fingem notáveis engenheiros na manipulação carreirística. Como se a pátria, que é de todos, possa estar dependente das incontinências de humor de tais sumidades.

Prefiro ouvir, de vez em quando, as simples conversas de café, de operários bem aristocratas, discutindo esta ou aquela obra difícil que executaram, como se fosse artesanato feito com amor de mãos e mente. Quantos milhões e milhões de homens não perdem suas ideias na solidão de pensamentos inconversados e não registados pela escrita? Quantas vidas não há que, contadas, nos dariam brilhantes reflexões de viagens à volta de nós mesmos?

22.11.05

Sejamos independentes e dignos dos objectivos nacionais permanentes!



Dizer que a morte de um soldado em combate equivale a um simples acidente previamente admissível pelo tecnocrático cálculo das baixas de uma missão militar ou acentuar que o mesmo é um mero voluntário reduzindo a trágica circunstância ao aleatório do jogo da vida e da morte numa profissão de risco é negarmos o nosso próprio fundamento nacional. Quem não entender que as pátrias são comunidades simbólicas fundadas em laços de amor nunca poderá assumir que só podemos amar as coisas pelas quais estamos dispostos a dar a vida.



Quadro de Sousa Lopes, Museu Militar de Lisboa

Aliás, neste regime que deve a sua existência e estabilidade tanto a um golpe militar como ao voluntário regresso dos militares aos quartéis, pela renúncia ao poder de controlo da legalidade revolucionária, temos assitido, sem muitos queixumes, à redução das próprias forças armadas a um mero corpo técnico, destinado a intervenções cirúrgicas de pequena monta, como auxiliares dos nossos tradicionais aliados. Nota-se até um certo clamor que as pretende transformar em mero sucedâneo de forças policiais ou civis, nomeadamente de bombeiros e guardas fiscais. Mais recentemente até as deixámos enveredar por redutores movimentos sindicais, com muitos comunicados e notas oficiosas, em ritmo de guerra de papéis, a que não faltou o espectáculo das manifestações de rua ou de jantar.



Transformámos até aquilo que eram prestigiadas instituições de consenso nacional em quase clubes de certas cliques universitárias ou de gabinetes de estudo de fragmentações sediciosas, promovidas por ministros do reino de vontade estranha, que usaram e abusaram do saneamento e da inquisitorial devassa, num ambiente mais próximo do politiqueirismo das comadres e dos compadres que do necessário esforço de pensamento convergente com os objectivos nacionais permanentes. Não faltam imensas guerrazinhas de homenzinhos, com telenovelas, passagens de modelo e tragicomédias, onde entraram espiões e simuladas fugas aos segredos de Estado que ainda há não muitos anos até levaram à demissão de um venerando ministro.



Por mim, não gostaria de ver resvalar as nossas forças armadas para uma tecnocratice que as venha a enfileirar nas teias integradoras de uma nova Grande Armada, que se julgue invencível e acabe derrotada. Nem gostaria de meras chefias que se reduzissem a engenheiros da teoria das organizações, capazes de um grau de prontidão interessante na execução das ordens de um qualquer "big brother" que nos faça parcela de um super-sistema independente da vontade nacional. Preferia instaurar um regime militar helvético, como chegou a ser sonhado pelo governo provisório da Primeira República.

Repito o que há dias aqui enunciei: não há democracia sem soldados. Não há política sem democracia. Não há democracia sem pátria.

Dos pulos do super-mário ao necessário Sancho Pança, com passagem pela física das partículas, Jean Monnet e o afro-estalinismo libertador



Imagem roubada aos pássaros

Hoje parece que há muito para comentar, neste país com cerca de 1 800 000 idosos dos quais 300 000 estão em risco de pobreza e que estragam as finanças do Serviço Nacional de Saúde e o défice da Segurança Social, apesar de termos um candidato presidencial de mais de oitenta anos que se assumiu como "um estímulo para todos os idosos", porque salvou o país da bancarrota e o quer salvar de Cavaco e de Alegre, porque nunca será um traidor, não precisa de guarda-costas e anda a pregar por várias freguesias, sem fazer qualquer presidência aberta sobre o envelhecimento activo. Contudo, para evitar qualquer censura do "Super-Mário" com citação gloriosa no "Pulo do Lobo", quero declarar que me impressiona positivamente este frenesim do nosso ex-pai da pátria, porque admiro quem tem o prazer da política como combate e como palavra viva. Se ainda não me leva o voto, já prefiro não dizer que desta água nunca beberei.



Quero apenas notar que foi ontem encerrado o ciclo de uma certa aventura da dita avaliação do ensino superior. Bastou um simples discurso do esfíngico e notabilíssimo ministro das ciências exactas e das universidades místicas, para que o mais cavaquista dos membros do presente governo socialista, atendendo ao perfil de física das partículas com que sempre geriu os respectivos silêncios, proclamasse a nova teoria da hiper-relatividade da nossa autonomia nacional.



Afinal, os ilustres primazes que nos avaliavam, em regime de transacção lobística entre escolas públicas, privadas, concordatárias e politécnicas, apesar dos muitos gastos e honrarias, têm que ceder a comissões de sábios, não estrangeiradas, mas supra-nacionais, vindas do sítio criado pelo discurso de Marshall e onde tivemos como embaixadores Pedro Roseta, Basílio Horta e Ferro Rodrigues. E tal como na história do ovo de Colombo, afinal todos estão de acordo com o furo, promovendo-se novas visitações a esta periferia lusitana, dado que as anteriores não satisfizeram, talvez por tais profes serem tão ilustres quantos os ilustres reformados, eméritos, jubiliados e aposentados que avaliavam aquilo que uma semana antes geriam.



Mais interessantes foram as declarações de fé continentalista e anti-britânica de um ilustre ex-candidato presidencial de direita, agora ministro da esquerda, dizendo que Londres se integrou na dita Europa depois dele. Talvez depois do dito ter sido vice-presidente da UEDC ou militante do PPE, cujo cartão já não ostenta. Ficámos siderados com este apelo de cruzada anti-londrina, ao melhor estilo do propagandismo do "Prá Frente" contra o "Sempre Fixe", segundo o estilo de Daniel Proença de Carvalho e João Braga e fazendo-nos recordar a respectiva partricipação em comícios do Bloco de Esquerda contra Bush e a globalização.



Os novos moinhos de vento do conhecido dramaturgo lusitano, afamado biógrafo de Viriato e Afonso Henriques, são precisamente os descendentes de D. Filipa de Lencastre e de Winston Churchill, a quem devemos a vitória contra o nazismo e de quem o inspirador da presente construção europeia, um tal Jean Monnet, sempre disse serem imprescindíveis para um conceito universal da Europa, longe dos provincianismos geométricos de certos engenheiros de conceitos que também nunca perceberam o "oui par le non" do europeísmo gaullista. Aliás, também faz parte da equipa ministerial de quem costuma escorregar na banheira das selvas africanas, um não menos ilustre secretário que reduziu o conflito angolano a uma luta do afro-estalinismo libertador contra um Hitler africano, ofendendo milhões de seres que tiveram a coragem da paz dos bravos, cedendo a um qualquer preconceito da doença infantil do doutorismo.



A pátria não tem que servir de alibi para se eliminarem patológicas dores de cotovelo presidenciais. E a democracia não nos pede serviçal obediência a venerandos ministros de pretenso estadão. Por mim, prefiro a sabedoria de um qualquer Sancho Pança que opte por seguir de burro, em vez de correr atrás de dulcineias da frustração. Por isso, continuo a dizer, sem diplomática mesura, que, nesta teatrocracia de quem ostenta o microfone do poder, há muitas ilustres tristes figuras que vão nuas de crenças, sonhos e princípios, coisa que normalmente sucede aos que, perdendo a bússola das ideias, entram em certo rodopio das cabras-cegas e não conseguem saber do necessário Norte que nos dê rota para navegarmos rumo a um qualquer porto seguro.

21.11.05

De Madonna a Garcia Pereira, mas sem música celestial



Muitas vezes começamos a escrever sem termos mesmo nada para dizer, confiando que, do mero ritmo de uma escrita automática, possa emergir uma qualquer ideia que nos acorde do torpor, para que, palavra a palavra, possa nascer o "logos" que capture uma qualquer semente de pensamento, neste fluir da palavra escrita que vai viajando pelo grande armazém do espírito desse colectivo da humanidade que é a multidão dos muitos milhões de homens que vivem no ritmo do fala-só. Por mim, bastou-me sentir o último "videoclip" de Madonna para concluir que os norte-americanos nos conseguem conformar o gosto quotidiano, só porque souberam transformar uma "way of life" em valores tão naturais quanto o próprio ar que respiramos.



E reparo como nalguns blogues de candidaturas
presidenciais se perde a agressividade propagandística das ideologias e se humanizam os revolucionários em mergulhos nas águas azuis, por onde os proletários se afundam e os grandes educadores andam à caça dos pides que morram na rua. Por mais que se esforcem, não conseguem copiar o estilo da "american way of life", essa espécie de selecção europeia dos emigrantes insatisfeitos, à procura de um novo mundo que, no além-mar, semearam a filosofia do desejo do homem comum. Daí que seja paradoxal a obsessão pelo discurso anti-americano que domina certas falsas elites lusitanas que citam Noam Chmsky para criticarem George W. Bush. Os mais americanistas de nós todos podem ser afinal os que traduzem em calão o discurso anti-americano que da América nos vem.



Chuva, capitaleiros, voyeurismo, freitismos e missas por alma de Salazar e Franco



A fluida chuva vai plenificando o ar da manhã e todos vamos sorvendo as gotícolas de um molha-tolos que nos vai felizmente ensopando. Fecho os ouvidos às notícias que nos trazem os bailados das candidaturas presidenciais e os discursos enlatados dos principais actores do processo. As pingas continuam impertinentes, insistentes, saudosas, enchendo barragens secas, lavando as ruas cinzentas da cidade e convidando-nos a ficar em casa. E não apetece circular pela engenharia analítica do nosso político-social, porque em tais teias não vislumbramos qualquer sinal de esperança, mesmo que os qualifiquemos como do mal, o menos.



Os capitaleiros são uma estreita casta social que há dois séculos vive entalada entre as sinecuras concedidas pela mesa do orçamento, distribuídas pelo Terreiro do Paço, e o culturalmente correcto, gerado pelas divagações etéreas na linha de Cascais, com direito a férias no além-Portela e finíssima educação nas mecas da Europa e dos States. São eles que proclamam em quem povo deve votar, para atingirmos a modernidade, e como o mesmo povo deve ser educado, para se livrar das trevas medievais. Há dois séculos que eles estão sempre de acordo com o vento novo e até conseguem conjugar o tempo do verbo da moda que passa de moda.



Os últimos exemplares desta espécie em vias de extinção, filhos de gente bem salazarenta, viveram os delírios sessentões da extrema-esquerda do "make love, not war", apesar de agora teorizarem a moderação com as tesouras do verbalismo radical, não vá alguém reparar que só é novo aquilo que se esqueceu. Para visitarmos a reserva ecológica onde ainda se manifestam esses descendentes dos sucessivos devorismos que fazem apodrecer os nossos regimes políticos, basta visitarmos alguns dos repositórios das representações sociais de tais donos do poder, percorrendo algumas folhas de opinião que nos querem controlar e certos livros de pretensas memórias, onde eventualmente podemos excitar-nos com alguns "voyeurismos" e inconfidências.



E lá vamos ouvindo em fundo o ruído dos presidenciais que não passam de mera consequência de uma teia sistémica que lhes dá causa. Não passam de regressos anunciados, de simples expressão de certa literatura revisionista de justificação, onde a invocação de vidas passadas apenas anuncia a eventual chegada de mais uns louros para as distintas biografias que já ostentam. Vale-nos que o ministros dos estrangeiros em Portugal clama contra a presidência britânica da União Europeia, dizendo que Londres não assume uma política entusiasticamente europeísta, enquanto de Espanha nos vêm ecos das manifestações franquistas do Vale dos Caídos, trinta anos depois da morte do dito generalíssimo.


Felizmente que, por cá, já não se fazem missas em memória de Salazar, pois os respectivos ministros e hagiógrafos preferem um lugar de quentinho tacho, nas comissões de honra dos presentes candidatos presidenciais. E não o fazem como os tradicionais viracasacas e adesivos, mas antes como confirmadores da efectiva evolução na continuidade, assim demonstrando que, para além dos regressos, o que é permanecente nesta decadência da pátria reduz-se à falta de vergonha, nessa moluscular postura dos flexíveis sem espinha que sabem gerir as flutuações do politicamente correcto.



Na verdade, todos os situacionismos coincidem na mesma gentalha de perfil ministerial, onde os ministros do "ancien régime", à espera da viradeira, nunca iriam a missas por alma do defunto que serviram, coisa que apenas cabe aos maluquinhos extremistas que não sabem fazer a tradicional bissectriz, que vive dos oportunismos dos que sabem ler os sinais dos tempos.

18.11.05

Nunca fui militante e muito menos dirigente do PP

Image hosted by TinyPic.com

O semanário "O Independente" traz hoje uns comentários meus ao discurso da candidatura presidencial de Jerónimo de Sousa. Apesar de terem surgido através de uma entrevista telefónica, foram correctamente seleccionados em quase todas as secções. Apenas o título não corresponde aos meus devaneios interventivos. Daí ter mailado o seguinte à jornalista Liliana Valente:

Apesar das dificuldades naturais da comunicação telefónica, julgo terem sido seleccionados de forma correcta os meus comentários ao discurso Jerónimo. Peço, contudo, que seja feita uma correcção: nunca fui militante e muito menos dirigente do PP de Manuel Monteiro. Fui militante e dirigente do CDS, sem PP, uns anos antes, com Francisco Lucas Pires e Adriano Moreira e passei a dissidente com o regresso de Diogo Freitas do Amaral. Não regressei com Manuel Monteiro, nem com Paulo Portas, nem com José Ribeiro e Castro. Colaborei também com a fundação da Nova Democracia, presidida por Manuel Monteiro, mas também decidi dissidir já lá vai um ano.
Como saliento no meu blogue (http://tempoquepassa.blogspot.com/) assumo-me como "um tradicionalista que detesta os reaccionários", e que "para ser de direita, tem de assumir-se como um radical do centro. Um liberal liberdadeiro deve ser libertacionista para servir a justiça. Tal como um nacionalista que assuma a armilar tem de ser mais universalista do que soberanista"... Para bom entendedor, até nem são meias palavras.
Desculpe este desabafo identitário....mas só assim se compreende como chamava soberanista ao Jerónimo. E aos outros que não eu...
José Adelino Maltez

Não há democracia sem soldados, não há política sem democracia, não há democracia sem pátria.



No momento em que tomamos conhecimento da morte de um soldado português na guerra da grande coligação internacional contra o terrorismo, no Afeganistão, importa recordar o discurso de Péricles em 430 a.C., considerado o discurso fundador da democracia ocidental e proferido precisamente em homenagem aos soldados mortos pela pátria. Numa democracia onde não estávamos habituados à dimensão da tragédia, importa reconhecermos em solidariedade a memória desse soldado morto ao serviço da nossa comunidade política, sem cairmos nas habituais tentações das cobardes carpideiras. Não há democracia sem soldados, não há política sem democracia, não há democracia sem pátria.


“Temos um sistema político... que se chama democracia, pois se trata de um regime concebido, não para uma minoria, mas para as massas. Em virtude das leis (...), todas as pessoas são cidadãos iguais. Por outro lado, é conforme a consideração de que goza em tal ou tal domínio que cada um é preferido para a gestão dos nossos negócios públicos, menos por causa da sua classe social do que pelo seu mérito. E nada importa a pobreza: se alguém pode prestar serviço à comunidade, não é disso impedido pela obscuridade de sua categoria. É como homens livres que administramos a polis... ”


17.11.05

O choque em cadeia das presidenciais ameaçando a blogosfera



Vários candidatos presidenciais, marcados pela vertigem eleitoralista, chocaram-se hoje, em plena campanha. Para alguns, o culpado foi, mais uma vez, o fatídico nevoeiro sebastianista. Para outros, os defeitos da condução. Julgamos que se todos fossem de burro, haveria menos chapa batida.

Acontece, contudo, que nas minhas peregrinações pelos parceiros da blogosfera, cheguei à triste conclusão que este campanheirismo presidencial transformou vozes até aqui independentes em simples militantes desse efémero, sendo raros os blogues de referência de alguns destacados apoiantes do cavaquismo, do soarismo e do alegrismo que conseguem escapar à tentação. Alguns deles, praticamente deixaram de ver mais mundo, para além das virtudes dos candidatos que apoiam, deixando-nos empobrecidos. Ben preferiria que reservassem o propagandismo para os blogues colectivos e não-oficiais das comitivas candidatas.

Apenas apetece dizer que neste Novembro de dias cada vez mais curtos, cada vez mais frios, quando nos revestimos de lã e acendemos as lareiras, vai apetecendo o calor do lar vencendo a solidão da revolta. Porque o cair da folha é apenas sinal de um renascer que há-de florir na primavera. E como todos os outros, eis que me resguardo em semente preparando o regressar do sol, esperando que ele trespasse as vidraças que me aconchegam, para que as fibras do sonho mobilizem o torpor.

Prefiro a plenitude do combate ao cinzento da cobardia



Passei alguns dias a peregrinar pelo mistério da polis, viajando pelos meandros daquelas comunicações íntimas com as profundas correntes do pensamento, onde as ideias não têm tempo nem sequer direitos de autor e até nos sentimos humildes discípulos e servidores de uma continuidade neo-clássica da política, entendida à maneira greco-romana, quase como uma religião secular.

Nenhum desses papagaios das vulgatas gnósticas que por aí pululam no pensamento dominante, das modas que passam de moda, e que, de vez em quando, têm a ilusão de nos comandar, só porque pensam ser o pensamento único de uma pretensa elite que arroga no monopólio da inteligência, é capaz de assumir a humildade de se reconhecer como simples servidor da ideia plurissecular de democracia, respublica, regnum ou Estado de Direito.



As ideologias que enclausuraram o século XX, e que ainda nos prendem, talvez não passem de operações massificadas por intelectuários que colheram as sementeiras filosóficas do século XIX, nesse jogo do longo prazo em que se traduz a política. Porque o chamado progresso, enquanto aumento quantitativo da cultura, não assentou em sólidas e profundas raízes civilizacionais.

Os acontecimentos de encruzilhada que nos marcam, neste dealbar do século XXI, são assim meras consequências de um paralelograma de forças ideológicas passadas e dos respectivos subsolos filosóficos. Importa, pois, ir além daquela espuma dos acontecimentos que marca o ritmo da hiperinformação desta aldeia global que, hora a hora, nos traz notícias em forma de relato pretensamente histórico, conforme o ritmo dos telejornais. Importa viajar nos meandros dos sistemas de ideias que já não pensadas por ninguém e nas teias da pirâmide conceitual das ideologias, para podermos atingir o subsolo de pensamento onde radicam.



De qualquer maneira, a consciência da crise política que vamos vivendo leva alguns a voltar a ter a ilusão da ideia geométrica de reforma do sistema político, como se fosse possível passarmos de mero corpo político a estruturado organismo político sem ser em nome de uma ideia de política, em nome da racionalidade e da virtude da justiça. Daí cairmos em certo desespero, a que damos os nomes de revolução ou de tradição, com o qual procuramos regenerar o corpo decadente, rejeitando o tempo perdido e procurando a pureza primitiva que nos fundou, sempre em torno do nosso próprio eixo.

Sabemos, de pensamento pensado, que qualquer sistema degenera, quando esquece a ideia original que lhe deu empresa, esse impulso genético donde se veio e para onde se tende. Logo, qualquer reforma, longe de ser movimento pelo movimento, tem que relembrar a ideia matriz e procurar o mais além que nos deu raiz.



Quando um sistema esquece os princípios que lhe deram princípio todo o esforço de mudança se pode perder nos meandros decadentistas da rotina, onde os que desesperam podem superar os que ainda têm esperança.

De outro modo, podemos cair no vício positivista do rebaixamento dos fins da polis se apenas elaborarmos doutrinas de um dever-ser pensado no simples acaso de uma conjuntura. Porque, se confundirmos o transcendente com um mero politicamente correcto da simples encruzilhada, corremos o risco de transformarmos o além num mero articulado, embalado no papel de fantasia da abstracção codificante, ao estilo dos constitucionalistas que comentam as crises quotidianas nesta teledemocracia, enredada nas teias conceituais hierarquistas de certa engenharia de seita.



E quando, para compensarmos a secura da hermenêutica constitucionalista, recorremos aos filósofos de pacotilha, como são os importadores de ideias exóticas que servem de agentes colonizadores, porque maus estrangeirados, podemos padecer daqueles habituais engasgamentos que mandam o patego olhar para o balão de certo provincianismo mental que nos endogamiza. O mais que nos pode acontecer é continuarmos a alimentar a bolsa dos “best sellers” das ideias enlatadas, onde abundam os que dizem mal de nós mesmos só porque se destribalizaram, nessa habitual cedência ao pacovismo da ilusória modernidade que nos faz traduzir em calão arrabaldes de Paris, Londres ou Washington.

Detesto essa modernidade empacotada do dever-ser que regista, no cúbico concentrado de uma ideologia, todos os sinais dos pretensos amanhãs que cantam, explicando os recentes motins de Paris com os mesmos argumentos com que analisam a ascensão ao poder de Bush, da guerra do Iraque ou do Holocausto. Daí que, neste portuguesíssimo dealbar do século XXI, todas as discussões doutrinárias entre a direita e a esquerda se façam entre antigos marxistas-leninistas-estalinistas-maoístas, desde os neo-liberais de pacotilha, que nos vendem doutrina social católica, aos neo-socialistas ditos utópicos, que cantam a ecologia ou lutam contra a globalização.



Acontece até que algumas destas sumidades se assumem como o paradigma do académico, não faltando os que apenas pintam de autenticidade meros fantoches em delírios semoventes, nomeadamente os que, sentados no coiros dos subsídios, continuam a invocar a respectiva estrada de Damasco, numas quaisquer férias universitárias onde encontraram a luz que os fez afastar dos antros apodrecidos de uma juventude extremista. Desses pretensos monopolizadores do politicamente correcto só porque depois se transformaram em transportadores da pasta de dois ou três manitus, em regime de carência afectiva de discípulos. Porque continuam por aí a circular dois ou três vermes gerontocráticos cuja falta de autenticidade tanto os levou a fazer discursos institucionalistas, quando as instituições que lideravam lhes serviam de instrumento para a personalização do poder, como logo a seguir procuraram despedaçar a boneca e quando passaram para o adversário, onde vislumbraram a continuidade frondosa do respectivo eucaliptal, feita de muitas chorosas viúvas da revolução frustrada.



E nesta terra de cegos, eles continuam a despedaçar bonecas institucionais, apenas porque lhes deram agendas carregadas de teclas donde podem premir a obtenção rápida do elogio ou do subsídio, neste regime de mão estendida e de bailados de corte, onde muitos dobram a espinha. Porque o pior da falta de autenticidade é o modelo do psicopata sentenciador e oracular que, vestindo o hábito do pensador, apenas transforma a falsidade na roupagem vocabular do falso mestre-escola. O que, variando de norte e de discipulagem, apenas se notabiliza por trair os ingénuos crentes, dado que não consegue assentar em qualquer profunda corrente do pensamento.

Por mim, prefiro continuar nesta encruzilhada de resistência, neste individual prazer de preferir a renúncia à cedência, dizendo “não, não vou por aí”. Prefiro a plenitude do combate ao cinzento da cobardia.

16.11.05

Doze glosas voegelinianas, aqui e agora



1. A verdadeira ciência da política, vestida com o hábito de certa ciência política, foi usurpada pelas ideologias do cientismo que, afinal, são uma continuação da gnose. Porque transformaram a política num adjectivo e a ciência num simples método ideológico. E tudo aconteceu porque o mundo do pensamento perdeu o sentido dos gestos; porque a política deixou de ser procura do melhor regime e deixou de enraizar-se numa paideia. O pensamento passou a ser literatura de justificação da ordem estabelecida (posita in civitate), perdeu o norte da justiça e a raiz da pátria. Perdeu o universalismo e perdeu a tradição.

2. A verdadeira ordem é a ordem justa. E os conceitos analíticos da ciência da política só o serão se ela voltar a ser ciência da polis, ciência dos actos do homem enquanto cidadão. Diversa da ciência dos actos do homem enquanto membro da casa (economia) e da ciência dos actos do homem enquanto indivíduo (moral).

3. Importa retomar o núcleo duro da ciência da política, essa raiz que é a chave da abóbada. O alfa que é o ómega da procura do pensar a política. Porque no princípio estão os princípios, aquela procura da felicidade que é ir além da autarquia e procurar a boa sociedade. Uma polis suficientemente grande para gerar governabilidade e suficientemente pequena para permitir a cidadania/participação. Para conciliar o poder e a liberdade, a comunidade e o amor. Numa polis que continua a ser pequena demais para os grandes problemas da vida e grande demais para os pequenos problemas da vida (Daniel Bell) e onde o Estado está acima do cidadão, mas o homem está acima do Estado (Fernando Pessoa).

4. Política, direito e economia são parcelas de uma mesma ciência da ordem, de uma mesma ciência arquitectónica. Onde a procura da verdadeira ordem impõe que se vá além da mera ordem da conjuntura.

5. Existe o perigo das elites espiritualmente imaturas, sem rigor espiritual e sem disciplina analítica. Onde a doxa veste o hábito da episteme. Porque o hábito não faz o monge e o palavrar demagógico salta para fora da polis.

6. A verdade só vem dos que aprenderam a pensar pela conversão interior, de forma racional e justa. Porque se eu disser ordem posso pensar no mero ordinalismo autoritário da ordem externa, da ordem pela ordem, do mero equilíbrio mecânico de um "status", de um situacionismo que nos dê segurança sem justiça, como o salus populi levitânico, da razão de Estado ou do desenvolvimentismo. Logo, a terapia da procura da ordem implica a abertura amorosa da alma ao fundamento da sua ordem que está no além. Contra o modelo decretino das grandes ideias em sistema

7 Há que denunciar o domínio da ciência da política pelo método empírico-analítico de um sociologismo neopositivista, justificado pelas ilusões da hiperinformação contemporânea. Há que recusar as proibições do perguntar, esse fechamento contra a ratio. Que equivale a uma desordem. Porque a ditadura dos perguntadores apenas nos permite a ratificação plebiscitária


8. Há que ser contra a ideia do homem como operário em construção, dessa ilusão de um homem novo contra o homem de sempre, nesse desfazer o mistério do transcendente, decretando-se uma ideologia segundo a qual o homem solitário pode ser maître et seigneur de la nature

9 Política não é ciência da casa (oikos nomos). Até inventámos a polis para deixarmos de ter um dono, um dominus ou um oikos despote. Há que repudiar o regresso ao doméstico.

10 Há que rejeitar o método da pirâmide conceitual que nos faz engenheiros de definições e conceitos supra-infra-ordenados, dependentes do conceito matriz.

11. Há que denunciar a redução da razão ao estreito racionalismo, essa impostura intelectual da não-essência e da não-sabedoria. Porque a consequência é uma ideia de revolução do processo histórico. Dos amanhãs que cantam. Das vanguardas. Da intelligentzia. Onde a linguagem pode ser filosófica, mas não a sua substância e não a sua intenção.

12. Também consideramos que os três subsolos filosóficos no século XIX:

Comte
Marx
Nietzsche

produziram as sete principais ideologias no século XX

Progressismo
Positivismo
Marxismo
Psicanálise
Comunismo
Fascismo
Nazismo

Todas geraram movimentos de massas de elites, porque os intelectuais podem ser massificados, nessa identificação entre gnósticos e revolucionários.

Recordando Eric Voegelin



Eric Voegelin constitui, sem dúvida, uma das referências fundamentais do universo contemporâneo das ideias. Principalmente por ser um insigne representante da íntima ligação entre o pensamento europeu e o pensamento norte-americano do pós-guerra, à semelhança de outros gigantes, como Leo Strauss, Carl J. Friedrich e Hannah Arendt, que a euforia genocida das perseguições hitlerianas obrigou a uma travessia do Atlântico. Uma geração que manteve, nesse Novo Mundo, a arca dos segredos teóricos da liberdade europeia, daquilo que o mesmo Voegelin considerou como a ciência clássica e cristã do homem, onde o fundo ateniense, platónico e aristotélico, reanimado pelo estoicismo romano e pelo vigor espiritual judaico-cristão, produziu aquele humanismo activista que sempre ousou nascer de novo, refazendo as sucessivas renascenças e promovendo aquelas regenerações que sempre visaram regressar para seguir em frente .

Falamos evidentemente daquelas correntes contrárias à modernidade do cientismo, iluminista ou positivista, que alguns alcunham de conservadoras, e que o não deixam de ser, se as entendermos como conservadoras do que deve ser, isto é, dos princípios, mas que, contudo, se manifestam como irreverentemente inconformistas, quando não insolentes, face ao situacionismo mental da modernidade, que apenas pretende conservar o que está. Aliás, a comunidade instalada nas terras norte-americanas, fiel ao acto fundacional da respectiva res publica, sempre constituiu uma espécie de refúgio para todos os que, peregrinando pelas origens, conservam fidelidade ao princípio da continuidade histórica das instituições políticas, tendo até transformado a independência norte-americana naquela revolução evitada que permitiu o transporte do consensualismo anti-absolutista, tardo-medieval e renascentista, para os nossos dias.


Ao contrário de alguns dos mitos de certa concepção cientificista da modernidade, Voegelin propõe, tanto para o direito como para a politologia, um modelo neoclássico de ciência de princípios, isto é, o regresso à autêntica perspectiva teórica que nunca significou uma separação da praxis. Primeiro, porque não é possível que se atinja o nível da teoria sem que se parta de uma base empírica. Segundo, porque não há teoria sem experiência.

Tanto a base empírica como o modelo de experiência nada têm a ver com os postulados das regras do método da chamada modernidade, pós-cartesiana e positivista, correntes que, transformando aquilo que sempre deveria ser entendido como caminho (a noção etimológica de método) num fim, usurparam a perspectiva da razão, recobrindo, com os nomes de racionalismo e de cientismo, uma ideologia que nunca coincidiu com os autênticos conceitos de razão e de ciência. Isto é, inverteram a natureza das coisas, esquecendo-se dos fins pela absolutização dos meios e não lembrando que a verdadeira ciência sempre foi entendida como o consenso daqueles que pensam de forma racional e justa no sentido da superação da opinião pelo conhecimento.

Acontece que, segundo Voegelin, a verdadeira teoria, como explicação de certas experiências, só é inteligível para aqueles que, tendo atingido a maturidade ( spoudaios de Aristóteles), conseguem reproduzir imaginativamente as experiências que a teoria procura apreender, isto é, para aqueles onde se despertem experiências paralelas como base empírica que sirva para testar a base da teoria. Porque a razão, enquanto logos, não se reduz ao intelectualismo e ao voluntarismo, exigindo também imaginação. Porque o verdadeiro homem de razão, aquele que procura a recta ratio, não pode excluir o animal simbólico, essa zona fundacional do homem onde têm de harmonizar-se todas as potências da alma, da razão e da vontade à própria imaginação.

A modernidade transformou a teoria numa escrava do método, levando a que os meios passassem a ser superiores aos fins e gerando aquelas rupturas epistemológicas que conduziram aos extremos do materialismo e do idealismo, perspectivados como contrários. Como se a natureza das coisas em sentido clássico não exigisse uma espécie de transcendente situado, dado que no imanente está o transcendente, porque só por dentro das coisas é que as coisas realmente são. Esse desespero gnoseológico, que transformou a dialéctica numa luta de contrários, esquecendo a possibilidade de uma dialéctica de distintos, passível de circularidade e de harmonia. Esse exacerbado absolutismo que provocou o dualismo do bem e do mal, cada qual situado em lugares conflituantes, como se as coisas más não tivessem muitos pedaços de bem e as coisas boas, fragmentos de mal.

Marcado por outra postura, considera que as ideias não têm história, quase coincidindo com a perspectiva de Arnold Toynbee, para quem existiria uma contemporaneidade filosófica de todas as civilizações. Neste sentido, a sua aposta num regresso às origens platónicas, aristotélicas e tomistas do pensamento ocidental, nada tem de retroacção reaccionária contra a modernidade, significando, pelo contrário, um seguir em frente, de acordo com o sentido regenerador daquilo que Fernando Pessoa (1888-1935) metaforizou como o ter saudades de futuro. Nem sequer pode confundir-se com a recente moda da pós-modernidade onde alguns adeptos tardios do mesmo dogmatismo cientificista se mostram arrependidos sem, no entanto, recusarem o essencial da metodologia anterior.

Assim Voegelin defende que a racionalidade plena dos meios depende da racionalidade do fim, exigindo que a ciência do direito se integrasse numa ciência do bem maior, isto é, da felicidade. É que a modernidade, tal como explodiu nos contemporâneos séculos XIX e XX, mais não foi do que um secularismo, que ousou fechar a alma ao transcendente e desintegrar a própria filosofia, gerando-se o mito desenvolvimentista de progresso, filho das ideias de processo histórico, que negou a possibilidade de crescermos para cima e para dentro, como propunha Teilhard de Chardin. Uma ruptura que teria sido produzida quando o homem, ao decepar-se do Mundo e, consequentemente, de Deus, encheu de sombras e de vazio a sua interioridade, impedindo que ele acedesse à teoria, de acordo com aquele ensimesmamento de que falava Ortega y Gasset, e que não vivesse a experiência imaginativamente, esse camoniano vale mais experimentá-lo que julgá-lo, mas situado numa Ilha dos Amores, onde também se admite o julgue-o quem não puder experimentá-lo. Quando o homem deixou de entender o Mundo como sistema aberto a um transcendente, onde tanto pode estar Deus como o logos.

Importaria que a alma se abrisse ao transcendente que tanto pode ser o nous e o agathon de Aristóteles e Platão, respectivamente, como o tal logos dos estóicos e dos cristãos. De qualquer maneira, o direito e a sociedade reflectem as concepções do mundo e da vida dominantes. Em civilizações cosmológicas, a ordem aparece como um microcosmos, enquanto em civilizações antropológicas nos surge como um homem em ponto grande, um macro-anthropos. A ruptura deu-se quando, na sociedade ocidental, deixou de existir um equilíbrio entre a razão e a revelação, como fontes autorizadas de ordem, situação provocada pelo ambiente cultural anti-religioso e anti-filosófico. Uma ruptura que atingiu o seu clímax nos totalitarismos contemporâneos, por causa da ascensão de movimentos doutrinais gnósticos que tentaram a ordenação da sociedade pela fusão da autoridade normativa com a autoridade poder.

É nesta zona que Voegelin faz entrar o problema do direito, enquanto ordem normativa, do direito entendido como aquela representação da realidade que faz exigências à própria realidade. Essa ordem normativa, irmã das ordens normativas da religião, da política e da moral, e até da própria economia, quando esta procura a espontaneidade do kosmos, como notou Hayek. Essa ordem normativa que expressa tanto a tensão entre a ordem empírica, isto é, a ordem social existente, e uma outra ordem superior, a ordem substantiva, a ordem do ser ou a ordem verdadeira, para utilizarmos a terminologia voegeliniana.

E aqui, o nosso autor, retomando algo da Idade de Ouro de Platão, apela à ideia regulativa de uma espécie de ordem primordial, marcada pela harmonia entre o homem, o Mundo e Deus, um alfa que sempre continuaria a ser um ómega, esse tal mais além, de onde se vem, para onde se vai, e que nunca correspondeu a um facto histórico, a algo que se teria verificado no tempo e no espaço, como o defenderam certas teorias do contrato social.

Nessa ordem verdadeira, do antes e do depois, residiriam as verdadeiras regras, o objecto perfeito, a lex animata, o direito vivo, insusceptível de ser criado ex novo, ou ex nihilo, mas apenas passível de descoberta. Essa ordem verdadeira, equivalente à physis dos gregos, antes da ruptura dos sofistas, esse estado regulativo de um nomos basileus, próximo daqueles mores maiorum dos romanos, a que só os prudentes podiam aceder, tirando o véu, desvelando ou interpretando.


Nesta argumentação, retoma o sentido platónico e aristotélico da natureza das coisas. Assim, a ordem verdadeira de Voegelin é quase o mesmo que a politeia de Platão, a polis melhor ou a ordem perfeita, pouco diferindo da boa sociedade de Aristóteles ou do bem comum de São Tomás de Aquino. A verdadeira ordem é o melhor regime da polis, a ordem perfeita, a ordem justa, estando tão próxima da grande sociedade de Adam Smith quanto das regras de conduta justa de Hayek.

Voegelin assinala que o direito é parcela de um todo bem mais complexo e insiste na hierarquia: ordenamento jurídico, ordem da sociedade, ordem verdadeira. Não deixa mesmo de estabelecer hierarquias dentro de cada uma dessas ordens, salientando que a ordem empírica do direito tem como nível superior a ordem substantiva da sociedade. Assinala até que existe uma tensão entre a ordem substantiva da sociedade, tal como existe empiricamente, ou simples ordem empírica, e a verdadeira ordem substantiva.


Na Renascença, com a emergência do conceito bodiniano de soberania, ainda entendida como mera soberania externa, surge um príncipe que se assume como representante da comunidade política, em luta contra o papado e o império. Contudo, esta soberania ainda não é absolutista, nomeadamente no plano interno, dado que o soberano para efeitos inter-estaduais tem um campo de actuação delimitado: os soberanos têm de garantir uma substância de ordem que não é obra deles. Com efeito, a soberania ainda não é a competência da sua competência, ainda não necessita de auto-limitação e as leis do príncipe estão num plano hierarquicamente inferior aos estratos cimeiros do direito divino e do direito natural, bem como das próprias leis fundamentais. As leis editadas por tal soberano são superiores ao costume e às decisões dos magistrados.

Só a partir de Thomas Hobbes e do absolutismo surge a soberania interna, uma verdadeira soberania absoluta que se aplica a nível interno, unidimensionalizando as comunidades pelo rolo compressor da obediência. Surge assim um soberano onde tudo aquilo que ele diz tem valor de lei e que não está submetido a nenhuma ordem superior, nem mesmo à lei que ele próprio edita. E tudo se concebe em nome da segurança interna, a salus populi que ultrapassa o próprio desvario da maquiavélica razão de Estado e passa a conceber que a paz, num mundo de homens lobos dos homens, não passa de uma mecanicista ausência de guerra, gerada pela força das potências e dos Estados em movimento na balance of power..

Finalmente com o chamado secularismo e a desintegração da filosofia, nos séculos XIX e XX, principalmente a partir dos positivismos, é que se afasta da teoria jurídica a questão da ordem substantiva. Surgiria então uma distinção entre a jurisprudência normativa, defensora das regras válidas, e a jurisprudência sociológica, que põe o acento tónico no acto de criação de regras válidas. Se no primeiro campo se enquadra a teoria pura de Stammler e Kelsen, com a identificação entre o direito e o Estado, para afastar o direito da sociologia e da ideologia, já no segundo campo se inserem as várias tentativas de uma sociologia do direito e das subsequentes escolas sociologistas. E como observa Voegelin, em nenhum destes processos mentais há preocupação com a procura da ordem verdadeira, pelo que a natureza do direito como a ordem substantiva da sociedade não se tornará objecto de análise.

Por favor, onde fica o exílio?

Se tem problemas no acesso a honrarias: Order a fake college diploma today!! É fácil, barato e eficaz. Em terra de doutorismo, quem tem diploma é rei.

$375 On sale $315 - Includes complete package:
College diploma ($195) On sale - $165
Official transcript ($195) On sale - $165
Deluxe padded black diploma presentation cover FREE SHIPPING!

15.11.05

Vitória da cidadania e da blogosfera



Transcrevo telegrama da Lusa de ontem:


O Tribunal de Alcobaça absolveu hoje o autor do blogue doportugalprofundo, António Caldeira, da acusação de ter divulgado matérias do processo da Casa Pia que estavam em segredo de justiça.

O Ministério Público pedira a condenação a uma pena de multa do autor do blogue, enquanto José Maria Martins, advogado de defesa do arguido, defendia a absolvição do seu cliente, considerando que ele "não foi notificado do despacho" que proibia a publicação daquelas matérias.

(...) Durante o julgamento, foram ouvidas testemunhas como a provedora da Casa Pia de Lisboa, Catalina Pestana, o advogado Pedro Namora, o jornalista Alte Pinho e os professores universitários António Pedro Dores e José Adelino Maltez.

(...) A sentença representou "um alívio" para António Caldeira, tendo constituído "uma vitória da cidadania e da blogosfera".

Tartarugas, RGAs, presidentes e presidenciais, nesta aliança do sistema com o esquema




Não, não vou falar da longa marcha contra as sondagens em que se transformou esta pré-campanha das presidenciais, agora que os principais adversários de Cavaco começam a perceber que as eleições não se vencem apenas no território de um certo conceito de povo de esquerda, segundo a definição que dele dão Francisco Louçã ou os organizadores dos "frente-a-frente" da televisão Balsemão. Porque, para desfazer o mito, bastaria recordar as invocações ideológicas do mesmo Cavaco, enquanto jovem líder do PSD, quando se dizia da esquerda moderna e inspirado no mesmo revisionista marxista, Bernstein, que também foi considerado mestre por José Sócrates.

Também não quero comentar o "remake" da conversa em família que ontem nos foi propiciada por Cosntança Cunha e Sá na TVI, nem os discursos feitos pelos outros candidatos em palanques hoteleiros ou expedições às feiras de coiratos do país dito profundo. Também não exijo que todos os candidatos, dos mais velhos aos menos velhos, mostrem o respectivo boletim médico, antes de se sentarem no "cadeirão" de Belém, nessa subliminar bem manhosa de Soares que qualquer jornalista bem informado conseque descodificar, mas não pode esmiuçar, anunciando-se assim um inevitável lavar da roupa suja. Prefiro saudar os bons resultados de Vanessa Fernandes lá do outro lado do mundo, onde também fez 175 anos uma tartaruga que veio para a Austrália, sem passar pelas Seychelles em Novembro de 1995.





Hoje vou glosar o presidente Sampaio que, quanto mais se aproxima da "deadline" do respectivo mandato, mais incendiário se torna, em nostalgia discursiva de RGA para televisão mostrar, antes de aconselhar os estudantes de hoje a não serem como ele foi quando era cenourinha, ou quando anunciava a sua candidatura a Belém, na cidade universitária de Lisboa. Com efeito, também eu seria novamente acusado de radical e libertário se aqui dissesse, como ele, que o sistema universitário estava desregulado e sem racionalidade.




Apenas acrescento que o sistema de ensino superior entrou numa espiral implosiva, porque vai rodopiando em torno de eixos endogâmicos que o levaram a uma autoclausura reprodutiva de fantasmas. Espero que desta feita não surjam os habituais ventríloquos inquisitoriais que, em voz baixa, fazem as habituais denunciações de ouvida e fotocópia deste blogue para levram aos grão-mestres que o controlam e não admitem os desobedientes que se recusam a participar nas procissões da engraxadoria salazarenta.

Os donos do poder universitário transformaram-se em autarcas de quintarolas que se mostram incapazes de lancetamento dos nódulos de micro-autoritarismo neocorporativo que se mantêm como controladores de carreiras, subsídios, viagens e jantaradas, a quem os oportunistas pedem prefácios de palavras pseudo-reformistas, gastas pelo uso e prostituídas pelo abuso.



A universidade caminha para a implosão por causa desta aliança do sistema com o esquema, sendo imune à necessária abertura para cima, às ideias, e para baixo, à sociedade. Porque o sistema assenta num esquema dito de gestão democrática, mas que não permite a eleição pelos pares e pelos que pensam de forma racional e justa, dado que se mistura o decretino hierarquista da ameaça com a clique da pequena classe política de um associativismo oligárquico que manobra os bastidores dos grandes eleitores e das assembleias ditas representativas, transformadas em meras subsecções da permanecente sociedade de corte, pintada com "slogans" de RGA vanguardista.

É por isso que há vivendas que se transformam em faculdades da noite para o dia, sem comunidades académicas vivas que as sustentem, dado que em vez de professores, alunos e funcionários em interacção, criámos uma casta de reformadores académicos encartados, avaliólogos e educacionólogos, só porque décadas antes deram umas aulas e, depois, se tornaram eméritos, reformados e aposentados em regime de quase psicopatia sentenciadora, com muitos compadres e comadres.

14.11.05

Algumas razões pelas quais não dou pulos de lobo. Uma árvore mede-se pelos frutos.




Imagens roubadas ao Jumento

Não deixemos que fora de nós fique um único Deus!



A manhã se vai levantando fria, nítida e azul, com a violência desta luminosidade despontando por entre os sinais da invernia que regressa. Acordo, não apetece largar o calor daquele aconchego que me dá o plural de uma esperança viva. Acordo para mais um dia, para mais uma semana, onde tenho de transformar em aulas o pensamento pensado e preparado. Recordo. A música gregoriana, a mística em memória de Teresa de Lisieux, as palavras do malogrado Padre Daniel Faria e o evento organizado pelo José Félix Duque, a voz sentida do Pedro Sena Lino e, como fundo, a memória de outras plurisseculares vozes que à Sé vieram à procura do eterno.



Sinto a metafísica das colunas de pedra e a abóbada misteriosa, onde sempre se acolheram os homens que procuram o mais além. Recordo. A música, a voz humana em sinfonia, a noite inteira do mundo que temos de peregrinar. Vivo Novembro. A atmosfera límpida e encontro muita outra gente que procura. Confesso. Que decidi participar nesse evento que trouxe um pouco de religião à cidade, não como crente da liturgia oficial e eclesiástica, que o deixei de ser; não como agnóstico, que nunca fui nem serei; mas como alguém que, sobre estas matérias, só sabe que nada sabe. Mas que respeita o mistério da procura do eterno, mesmo para aqueles que, como eu, apenas acreditam no humano acreditar.



Ficaram dentro de mim as rosas vermelhas de Lisieux, os olhos cristalinos da irmã Teresa e esta pesquisa de metafísica sem homilias, missas, procissões, guerras santas de conversão, sacristias e beatérios. Apenas a viagem da palavra à procura de sentido, desse máximo de razão a que muitos chamam fé. Do que procuro, mas não acho.



Saúdo esses organizadores da terapia de choque manifestativa do transcendente que ousaram reocupar uma cidade que também é deles, porque é nossa. A "polis" precisa de reacender os seus lugares de culto, para que fora dela não fique um único Deus (Pessoa dixit), incluindo esse pedaço divino a que milhões de portugueses entregam o seu sentido de vida.

11.11.05

Da minha varanda da Junqueira, ao cair da tarde



Neste dia de São Martinho e de seu Verão, apetece pensar e repensar o que neste blogue tenho escrito. Estes escombros em que vou esboçando uma colecção de pequenas reportagens íntimas com que quero reflectir uma breve peregrinação interior pelas sensações de uma viagem à volta das minhas circunstâncias, onde o sujeito escrevente não é apenas uma simples placa registadora das ocorrências, nem quer transformar-se numa máquina de projectar preconceitos e ideias feitas sobre esse terreno que vai calcorreando.

Desejei apenas escrever ao sabor das ondas da realidade, descrevendo as sensações por que fui passando, tendo, sobretudo, a intenção de perder-me na multidão das coisas e das gentes que acontecerem. Continuo sem saber de onde venho, nem para onde vou, mas, aqui e agora, permaneço em espera.



Assim, estes escritos, se, por um lado, são marcados por quem, dentro da pátria, em pleno exílio, foi cultivando a revolta política e social, sofrem também daquela nostalgia típica dos que, não tendo perdido o sonho, sentem o corpo sitiado pelas realidades de uma pátria que já não há e pretendem expatriar-se a partir das suas próprias origens.

Acima de tudo, preciso de intimidade, de um qualquer cantinho para me escrever assim em directo, só se concretizaram porque, entre o acto de escrevê-los e o de publicá-los, mediou o simples tempo de um clique que os foi lançando mundo fora, numa forma de comunicação quase imediatista, mas ligada necessariamente ao arquivo do eterno, que cada nómada guarda dentro de si.



Como os mestres de Quinhentos, também tentei seguir os ditames da singela linguagem dos olhos de que falava Pêro Vaz de Caminha, procurando ser fiel ao dito de Duarte Pacheco Pereira, segundo o qual a experiência que é a madre de todas as cousas, nos desengana e de toda a dúvida nos tira.

E assim começo a libertar-me, a querer escrever o sentimento, a sentir a liberdade de poder pensar-me, a aperceber-me que, cá dentro, há alguma coisa que apetece segredar aos outros. É tão longe o sítio para onde vou, nesta viagem que demora, é tão longe, tão fora de mim.

Aliás, sinto que faço parte daqueles grupos que são objecto de uma conspiração de silêncio, só porque não gostam de beber nas fontes das intelectualices que estão na moda. Até porque os cultores da opinião dominante têm toda uma plateia que vai transformando as frustrações em vulgatas e palavras de ordem, nesse pretenso contra-poder que não passa do mais extremado dos situacionismos, filho do iluminismo pombalista, adorador de positivismo serôdio e saneador dos que não seguem os catecismos da seita ou não bajulam os pretensos grão-mestres do pensamento único.

A casta dos intelectuais é, com efeito, uma balança sem fiel, deusa ou espada, onde todos os pesos da pressão apenas pendem para um dos lados, querendo transformar o que resta do Portugal-que-pensa-pensar numa simples colónia cultural da estupidez de uma sub-Europa de exportação para as bolsas terceiromundistas das respectivas periferias.

Aliás, o próprio jornalismo de ideias constitui uma das primeiras cabeças do chamado quarto poder, procurando configurar-se como uma nova espécie de catedratismo, desse que, outrora, foi representado pelas universidades. Até se aliou à chamada cultura empresarial, medida pelos padrões da compra, esse parecer a que falta o ser e que acaba por ser medido pelo ter.

E todos representam o que de mais vácuo há nessa ponte do tédio que vai do poder para a cultura, constituindo uma forma suave e gaguejante daquilo que têm os Maxwell, os Murdoch e os Berlusconi, esses que, vendendo mistelas de pornografia e análises de política internacional, conseguem marcar o ritmo dos que pensam pensar.

Surgiu assim um estranho pensamento em Portugal que nada tem de enraizadamente português, ou de qualquer outra pátria, constituindo a principal via de uma nova forma de colonização cultural e empobrecimento identitário. E não haverá nenhum manifesto anti-Dantas, capaz de proclamar revolta, nem ninguém capaz de dizer que o rei vai nu. Não!



Porque o situacionismo nos vai suicidando, através do avivamento daquelas incomensuráveis distâncias que continuam a separar o país político do país real. Isto é, Portugal vai ficando cada vez mais estreito, cada vez mais fechado sobre fantasmas, cada vez mais prisão, sobretudo para quem gostaria de sentir que a liberdade pode rimar com o bom senso.

Mesmo aquilo que por outros já foi pensado tem que ser, por nós, repensado, para lhe acrescentarmos a mais valia do actualismo, ou o estampido do viver, dando-lhe a realidade das circunstâncias e o sopro do nosso próprio eu. Sem essa fluidez de vitalismo não haverá verdadeiras correntes de pensamento e apenas continuaremos a rastejar nesta unidimensionalidade acrítica e não criativa, onde nos vamos estupidificando.

Sem imaginação não haverá efectiva razão. A palavra é sempre um rio que procura a sua foz desde que brota da nascente. Porque a palavra corre o texto em seu discurso, sem margens que a contenham ou represas que a proíbam. E apetece ser como as águas de uma vida à procura do sentido.

10.11.05

Homo cavaquistanensis, homo suaresensis ou o regresso ao estudo dos nossos primitivos actuais



Sobre as candidaturas presidenciais que por aí circulam, já muito subliminarmente devo ter comunicado que estou condenado a votar em quem não apoio e que, à partida, sou, pessoalmente, um perdedor. Penso que todos estes bailados de apoiantes, comandantes e honrados, a que se seguem os blogues oficiais, oficiosos e de apoio, são um excelente sismógrafo que detecta as movimentações profundas do ambiente societário que cerca os aparelhos de Estado e que confirma a impotência reformista desta multidão solitária a que condenaram os homens comuns.



O choque do "homo cavaquistanensis" com o "homo suaresensis" deste nosso rotativismo de orçamentos quase sempre iguais constitui um espectáculo igual ao da notícia do "Correio da Manhã", segunda a qual a Fundação Mário Soares recebeu, entre Fevereiro de 2002 (Governo Durão Barroso) e Julho de 2005, 867 055, 94 euros dos ministérios da Defesa, da Cultura, da Administração Interna, através do Governo Civil do Distrito de Leiria, das Actividades Económicas e do Trabalho, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional, e da Presidência do Conselho de Ministros. Coisa que, de forma transparente, pode ser confirmada pelo "Diário da República" e que nada deve ter de ilícito, porque a instituição produziu obra, como a poderia produzir uma eventual Fundação Cavaco Silva, que até poderia contar com a colaboração dos ex-soaristas João Carlos Espada ou Fernando Rosas.



Apenas sugerimos que se façam adequados registos do nosso processo de "pantouflage" entre as candidaturas presidenciais e as várias fundações que recebem apoios do Estado ou dão apoios a gentes da partidocracia, abrindo um capítulo especial para a avençagem e subsidiocracia dos chamados artistas e homens de letras, incluindo universitários. As listagens que publiquei sobre as comissões de honra dos três principais candidatos constituem um excelente objecto laboratorial para a demonstração da rigidez castiça das nossas pretensas elites capitaleiras e estato-dependentes. Bastaria uma pequena digressão genealógica, para concluirmos que os efectivos donos do poder dos dias de hoje são filhos dos homónimos do Estado Novo e da Primeira República e netos dos devoristas da monarquia constitucional.

Image hosted by TinyPic.com

Mantendo-se as tradicionais técnicas de co-optação, geridas a partir de um sistema de ensino pouco propenso à efectiva igualdade de oportunidades e à meritocracia, apenas teremos os tradicionais bailados verbais e certa retórica de música celestial, onde não faltarão os tradicionais caça-fascistas, filhos, sobrinhos ou afilhados de ministros do fascismo a procurarem no outro uma diabolização que, afinal, está dentro deles. E quase ninguém repara que este regime já tem o dobro do tempo da Primeira República e está a oito anos de atingir a provecta idade da governação salazarenta.



Há momentos de nuvens acumuladas que nos dão a volta por dentro e até nos impedem de brincar à heteronomia. Apesar de tudo, ainda há gente que quando diz não o diz definitivamente e atinge pontos de não regresso. Porque há palavras de esperança que se entretecem de renúncias, longas cartas de princípios que se escrevem, mas não se enviam e rupturas que apenas são continuidade de procuras, mesmo que sejam denúncias face à injustiça que nos cerca.

9.11.05

O candidato político-militar com um luzidio e significativo apoio




Quando cerca de dezena e meia de altos oficiais das nossas forças armadas, ainda há pouco no activo, decidem intervir politicamente, apoiando um dos candidatos presidenciais, temos de concluir que António dos Santos Ramalho Eanes, Abel Cabral Couto, Alípio Tomé Pinto, António Emílio Sacchetti, Aurélio Aleixo Corbal, Aventino Teixeira, Gabriel Espírito Santo, Jorge Manuel Brochado Miranda, José Eduardo Garcia Leandro, Manuel da Costa Brás, Mário Jesus da Silva, Nuno Vieira Matias, Octávio Cerqueira Rocha e Vasco Rocha Vieira estavam fartos daquela independência que era viverem nos quartéis. Mas fazem com que a maioria dos homens comuns os passem a olhar como meros e dignos combatentes político-partidários. Por mim, julgo que assim se afecta a imagem da instituição militar, devido ao exemplo dado pelos seus protagonistas mais recentes.

Amanhando a terra das ideias...políticas



Ando atarefado na preparação de duas apresentações de livros. De um lado os Primores Políticos e Regalias do Nosso Rei, de António Freitas Africano, com estudo introdutório da minha autoria, que terá lugar no dia 23, na Faculdade de Direito de Lisboa, às 18 h e 30 m. Do outro, a Ciência, Política e Gnose, de Eric Voegelin (obra traduzida por Alexandre Franco de Sá), cuja apresentação decorrerá no próximo dia 15 de Novembro, às 21h00 na FNAC Colombo. Neste tempo de império do efémero das candidaturas presidenciais, prefiro lavrar a terra do eterno, demonstrando como um livro proibido dos meados do século XVII se propagou a meados do século XX e nos dá asas para vencermos o falso transcendente dos meros ideais de uma determinada conjuntura, como é o caso das modas que passam de moda, típicas do politicamente correcto, de que se alimentam os situacionismos. Eu, pelo menos, continuo à procura de politeia com paideia. Hoje, não, amanhã será!

8.11.05

Região autónoma dos fidalgos franciscanos, com indicação dos devidos títulos, discriminadamente. A vermelho por causa da causa.

Image hosted by TinyPic.com

A palaciana sala de Galveias estava apinhada e permitia os olhos nos olhos. Francisco, coerente, não levava gravata e continuava o ritmo de "picareta falante". Os fiéis batiam palmas. E aqui fica a lista dos apoiantes (optámos pelo traço grosso, para alargar o tamanho): Adelino Fortunato, professor universitário, faculdade de economia da Universidade de Coimbra; Alda Macedo, deputada; Alexandre Alves Costa, arquitecto e professor universitário, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto; Alfreda Cruz, geógrafa, foi dirigente do MDP/CDE; Alfredo Frade, médico; Alice Brito, advogada; Ana Cardoso Pires, tradutora, Évora; Ana Cristina Ribeiro, autarca; Ana Drago, deputada; Ana Gabriela Macedo, professora universitária; André Carrilho, ilustrador; André Jorge, editor; Andrea Peniche, editora; António Barrela, dirigente do CESP e da CT da Brisa; António Augusto Barros, encenador; António Chora, coordenador da CT da Autoeuropa; António Gonzalez, arqueólogo, fundador do PEV, activista do movimento ecologista; António Grosso, coordenador Comissão Sindical Banco Santander Totta; António Ribeiro, geólogo, faculdade de ciências da Universidade de Lisboa; António Sousa Ribeiro, professor universitário, faculdade de letras da Universidade de Coimbra; Adelino Granja, advogado; Bernardo Sousa, historiador, Universidade Nova de Lisboa; Boaventura Sousa Santos, professor universitário, director do Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra; Camané, fadista; Carlos Felizardo, membro da CT da NAV; Catarina Alves Costa, cineasta; Catarina Martins, actriz; Celso Cruzeiro, advogado; Clara Queiroz, professora catedrática da Faculdade de Ciências de Lisboa; Cláudio Torres, arqueólogo, prémio Pessoa; Conceição Duarte, dirigente do SNTCT e da CT dos CTT; Eduardo Maia Costa, jurista, procurador-geral adjunto; Fátima Grácio, técnica superior da função pública; Fernanda Rodrigues, assistente social e professora universitária; Fernando Nunes da Silva, urbanista, Instituto Superior Técnico; Fernando Rosas, deputado; Fernando Silveira Ramos, engenheiro civil, foi dirigente do MDP/CDE; Fernando Tordo, músico; Filomena Marona Beja, escritora; Francisco Teixeira da Mota, advogado; Gaspar Martins Pereira, historiador, Universidade do Porto; Gonçalo Amorim, actor; Guilhermino Monteiro, professor e músico; Helena Lopes da Silva, médica; Helena Neves, socióloga, foi directora da revista Mulheres; Heloísa Perista, socióloga/investigadora; Helena Pinto, deputada; Henrique Leal, autarca; Isabel Allegro de Magalhães, professora universitária, Universidade Nova de Lisboa; Jacinto Rodrigues, professor universitário; Jaime Correia de Sousa, médico; João Bau, engenheiro civil, foi director da EPAL; João Fiadeiro, coreógrafo; João Martins Pereira, engenheiro, foi secretário de estado da indústria em 1975; João Nabais, advogado, presidente da direcção da DECO; João Pascoal, coordenador CT Banco Santander Totta; João Teixeira Lopes, deputado; João Semedo, médico, director do Hospital Joaquim Urbano; João Zilhão, arqueólogo, Universidade de Bristol, foi director do Instituto Português de Arqueologia; João Arriscado Nunes, sociólogo; João Grosso, actor; João Magueijo, físico, Imperial College; (London)/Perimeter Institute (Canadá), autor de “Mais Rápido que a Luz”; Jorge Campos, professor do Ensino Superior; Jorge Dias de Deus, físico, Instituto Superior Técnico, autor de “Einstein”; Jorge Magalhães, membro da direcção nacional do CESP (sindicato de comércio e Serviços); Jorge Sequeiros, médico, membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida; José António Bandeirinha, professor universitário, faculdade de arquitectura de Coimbra; José Augusto Ferreira da Silva, advogado; José Carretas, encenador; José Carrilho, Membro da CT da PT; José Filipe, Membro da CT da EDP Distribuição e Federação Sindicatos Indústrias Eléctricas; José Franco, Membro da CT da SIBS; José Gigante, arquitecto; José Grade, professor universitário; José Luis Peixoto, escritor; José Manuel Pureza, professor universitário, faculdade de economia da Universidade de Coimbra; José Paiva, artista plástico; José Sousa Ribeiro, editor; José Taborda Duarte, matemático, Instituto Superior Técnico; Leonor Cintra Gomes, arquitecta, presidente da secção regional de Lisboa da Ordem dos Arquitectos; Luis Catarino, editor; Luís Castro, Membro da CT da REN; Luísa Costa Gomes, escritora; Luís Fazenda, deputado; Luísa Ferreira da Silva, socióloga, professora universitária; Mamadou Ba, dirigente associativo de imigrantes; Manuela Bacelar, artista plástica; Manuela Fonseca, dirigente Sindicato Função Pública do Sul; Manuela Tavares, professora e investigadora na área dos movimentos feministas; Margarida Carreira, dirigente Sindicato Enfermeiros; Maria Helena Trindade Lopes, egiptóloga, Universidade Nova de Lisboa; Maria Irene Ramalho, catedrática da Faculdade de Letras de Coimbra; Maria José Alves, médica; Maria Manuela Rodrigues, direcção da Associação 25 Abril (delegação Norte); Maria Priscila Soares, activista do desenvolvimento local, Algarve; Mariana Aiveca, deputada; Mário Brochado Coelho, advogado; Mário Tomé, militar na reforma; Messias, vocalista dos Mercado Negro; Miguel Guedes, jurista e músico, vocalista dos Blind Zero; Miguel Vital, foi coordenador do sindicato da Função Pública do Norte; Miguel Vale de Almeida, antropólogo, professor universitário; Milice Ribeiro dos Santos, professora universitária; Mísia, fadista; Natxo Checa, galeria ZDB; Nuno Saraiva, autor de BD; Palmira Miranda Santana, investigadora em estudos sobre as mulheres na Universidade Aberta; Paulo Pulido Valente, produtor cultural; Pedro Choy, médico acupunturista; Pedro Gil Ferreira, astrofísico, Universidade de Oxford; Raquel Ralha, vocalista dos Belle Chase Hotel e dos Wray Gunn; Ricardo Sá Fernandes, advogado; Rui Aguiar, artista plástico; Sérgio Fernandez, arquitecto e professor universitário, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto; Sérgio Godinho, músico; Sílvia Brito, actriz; Susana Ralha, programadora cultural; Teresa Dias Coelho, pintora; Teresa Vasconcelos, Escola Superior de Educação, foi directora geral do ensino básico; Vítor Edmundo, CT da Manutenção Militar; Zé Pedro, músico, Xutos & Pontapés; Zélia Afonso, animadora cultural, dirigente da Associação José Afonso

1.800 corta-unhas, 4.056 pares de meias e a grande causa nacional de luta contra o chico-espertismo, ou a relação da árvore com a floresta



Uma operação alfandegária de combate à contrafacção realizada a nível da UE levou à apreensão de mais de dois milhões de artigos falsificados oriundos da China, anunciou a Comissão Europeia. Com destino a Portugal foram apreendidos 1.800 corta-unhas, 1.965 relógios, 4.056 pares de meias e 312 toalhas, artigos transportados por via marítima. Ministros das Finanças da Zona Euro advertiram o BCE para não subir as taxas de juro, porque um agravamento seria prejudicial para a recuperação económica que se está a prever para a Europa. O Instituto do Consumidor ordenou a retirada do mercado nacional de dois carrinhos de bebé por se verificarem perigosos.



Vale mais ler o Zé Mateus: O que está a acontecer no laboratório francês (e que vai mudar radicalmente a França política e a polìtica francesa) é um aviso solene a todos os estados europeus e põe, de forma definitiva, o problema que há décadas anda a ser escamoteado pelo relativismo cultural, tanto da esquerda angélica como da direita cínica, da compatibilidade de culturas quando uma é aberta e outra irredutível. Há um relativismo cultural do século XX que agoniza estas noites nos subúrbios de Paris...



O Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu hoje a necessidade de fazer do ordenamento «correcto e sustentável» do país uma «grande causa nacional», combatendo, em simultâneo, o «chico-espertismo, o oportunismo e o lucro fácil». A Europa precisa de paz entre cristãos e muçulmanos para ser uma sociedade viável, declarou hoje, em Brasília, o Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. "Se não existirem políticas activas extremamente eficazes e sem um grande envolvimento da sociedade, é fácil surgirem situações de desenraizamento, em que a pessoa não se sente ligada a nenhuma identidade, nem à sua comunidade de origem, nem à sua nova pátria", sublinhou Guterres, alertando para o "complexo problema relacionado com a integração da segunda geração de imigrantes" que se vive na Europa.

Lista geral da nova nobreza do Portugal a que chegámos*



Se não faz parte dos honrados membros desta lista situacionista, corre o risco de se transformar em homem comum.
*Soma das comissões de honra de Cavaco, Soares e Alegre, por ordem alfabética. Pedimos desculpa por não os distinguirmos, mas a ordem das preferências é uma simples junção do acaso e da necessidade.


Image hosted by TinyPic.com


Abdool Karim Vakil, Abel Cabral Couto, Abel F. Queiroz Nascimento, Abel Monteiro Grilo, Abel Nogueira, Abílio De Freitas Pereira, Abílio Hernandez, Abílio Marques Pires, Abílio Matos Diogo, Acácio Alferes, Acácio Oliveira, Acácio Xavier, Adalberto Neiva de Oliveira, Adalcina Casimiro, Adelino Silva, Adélio Silva Fonseca, Adolfo da Cunha Nunes Roque, Adriano de Magalhães, Adriano Sousa, Adriano Vasco Rodrigues, Adriano Vaz Serra, Afonso Abrantes, Afonso de Melo, Afonso de Melo, Afonso de Sousa, Afonso Dias, Agostinho Abade, Agostinho De Carvalho, Agostinho Oliveira, Agustina Bessa-Luís, Albano Coelho Lima , Albano Quintino Tamegão, Albano Silva, Albertina Estrela, Alberto Amaral, Alberto Carneiro, Alberto Correia, Alberto De Lacerda, Alberto do Carmo, Alberto Figueiredo, Alberto Gameiro Jorge, Alberto Matos Ferreira, Alberto Mesquita, Alberto Salvado Santos, Alberto Seixas Santos, Alberto Souto, Albino Aroso, Albino Bárbara, Alcino Cardoso, Alcino Miguel Morais Silva, Alcino Soutinho, Alda Maria Cordeiro Salgado, Alexandre Baptista Pereira, Alexandre Bonança, Alexandre Carlos da Mota Pinto, Alexandre Cortez Pinto, Alexandre José Linhares Furtado, Alexandre Marta, Alexandre Melo, Alexandre Quintanilha, Alexandre Zagalo, Alfredo Barroso, Alfredo Bruto Da Costa, Alfredo Castanheira Neves, Alfredo Cunha, Alfredo Duarte Costa, Alfredo Marques, Alípio de Freitas, Alípio de Melo, Alípio Pereira Dias , Alípio Tomé Pinto, Almeida Faria, Almeno Gonçalves, Almerindo Rego, Altamiro Claro, Álvaro Barreto, Alvaro Carrilho, Álvaro Cassuto, Álvaro Monjardino, Alvaro Pedro, Álvaro Pereira, Alvaro Rocha, Álvaro Siza Vieira, Amadeu Carvalho Homem, Amadeu Lopes Sabino, Amadeu Penim, Amadeu Valente Rodrigues, Amado Mendes, Amândio Oliveira de Carvalho, Américo Amorim , Américo de Figueiredo, Américo Dinis da Gama, Américo Pereira, Américo Santos, Amilcar Araújo, Amílcar Lousa, Ana Aleixo, Ana Barata, Ana Bettencourt, Ana Fernandes, Ana Ferreira, Ana Filgueiras, Ana Gomes, Ana Leonor Pereira, Ana Luísa Amaral, Ana Maria Boto Silvestre, Ana Maria Ferreira, Ana Maria Lucas, Ana Matias, Ana Passos, Ana Pires, Ana Prata, Ana Sara Brito, Ana Viegas, Ana Vieira, Ana Zanatt, André Caldas, André Gonçalves Pereira, André Jordan, Andreia Soutinho, Ângelo De Sousa, Ângelo dos Santos Reis, Aníbal Alcino Ribeiro dos Santos, Aníbal de Oliveira , Aníbal Santos, Anselmo Santos, Antero Calvo, Antero de Quental, Antonieta Garcia, António A. Cantante Fernandes, António Alçada Baptista, António Amaro, António Arnau, António Baptista Lopes, António Barbosa, António Barbosa de Melo, António Barros Cardoso, António Batista Lopes, António Brás Monteiro, António Cabral, António Câmara, António Camilo, António Campinos, António Campos, António Carranca, António Carrapatoso, António Casimiro Ferreira, António Castel-Branco Borges, António Castro Fernandes, António Clun, António Cordeiro, António Damásio, António de Aguiar Esteves, Antonio De Almeida, António Dias Da Cunha, António dos Santos Ramalho Eanes, António Emílio Sacchetti, António Eusébi, António Felino, António Ferreira, António Ferreira De Brito, António Fidalgo, António Figueiredo, António Florêncio, António Fonseca, António Fonseca E Costa, António Franco, António Frazão, António Gaspar, António Gomes de Pinho, António Gonçalves, António Guerreiro, António Guterres, António Henrique Almeida, António Hespanha, António Holtreman Roquette, António Horta Osório, António Inverno, António Jorge Pinho, Antonio José Costa Sequeira, António José dos Santos, António José Marrasquinho Soares, António José Pinto Godinho, António Júlio De Almeida, António Lagoa Henriques, António Lobo Antunes, António Lobo Xavier, António Luís Leal, António M. Martins da Cruz, António Macedo, António Magalhães, António Maia Gonçalves, António Maldonado Gonelha, António Manuel Antunes Marçal, António Manuel Fernandes Simões, António Manuel Grosso Correia, António Manuel Martins Miguel, António Manuel Mendes Lopes, António Manuel Ribeiro, António Manuel Viegas Rosa, António Maria Pereira, António Marques Mendes, António Martins, António Martins da Cruz, António Meliço Silvestre, António Melo, António Meneses Cordeiro, António Morais, António Murta, António Neto Brandão, António Neves, António Neves, António Nunes Diogo, António Oliveira, António Oliveira ( Toni ), António Oliveira das Neves, António Paiva, António Paula Santos, António Pedro Couto Da Rocha Pita, António Pedro da Franca Carvalho, António Peixinho, António Pereira, António Pereira Júnior, António Pessoa, António Pina Pereira, António Pinto Barbosa, António Pinto Leite, António Pires da Silva, António Ramalhinho, António Reis, António Reis, António Rocha E Melo, António Rochete, António Rodrigues, António Rodrigues, António Rodrigues, António Rodrigues Maximiano, António Rosado, António Ruella Ramos, António Sala, António Santo Justo, António Serra Lopes, António Serrano, António Tabucchi, António Teodoro, António Valadas Fernandes, António Valdemar, António Veloso, António Vilhena, António Vitorino D'almeida, António Vitorino Pereira, António-Pedro Vasconcelos, Apolinário Vaz Portugal , Aquilino Ribeiro Machado, Aristides Guedes Coelho, Arlete Brito, Arlindo Costa Leite, Armando Baptista Bastos, Armando Costa Leite de Pinho, Armando Gonçalves, Armando Lacerda, Armando Lopes Porto, Armando Marques Guedes, Armando Reis, Armando Sales Luís, Armando Sevinate Pinto, Armando Vara, Armindo Abreu, Armindo Carvalho, Armindo Costa Leite de Pinho, Armindo Rodrigo Leite, Artur Cascarejo, Artur Cascarejo, Artur João Lourenço Vaz, Artur Jorge, Artur Portela, Artur Rosa, Artur Vaz Pimentel, Augusto Cid, Augusto Dos Santos Faustino, Augusto Lopes Cardoso, Augusto Monteiro Valente, Aurélio Aleixo Corbal, Aurora Cunha, Aventino Teixeira, Axel Matias Buus,

Image hosted by TinyPic.com

Bartolomeu Cid Dos Santos, Beatriz Da Conceição, Beatriz Gentil, Beatriz Pacheco Pereira, Benjamim Formigo, Bento Domingues, Bernardino Gomes, Bernardino Páscoa, Bernardo Pinto de Almeida, Berta Nunes, Branca M. Menezes S.G. Borrego, Bruno Manuel F. Mendes, Camilo Morais, Camilo Mortágua, Campos Coroa, Cândida Pinto De Almeida, Capoulas Santos, Carla Alves, Carlos Alberto Leitão Salgado, Carlos Alberto Moniz, Carlos Alberto N. P. Neves (Pacman), Carlos Alberto Sequeira, Carlos Albino, Carlos Alegria, Carlos Amaral Dias, Carlos André, Carlos Artur Trindade Sá Furtado, Carlos Augusto Coelho Pires, Carlos Ávila, Carlos Avillez, Carlos Barbosa, Carlos Barral, Carlos Barreira, Carlos Blanco de Morais, Carlos Borrego, Carlos Brito, Carlos Cabral, Carlos Cabral, Carlos Cachulo, Carlos Calado, Carlos Cardoso, Carlos Carranca, Carlos Castanheir, Carlos Castro, Carlos César, Carlos Costa, Carlos Costa Santos, Carlos de Campos Andrada, Carlos Diogo Moreira, Carlos Eugénio de Brito, Carlos Eugénio Gouveia Pinto, Carlos Figueiredo, Carlos Galvão De Melo, Carlos Godinho, Carlos Lopes, Carlos Manuel, Carlos Manuel Martins, Carlos Manuel Vieira da Silva, Carlos Marchão, Carlos Massapina, Carlos Mendes, Carlos Miguel, Carlos Miranda, Carlos Monjardino, Carlos Nogueira, Carlos Oliveira, Carlos Panta, Carlos Pereira Cruz, Carlos Pereira Santos, Carlos Pimenta, Carlos Queirós, Carlos Rebelo, Carlos Reis, Carlos Reis José, Carlos Ribeiro, Carlos Santana Maia, Carlos Santos, Carlos Santos Ferreira, Carlos Silva, Carlos Sousa, Carlos Trindade, Carlos Tuta, Carlos Vargas, Carlos Vargas, Carlos Veiga Ferreira, Carlos Ventura Martins, Carolina Tito de Morais, Casimiro De Brito, Catarina Albuquerque, Catarina Avelar, Catarina Valente Rodrigues, Catarino Costa, Cecília Duarte, Celestino Quaresma, Célia Ramos, Celina Pereira, Cipriano De Oliveira, Clara Crabbé Rocha, Clara Ferreira Alves, Clara Loff, Clara Pinto Correia, Clara Rocha, Clara Xavier De Sá, Clotilde Fava, Conceição Martins, Corália Vicente, Cristina Figueira, Cristina Vigon, Cristovão de Aguiar, Cucha Carvalheir, Custódio J. Vilela Maldonado Freitas, Daniel Adrião, Daniel Nave, Daniel Pedrosa, Daniel Proença de Carvalho, Daniel Sampaio, Dante Macedo, Dario Alves, David de Almeida, David Lopes Ramos, David Martins, Defensor Moura, Delfim Ferreira Leão, Delmiro Carreira, Desidério do Ó, Diamantino Elias, Diamantino Miranda, Diana Andringa, Diana Garrido, Dília Isidoro, Dinis Acácio, Dinis Cortes, Dinis da Silva Freitas, Dino Monteiro, Diogo de Lucena, Diogo Dória, Diogo Leite de Campos, Diogo Pires Aurélio, Diogo Vaz Guedes, Domingos Caetano, Domingos Ferreira Pinto, Domingos Paulino, Domingos Silva, Domingos Torrão, Dora Gomes, Duarte d'Orey, Duarte Sousa, Duarte Vilar, Dulce Reis

Image hosted by TinyPic.com


Edgar Valles, Edite Estrela, Edmundo Pedro, Eduarda Mansinho, Eduardo Âmbar, Eduardo Barroso, Eduardo Batarda, Eduardo de Almeida Catroga, Eduardo Ferro Rodrigue, Eduardo Lourenço, Eduardo Mendes De Brito, Eduardo Nery, Eduardo Prado Coelho, Eduardo Sanches Osório, Eduardo Souto Moura, Efigénio Rebelo, Elídio Meireles, Elisa Ferreira, Elisabete Jacinto, Elísio Alexandre Soares dos Santos, Elísio Estanque, Elísio Summavielle, Elza Pais, Ema Gonçalo, Emanuel Câmara, Emanuel Jardim Fernandes, Emanuel Linhares Furtado, Emanuel Maranha Das Neves, Emanuel Martins, Emanuel Rodrigues, Emídio Rangel, Emídio Xavier, Emília Alírio, Emílio António Pessoa Mesquita, Ernesto Ribeiro da Silva, Ernesto Rodrigues, Ernesto Vieira, Espiga Pinto, Estela Monteiro, Eugénio da Silva Correia, Eunice Muñoz, Eurico Almeida, Eurídice Pereira, Eusébio, Fátima Barros, Fátima de Matos, Fátima Roque, Fátima Silveira, Fausto Bordalo Dias, Fausto Correia, Fausto de Quadros, Felipe Gama, Fernanda Gonçalves Ramos, Fernanda Lopes Cardoso, Fernanda Pires Da Silva, Fernanda Rolo, Fernanda Torre, Fernando Aguiar-Branco, Fernando Alberto Ribeiro da Silva, Fernando Alves, Fernando Alves Correia, Fernando Amâncio Ferreira, Fernando Amaral, Fernando Anastácio, Fernando Andrade Gonçalves de Pais, Fernando António Aires Ferreira, Fernando Arrobas da Silva, Fernando Brito Soares, Fernando Cabodeira, Fernando Cabrita, Fernando Cardoso, Fernando Carvalho Rodrigues, Fernando Catroga, Fernando Chalana, Fernando Condesso, Fernando Cordeiro, Fernando Dacost, Fernando de Melo Antunes Mendes, Fernando Dos Anjos Alves Antunes, Fernando Dos Santos Carvalho, Fernando Echevarria, Fernando Fantasia, Fernando Faria de Oliveira, Fernando Freire De Sousa, Fernando Gil , Fernando Godinho, Fernando Gomes, Fernando Guedes, Fernando Henriques, Fernando Isidoro, Fernando José F. Costa Mascarenhas, Fernando José Machado Gomes, Fernando Lanhas, Fernando Lima, Fernando Lopes, Fernando Lopes, Fernando Lopes Barreira, Fernando Lopes Da Silva, Fernando Manata, Fernando Marques Cordeiro, Fernando Matias Roque, Fernando Morais, Fernando Nobre, Fernando Paulouro, Fernando Pimentel, Fernando Pina Da Silva, Fernando Pinto do Amaral, Fernando Pratas, Fernando Ramos, Fernando Rebelo, Fernando Regateiro, Fernando Reino, Fernando Rodrigues, Fernando Santos Neves, Fernando Simões, Fernando Tavares Carlos, Fernando Ulrich, Filipa Melo, Filipa Pais, Filipe Cost, Filipe da Silva Nobre, Filipe de Botton, Filipe La Féria, Filipe Palma, Filomena Gonçalves , Flak, Fortunato Oliveira Frederico, Francis Obikwelu Francisco Assis, Francisco Almeida e Sousa, Francisco António Febrero, Francisco Branco Sampaio, Francisco Campos, Francisco Castro Rodrigues, Francisco Corredoura, Francisco Costa, Francisco da Costa (Costinha), Francisco de Matos, Francisco Fanhais, Francisco Ferreira, Francisco Fonseca Da Silva, Francisco José de Melo Ferreira, Francisco José Viegas, Francisco Knopfli, Francisco Laranjo, Francisco Lopes Carvalho, Francisco Marques Pereira, Francisco Martins, Francisco Murteira Nabo, Francisco Orelha, Francisco Ramos, Francisco Rego, Francisco Ribeiro, Francisco Seixas Da Costa, Francisco Simões, Francisco van Zeller,


Image hosted by TinyPic.com


Gabriel Bastos, Gabriel Espírito Santo, Gabriel Mendes, Gabriela Canavilhas, Germano de Lima, Germano De Sousa, Germano Xavier Mourão do Carmo, Gil Nadais, Gil Romão, Gilberto Santos, Gisela Lima, Graça Costa Cabral, Graça Fonseca, Graça Lobo, Graça Morais, Gualberto Soares, Guida Maria, Guilherme da Palma Carlos, Guilherme Leite, Guilherme Pinto, Guilhermina Gomes, Guilhermino Carvalhinho, Hanna Damásio, Helder Castanheira, Helder Corujas, Helder Costa, Hélder Macedo, Helena Almeida, Helena André, Helena Cidade Moura, Helena Guerra, Helena Kendall, Helena Rocha e Melo, Helena Roseta, Hélia Correia, Henrique António Oliveira Troncho, Henrique Botelho, Henrique Cayatte, Henrique Granadeiro, Henrique Machado Jorge, Henrique Melo, Henrique Neto, Henrique Reis, Henrique Soares de Albergaria, Herlander Estrela, Hermínio Palmeira, Hermitério Monteiro, Hilário Marcelino Teixeira, Hipólito Pires, Homem Cardoso, Horácio Roque , Hugo Rocha, Ilídio Pinho, Ilídio Rodrigues, Inês Pedrosa, Irene Santos, Isabel Alçada, Isabel Almeida Mota, Isabel Botelho de Sousa, Isabel Castro, Isabel Corte-Real, Isabel Cruz, Isabel Gomes Motta, Isabel Guerra, Isabel Janelas, Isabel Pinto Correia, Isabel Ramos, Isabel Silveira Godinho, Isilda Pelicano,


Image hosted by TinyPic.com

J.P. Simões, Jacinto Delfim B. Ferreira Martins, Jacinto Lucas Pires, Jacinto Luís, Jacinto Simões, Jaime Andrez, Jaime Isidoro, Jaime Pina, Jamila Madeira, Jerónimo Silva, Jesualdo Ferreira, Joana Amaral Dias, Joana Vasconcelos, João Abel Manta, João Alberto, João Almeida Santos, João Álvaro Correia da Cunha, João André Amaral, João Appleton, João Azevedo, João Baptista da Silva, João Barros Madeira, João Bénard Da Costa, João Benavente, João Borges Assunção, João Bosco Soares Mota Amaral, João Botelho, João Botilheiro, João Burrica, João Calvão da Silva, João Campino, João Caraça, João Cardoso Rosas, João Carlos Espada, João Cayatte, João Chasqueira, João Correia, João Costa Pinto, João Cutileiro, João D' Almeida, João de Deus Pinheiro, João Dias da Silva, João Diogo Nunes Barata, João Dos Santos Relvas, João Ferreira da Costa, João Ferreira Do Amaral, João Ferreira Ponte, João Filipe Cortez Queiró, João Gomes, João Gomes, João Guterres, João José F. Costa Soares, João José Ferreira Botas, João José Mendes Nabais, João Justino Alves, João Leal Amado, João Leite, João Lima, João Lopes Porto, João Lourenço, João Luís Carrilho Da Graça, João Luís César das Neves, João Malheiro, João Manuel Nóbrega e Silva, João Manuel Versos Cravino, João Maria Pinto, João Maria Reigota, João Marques Pinto, João Monjardino, João Morais, João Morais Leitão, João Mota, João Mota, João Moura, João Noronha Carvalho, João Nuno Mendes, João Oliveira, João Paço, João Pardal Monteiro, João Paulo Barbosa de Melo , João Paulo Bessa, João Paulo Cotrim, João Paulo Matias, João Paulo Monteiro, João Pedro Pais, João Pedro Xavier de Brito, João Pereira Coutinho, João Pina, João Proença, João Queirós, João Queiroz e Melo, João Rendeiro, João Rodrigues, João Rodrigues, João Soares Louro, João Sousa, João Taveira Pinto, João Teixeira Fernandes, João Tomás, João Vasconcelos, João Vieira, João Wengorovius, Joaquim Aguiar, Joaquim Alexandre de Oliveira Carneiro, Joaquim Barreto, Joaquim Carlos Dias Valente, Joaquim Carlos Neto Murta, Joaquim César Rocha Alves, Joaquim Coimbra, Joaquim De Almeida, Joaquim De Matos, Joaquim Dias Cardoso , Joaquim Faria e Almeida, Joaquim Feio, Joaquim Ferreira do Amaral, Joaquim Fialho Anastácio, Joaquim Gomes Canotilho, Joaquim Jorge, Joaquim José Borges de Gouveia, Joaquim José Carvalho Afonso, Joaquim José Figueiredo Lima, Joaquim M. V. Poças Martins, Joaquim Martins, Joaquim Mourão, Joaquim Pessoa, Joaquim Pinheiro Coelho, Joaquim Pinto Machado, Joaquim Pires, Joaquim Ramos, Joaquim Raposo, Joaquim Rita, Joaquim Romero de Magalhães, Joaquim Rosa Do Céu, Joaquim Sarmento, Joaquim Tho, Joaquim Veríssimo Serrão, Joel Branco, Joel Hasse Ferreira, Joel Ribeiro dos Santos, Jorge Abreu Matos, Jorge Araújo, Jorge Araújo, Jorge Armindo, Jorge Arroteia, Jorge Baptista, Jorge Bleck, Jorge Braga de Macedo, Jorge Canas da Mota, Jorge Castanho, Jorge Castilho, Jorge Catarino, Jorge Conceição, Jorge Coroado, Jorge Costa, Jorge da Silva Pinto, Jorge Domingos Salvador, Jorge Figueiredo Dias, Jorge Ginja, Jorge Gonçalves, Jorge Justino, Jorge Leite, Jorge Luís Oliveira, Jorge Macaista Malheiros, Jorge Magalhães, Jorge Manuel Brochado Miranda, Jorge Manuel Jesus, Jorge Melicio da Conceição, Jorge Palma, Jorge Quininha, Jorge Quintas, Jorge Rebelo De Almeida, Jorge Salavisa, Jorge Santos, Jorge Silva, Jorge Sobral, Jorge Torgal, José Acácio Dimas de Lacerda, José Afonso Gil, José Afonso Lestra Gonçalves, José Alberto De Azeredo Lopes, José Alberto Fateixa, José Alberto Fateixa Palmeiro, José Alberto Marques, José Alho, José António Almeida Santos, José António Cardoso, José António da Silva Rocha, José António Martins Campos, José António Silveira Godinho, José Apolinário, José Augusto, José Augusto Almeida, José Augusto Pereira Neto, José Augusto Ramos Rocha, José Aurélio, José Bento, José Bernardo Falcão e Cunha, José Blanco, José Brandão, José Campos, José Cardoso Da Silva, José Cardoso Fontão, José Carlos Martins , José Carlos Seabra Pereira, José Carlos Simões, José Carlos Zorrinho, José Casalta Nabais, José Cascão Silva, José Cobra, José Coelho Jordão, José Cunha, José Cutileiro, José da Silva Peneda, José Daniel Abrunheiro, José Eduardo Garcia Leandro, José Eduardo Guimarães, José Eduardo Lopes Ferreira, José Eduardo Meira da Cunha, José Emílio Moreira, José Epifânio da Franca, José Ernesto D'oliveira, José Ernesto Oliveira, José Fanha, José Farinha, José Felisberto Marques, José Fernandes Fafe, José Fernando Jorge Duque, José Fernando Martins, José Ferraz, José Fonseca E Costa, José Fontão, José Francisco Faria e Costa, José Francisco Vieira, José G. Fernandes Cunha Vaz, José Gabriel Viegas, José Girão Vitorino, José Guerreiro, José Guilherme Xavier de Basto, José Henrique Cardal, José Henriques, José Infantes, José Inocêncio, José J. Sousa Fernandes, José João Bianchi, José João Cardoso Leite, José Leitão, José Lemos, José Letras Pinheiro, José Lima, José Lopes, José Lopes Da Silva, José Luis Cardoso, José Luís Carneiro, José Luís Crespo de Carvalho, José Luís da Cruz Vilaça, José Luís Nogueira de Brito, José Luís Rasquilha, José Luís Serra Rodrigues, José Machado, José Manuel Araújo Barbosa, José Manuel Brandão De Brito, José Manuel Cardoso da Costa, José Manuel Castanheira da Costa, José Manuel Cavaco Cabrita, José Manuel Custódio, José Manuel da Silva Appleton, José Manuel de Mello, José Manuel Fava, José Manuel Ferraz de Oliveira, José Manuel Ferro, José Manuel Freitas, José Manuel Galvão Teles, José Manuel Gameiro, José Manuel Goes Ferreira, José Manuel Henriques, José Manuel Mendes, José Manuel Mesquita, José Manuel Morais Cabral, José Manuel Moreira, José Manuel Neves Adelino, José Manuel Palróz, José Manuel Picão De Abreu, José Manuel Resende, José Manuel Rodrigues, José Manuel Salvador Tribolet, José Manuel Santinha Lopes, José Manuel Saraiva, José Manuel Simões Figueiredo, José Manuel Tarroso Gomes, José Manuel Tengarrinha, José Manuel Torres Miguens, José Maria Guerreiro, José Mário Brandã, José Mattoso, José Mendes Barros, José Miguel Júdice, José Miranda, José Moita, José Monteiro, José Monteiro Gama, José Mota, José Niza, José Nunes Liberato, José Nuno Martins, José Oulman Bensaúde Carp, José Pedro Cardoso, José Pedro Croft, José Pedrosa, José Penedos, José Pereira Lopes, José Rebelo, José Reina, José Reis, José Ribeiro Ferreira, José Rodrigues, José Roquette, José Santo Freire, José Santos Teixeira, José Saramago, José Sasportes, José Silva Lopes, José Sommer Ribeiro, José Sousa Fernandes, José Sousa Gomes, José Subtil, José Tavares, José Veiga Simão, José Vicente Moura, José Zaluar Basílio, Joshua Ruah, Josias Gil, Julião Sarmento, Júlio Barroso, Júlio Cardoso, Julio Isidro, Julio Machado Vaz, Júlio Montalvão Machado, Júlio Moreira, Júlio Pedrosa, Júlio Pêgo, Júlio Pinheiro, Júlio Pomar, Júlio Ramos,

Image hosted by TinyPic.com


Kalidás Barreto, Kantilal Jamnadas, Kelly Basílio, Laura Bulger, Laura Larcher Graça, Laura Soutinho, Lena d´Água, Leonel Moura, Leonor Beleza, Leonor Pinhão, Leonor Xavier, Lia Gama, Liberto Cruz, Lídia Amaro Machado, Lídia Jorge, Lígia Amâncio, Lígia Monteiro, Lima de Carvalho, Lino Pintado, Lino Silva Pereira, Lisete Romão, Lourdes Norberto, Lucas Estevão, Ludgero Marques, Luís Abel Polainas, Luís Adão da Fonseca, Luís Aires-Barros, Luís Aleluia, Luís Almeida, Luís Alves, Luís Amorim De Sousa, Luís António Mendes Dias, Luís António Oliveira Ramos , Luís Araújo, Luís Bramão, Luís Canha, Luís Canto Moniz, Luís Cília, Luís Conceição, Luís Couto Gonçalves, Luís Ferreira Alves, Luís Fidalgo, Luís Fontoura, Luís Gamito, Luís Gaspar Da Silva, Luís Guilherme Leal Pereira, Luís Horta, Luís Lima Barreto, Luís Magalhães, Luís Manuel Conceição, Luís Manuel Cunha Ribeiro, Luís Miguel Beleza , Luís Miguel Ribeiro Oliveira Duarte, Luís Miguel Santos Sebastião , Luís Moita, Luís Nazaré, Luís Noronha Da Costa, Luís Ortigão Costa, Luís Palha, Luís Reis Torgal, Luís Represas, Luís Roque, Luís Saias, Luís Serpa, Luís Tade, Luís Tavares, Luís Valle, Luísa Anastácio, Luísa Ducla Soares, Luisa Feijó, Luísa Gueifão Ferreira, Luísa Irene Dias Amado, Luísa Maria Moniz, Luísa Mellid Franco, Luísa Mendonça, Luísa Schmidt, Luiz Francisco Rebello, Lusitano Dos Santos,

Image hosted by TinyPic.com


Macaísta Malheiros, Mafalda Ivo Cruz, Mafalda Lopes Da Cost, Mafalda Mota Pinto, Manuel Afonso Pires de Andrade, Manuel Alberto Dias Pereira, Manuel Alberto Valente, Manuel Almeida, Manuel Alves, Manuel Anastácio Filipe, Manuel António Gouveia Ferreira, Manuel António Pina, Manuel António Silva, Manuel Baptista, Manuel Barbosa Ribeiro, Manuel Brito, Manuel Brito, Manuel Caeiro, Manuel Campilho, Manuel Cardoso de Sousa, Manuel Cargaleiro, Manuel Carlos da Costa e Silva, Manuel Carrajeta, Manuel Casimiro de Almeida, Manuel Cavaleiro Brandão, Manuel Correia Fernandes, Manuel Costa Andrade, Manuel da Costa Brás, Manuel Da Luz, Manuel Da Silva, Manuel de Carvalho Fernandes Thomaz, Manuel Dias Coelho, Manuel Dos Santos, Manuel Esteves dos Santos Peixoto, Manuel Faria, Manuel Ferreira De Oliveira, Manuel Freire, Manuel Furtado, Manuel Gonçalves Borralho, Manuel Henriques Mesquita, Manuel Ivo Cruz, Manuel Jacinto Nunes, Manuel João Vieira, Manuel Jorge Barbosa Pereira, Manuel José, Manuel José Homem De Mello, Manuel José Veloso Gomes, Manuel José Vilares, Manuel Lopes Da Costa, Manuel Lopes Porto, Manuel Maria Carrilho, Manuel Maria Fernandes Thomaz, Manuel Maris Cruz, Manuel Martins, Manuel Murteira, Manuel Oliveira, Manuel Pais Clemente, Manuel Pedro Magalhães, Manuel Pedroso Marques, Manuel Pereira Dos Santos, Manuel Pina, Manuel Pinto Barbosa, Manuel Pinto Machado, Manuel Rodrigues Inácio, Manuel Rosendo, Manuel Sabino, Manuel Salgado, Manuel Silva Pereira, Manuel Sobrinho Simões, Manuel Tainha, Manuel Tinoco de Faria, Manuel Torres, Manuel Vicente, Manuel Vidinha, Manuel Violas, Manuela Aguiar, Manuela De Azevedo, Manuela Jardim, Manuela Júdice, Manuela Lacerda, Manuela Machado, Manuela Maria, Manuela Morgado, Manuela Neto, Manuela Teixeira, Mapril José Dinis Bernardes, Marcello Mathias, Marcos Badalo, Margarida Barros Moura, Margarida de Jesus, Margarida Faria, Margarida Feijó, Margarida Lages, Margarida Marante, Margarida Martins, Margarida Pedrosa, Margarida Pinto Correia, Margarida Ruas, Margarida Veiga, Maria Alexandra Mesquita, Maria Amélia Antunes, Maria Angela Miguel Grácio, Maria Antónia Batista, Maria Antónia Catanho De Meneze, Maria Antónia Palla, Maria Belo, Maria Calado, Maria Cândida Borges de Madureira, Maria Cândida Sousa Morai, Maria da Conceição Moita, Maria da Conceição Rodrigues, Maria da Graça M. Silva Carvalho , Maria Da Luz Rosinha, Maria de Fátima Belo de Carvalho, Maria de Fátima de Sequeira Dias, Maria De Jesus Serra Lopes, Maria De Sousa, Maria Do Carmo Dalmau, Maria Do Carmo Ramos Da Costa, Maria Do Carmo Sequeira, Maria do Céu Cunha Rego, Maria Do Céu Guerra, Maria Eduarda Gonçalves, Maria Emília Araújo, Maria Emília Brederode Santos, Maria Emília Monjardino, Maria Emília Tito de Morais, Maria Estela Barbot, Maria Eunice Castro, Maria Fernanda Abreu, Maria Fernanda Carvalho Dos Santos, Maria Fernanda Mota Pinto, Maria Helena Caldas Portela, Maria Helena Campos Andrada, Maria Helena Corrêa, Maria Isabel Charneco Brites, Maria Isabel Moreno Xavier Escudeiro, Maria João Franco, Maria João George, Maria João Grancha, Maria João Mendes, Maria João Pires, Maria João Rodrigues, Maria João Sande Lemos, Maria João Seixas, Maria José Azevedo, Maria José Constâncio, Maria José Ferro Tavares, Maria José Fonseca Correia, Maria José Gama, Maria José Lancastre, Maria José Leal, Maria José Martins, Maria José Miranda, Maria José Nogueira Pinto, Maria José Oliveira, Maria José Rau, Maria José Ruas, Maria Judite Pinto Mendes De Abreu, Maria Luísa Marques Pinto Batista, Maria Luísa Mateus, Maria Luisa Sarsfield Cabral, Maria Manuel Leitão Marques, Maria Manuel Pinto Barbosa, Maria Manuela Silva, Maria Margarida Salema, Maria Nobre Franco, Maria Odete dos Santos Ferreira, Maria Proença, Maria Rosa De Sousa, Maria Salomé Conceição Rafael, Maria Santos, Maria Susete Abreu, Maria Teresa Almeida Garrett, Maria Teresa Horta, Maria Teresa Portugal, Maria Virginia Pinto, Maria Vitalina Leal de Matos, Mariana Franco, Mariana Rey Monteiro, Mário Beja Santos, Mário Campos, Mário Campos Pinto, Mário Canelas, Mário Cesariny, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Mário Dorminski, Mário Ferreira, Mário Figueiredo, Mário Jesus da Silva, Mário Jorge, Mário Júlio de Almeida Costa, Mário Laginha, Mário Marques, Mário Matos Ribeiro, Mário Mesquita, Mário Moniz Pereira, Mário Mourão, Mário Paes de Sousa, Mário Raposo, Mário Ruivo, Mário Sottomayor Cardia, Mário Valle, Mário Wilson, Mário Zambujal, Marisa Abreu, Marta Rebelo, Marta Wengorovius, Martim Portugal, Matide Marçal, Matilde Sousa Franco, Menezes Rodrigues, Mesquita Machado, Miguel Alberto Cristo, Miguel Alves, Miguel Carneiro de Moura, Miguel Cordeiro Henriques, Miguel Duarte, Miguel Esteves, Miguel Ginestal, Miguel Melo, Miguel Monjardino, Miguel Patacão Rodrigues, Miguel Veiga, Miguel Vieira Batista, Miguel Vonn Haff, Mónica Baldaque,

Image hosted by TinyPic.com

Nascimento Costa, Natália Umbelina, Nazim Ahmad, Nélia Monteiro, Nelo Vingada, Nelson Cunha Correia, Nelson de Matos, Nelson M. Bento, Nicolau Breyner, Nikias Skapinakis, Nilson Jardim, Nobre Dos Santos, Norberto António Lopes Patinho, Norberto Canha, Norberto Patinho, Norberto Pilar, Norma Tasca, Nuno Botelho, Nuno Brandão, Nuno Brederode Santos, Nuno Cardoso da Silva, Nuno Cordeiro Ferreira, Nuno Félix da Costa, Nuno Fernandes Thomaz, Nuno Gama, Nuno Godinho De Matos, Nuno J. G. Viegas Nascimento, Nuno José da Costa Campos Grima, Nuno Júdice, Nuno Portas, Nuno Severiano Teixeira, Nuno Teotónio Pereira, Nuno Vieira De Almeida, Nuno Vieira Matias, Octávio Cerqueira Rocha, Octávio Dias Garcia, Olegário Bemquerença, Oliveira Martins, Orlando Afonso, Orlando Mendes, Orlando Monteiro da Silva, Orlando Portela, Orlando Soares, Oscar Góis, Paco Bandeira, Paiva De Carvalho, Parcídio Sumavielle, Paula Morão, Paula Rego, Paula Teresa R. Borges Alexandrino, Paulo Branco, Paulo Caldas, Paulo Canha, Paulo Casaca, Paulo Cleto, Paulo Cunh, Paulo de Carvalho, Paulo Farinha, Paulo Felício, Paulo Fernandes, Paulo Guerra, Paulo Lowndes Marques, Paulo Mendo, Paulo Pedroso, Paulo Sucena, Paulo Teixeira Pinto, Paulo Trincão, Paulo Tunhas, Paulo Vallada, Pedro Abrunhosa, Pedro Bacelar De Vasconcelos, Pedro Barroso, Pedro Burmester, Pedro Caldeira Cabral, Pedro Carmo, Pedro Castro, Pedro Coelh, Pedro Colaço, Pedro Couceiro, Pedro de Noronha Pissarra, Pedro Gomes, Pedro Guedes De Oliveira, Pedro Lamy, Pedro Lomba, Pedro Luzes, Pedro Manuel Pereira, Pedro Neto, Pedro Paes de Vasconcellos, Pedro Ponce , Pedro Rodrigues, Pedro Tamen, Peter Villax, Petit, Piedade Murta, Pinho Marques, Pio Abreu, Quim,

Image hosted by TinyPic.com

Raquel do Carmo Leite Mota Noronha, Raul Calado, Raul Capela, Raul Henriques, Raul Meireles, Renato De Araújo, Renato Dias Mendes, Ricardo Adão, Ricardo Bayão Horta, Ricardo Gonçalves, Ricardo Oliveira, Ricardo Pereira, Ricardo Sá Pinto, Ricardo Silva, Richard Zimler, Rita Blanco, Rita Ferro, Rita Guerra, Rita Pestana, Rita Wengorovius, Roberto Monteiro, Rodolfo Iriarte, Rodolfo Lavrador, Rodrigo Santiago, Rogério Gaspar, Rogério Moura, Rogério Pinto, Rogério Samora, Rogério Vieiros, Romualdo Pescada, Rosa Lobato Faria, Rosa Mota, Rosa Nery De Sttau Monteiro, Rosa Nunes de Almeida, Rosa Pita, Rosalina Machado, Rosinda Castanhas, Rui Alarcão, Rui Barreiro, Rui Barreiros Duarte, Rui Caçador, Rui Caetano, Rui Carlos Pereira, Rui Carreteiro, Rui Cartaxana, Rui Chancerelle de Machete, Rui Correia, Rui Feijó, Rui Gomes do Amaral, Rui Graça Feijó, Rui Júnior, Rui Lagartinho, Rui Lourenço, Rui Madeira, Rui Manuel Varela Gusmão, Rui Mário Gonçalves, Rui Meireles, Rui Mendes, Rui Moreira, Rui Mota Cardosa, Rui Nabeiro, Rui Namorado, Rui Pena, Rui Pena Pires, Rui Solheiro, Rui Vasconcelos de Macedo, Rui Veloso, Rui Vieira, Rui Vieira Nery, Rui Vilar, Rui Zink, Rute Marques, Ruy de Carvalho,

Image hosted by TinyPic.com

Sandra Margarida Silva, São José Lapa, Sebastião Alves, Sebastião Camilo Oliveira Ramos, Serafim Manuel Rocha Guimarães, Sérgio Carvalhão Duarte, Sérgio Leal, Sérgio Niza, Sérgio Pombo, Sérgio Rebelo, Sérgio Sousa Pinto, Sílio Correia, Sílvia Chicó, Sílvia Rizzo, Silvino Sequeira, Sofia Ferreira, Stela Bicker Piteira Santos, Strecht Monteiro, Susana Amador, Sybille Schön, Teixeira Silva, Telles Grilo, Teodora Cardoso, Teolinda Gersão, Teresa Ambrósioteresa Beleza, Teresa Coimbra, Teresa Cortez, Teresa Freitas, Teresa Gaspar, Teresa Lago, Teresa Mendes, Teresa Nunes Vicente, Teresa Perry Vidal, Teresa Rita Lopes, Teresa Sá e Melo, Teresa Tomás Bento, Tiago Bettencourt, Tito Lyon De Castro, Tomás Oliveira Dias, Torres Farinha, Tozé Brito, Ulisses Garrido, Valdemar Marques, Vasco Coelho, Vasco Faria, Vasco Gervásio, Vasco Graça Moura, Vasco Lourenço, Vasco Pereira Costa, Vasco Pereira Coutinho, Vasco Pinto Leite, Vasco Rocha Vieira, Vasco Vieira De Almeida, Vasco Wellenkamp, Vassalo Abreu, Veiga Pires, Vera Adão E Silva, Vera Pires Coelho, Vergílio Folhadela Moreira, Vergílio Meira Soares, Virginia Pinto, Vitor Almeida, Vitor Alves, Vitor Barros, Vítor Belém, Vítor Bento, Vítor Campos, Vitor De Sousa, Vitor Duarte, Vítor Duarte, Vitor Filipe, Vitor Galamba, Vitor Hugo Sequeira, Vítor Jorge Carlos, Vitor Manuel Aguiar e Silva, Vítor Manuel Barão Martelo, Vitor Manuel Camarneiro, Vitor Manuel Graça Cunha, Vítor Manuel Palmeira, Vitor Manuel Sarmento Da Cruz, Vitor Martelo, Vitor Martins, Vítor Martins, Vitor Pavão Dos Santos, Vítor Pereira, Vitor Serpa, Vítor Sousa, Vitorina Mourato, Vitorino, Vladimiro Silva, Walter Diogo, Wanda Stuart, Xan, Xana, Yvette K. Centeno, Zélia Maria Roque Matos


A escravidão dos partidos, a veneração da rotina, o pedantismo das sciencias ...



Tendo recebido algumas referências à minha capacidade ficcional sobre o passado fim de semana, aqui vos deixo algumas provas fotográficas da real labuta levada a cabo por um conjunto de portuguesas e portugueses que decidiram levar à prática um programa de luta contra a desertificação do país interior, assumindo a subida ao poleiro em cima de regeneradas oliveiras. Daí que acrescente algumas coisas escritas em 1877:

Ironia, verdadeira liberdade! És tu que me livras da ambição do poder, da escravidão dos partidos, da veneração da rotina, do pedantismo das sciencias, da admiração das grandes personagens, das mystificações da politica, do fanatismo dos reformadores, da superstição d'este grande universo, e da adoração de mim mesmo (invocação de Proudhon, com se iniciam "As Farpas", no dia seguinte à morte de Herculano, o azeiteiro, em 14 de Setembro de 1877, para uso dos presentes gestores da partidocracia e das candidaturas presidenciais).




Porque também hoje vivemos o vertiginoso bulicio da vida publica o ardente escriptor, que no seio da multidão fluctuante, estrepitosa, leviana, indifferente, perfida, traiçoeira, ingrata, lançava ás praças e ás ruas publicas, lamacentas e sordidas, as suas idéas de cada dia, nobres, castas, desinteressadas, aladas pelo alphabeto typographico, adejando sobre as immundicias e sobre as dejecções da cidade, como douradas abelhas impollutas, que vão de alma em alma sacudindo das azas luminosas em pollen diamantino a divina verdade.

Porque a isolação de Herculano no remanso esteril do dilettantismo bucolico, comprometteu o destino mental d'uma geração inteira. Pelo intenso poder das suas faculdades reflexivas, pela eminencia do seu talento, pela auctoridade da sua palavra, pela popularidade do seu nome, pela reputação nunca discutida da sua honestidade, elle era o homem naturalmente indicado para assumir o pontificado intellectual do seu tempo. A ausencia d'essa auctoridade do espirito sobre o espirito foi uma catastrophe para a geração moderna.


Porque tudo se resentiu na sociedade portugueza, com o desapparecimento d'esse alto poder moderador, destinado a ser o nucleo do seu governo moral. Á tribuna parlamentar nunca mais tornou a subir um homem cuja voz firme, sonora e vibrante levasse até os quatro cantos do paiz a expressão viril das grandes convicções inflexiveis, dos altos e potentes enthusiasmos ou dos profundos e implacaveis desdens. Essa pobre tribuna deserta degradou-se successivamente até não ser hoje mais do que uma prateleira mal engonçada com algum lixo e o respectivo copo d'agoa.

Porque a imprensa decaiu como decaiu a tribuna. Assaltada pelas mediocridades ambiciosas e pelas incompetencias audazes, a imprensa tornou-se um tablado de saltimbancos de feira, convidando o publico a 10 réis por cabeça, para assistir, entre assobios e arremessos de cenouras e de batatas podres, á representação da desbocada comedia, declamada em giria da matula por personagens sarapintados a vermelhão e a ocre, que mostram o punho arregaçado e sapateiam as taboas, como em sarabanda de negros e patifes, com os seus pés miseraveis.



Porque a politica converteu-se em uma vasta associação de intriga, em que os socios combinam dividir-se em diversos grupos, cuja missão é impellirem-se e repellirem-se successivamente uns aos outros, até que a cada um d'elles chegue o mais frequentemente que for possivel a vez d'entrar e sair do governo. Nos pequenos periodos que decorrem entre a chegada e a partida de cada ministerio o grupo respectivo renova-se, depondo alguns dos seus membros nos cargos publicos que vagaram e recrutando novos adeptos candidatos aos logares que vierem a vagar. É este trabalho de assimilação e desassimilação dos partidos, que constitue a vida organica do que se chama a politica portugueza.

Porque a arte desnacionalisa-se e afasta-se cada vez mais do fio tradicional que a devia prender estreitamente á grande alma popular. A opinião publica, marasmada pela indifferença, deshabitua-se de pensar e perde o justo criterio por que se julgam os homens e os factos.

E se um pensador da alta competencia e da grande auctoridade de Alexandre Herculano tivesse persistido durante os ultimos vinte annos á frente do movimento intellectual do seu tempo, essa influencia teria modificado importantemente o nosso estado social. Na politica ninguem como elle, com as suas opiniões extremas e radicaes, poderia originar a creação dos dois grandes e fortes partidos—o partido conservador e o partido revolucionario,—de cuja controversia depende essencialmente não só o progresso politico da sociedade portugueza, mas a propria conservação do seu regimen constitucional.

E na imprensa ninguem como elle poderia elevar a auctoridade da instituição com a sua palavra tão scintillante, tão denodada, tão propria para o debate, e com a sua experiencia tão esclarecida pela convivencia e pela cultura da historia. Na opinião e no espirito publico, ninguem teria uma acção tão segura e tão decisiva, porque ninguem como elle gosou em Portugal d'um tão inteiro prestigio e d'uma tão completa e absoluta auctoridade. Na arte, ninguem ainda mais proprio para levar a creação esthetica á fonte nativa da inspiração, á tradição historica, á raiz da paixão e do sentimento nacional.