1974
 

Maio
Giscard em Paris e Schmidt em Bona

 

 

Referendo italiano sobre o divórcio; 60% de votos favoráveis (12 de Maio)

Giscard d'Estaing é eleito Presidente da República em França (19 de Maio). Chirac, Primeiro Ministro (27 de Maio)

Eleições no Luxemburgo; sociais-cristãos perdem uma hegemonia que durava há meio século (26 de Maio).

Índia entra no clube atómico (16 de Maio)

RFA: demite-se Willy Brandt, por causa do escândalo Gunther Guillaume (6 de Maio).

Walter Scheel eleito presidente da RFA (15 de Maio)

Helmut Schmidt* ascende a chanceler da RFA; continua a coligação entre o SPD e o FDP (16 de Maio)

 

Grandes manifestações comemoram o Dia do Trabalhador. (1 de Maio). Cerca de meio milhão de pessoas. Anunciada a constituição do MES. No dia 1 de Maio, multidões invadem as ruas e as praças. Os cravos vermelhos consolidam-se como símbolo de um tempo novo, ao som dos discursos de Mário Soares e Álvaro Cunhal. O povo explode em manifestação organizada pelo espectáculo das palavras de ordem, com um Zé povinho a vestir-se de mariana reivindicativa, confundindo a revolução com uma grande festa. Cunhal e Soares tentam liderar o movimento de rua e juntam-se no antigo Estádio da FNAT, em Lisboa. Soares volta ao verbalismo demagógico e clama roucamente contra o governo fascista e colonialista de Marcelo Caetano, dizendo que foi hoje e aqui que destruímos o fascismo, arengando contra o baronato político-corporativo e os agentes do imperialismo estrangeiro. Cunhal, mais calculista, julgando repetir Lenine e o livro do processo histórico, fala na revolução do 25 de Abril e apela para a unidade da classe operária e das forças democráticas, clamando contra a guerra. E, num gesto ensaiado, termina o discurso abraçado a um marinheiro e a um soldado, desprezando a tal unidade antifascista das forças democráticas. Pereira de Moura fica ao lado e de lado. A transmissão em directo do espectáculo do povo unido começa engasgada nessa cena de palco, bem ensaiada.

Partidos – Criado o Movimento de Libertação da Mulher (30 de Abril). Anunciado um Partido Cristão Social Democrata, donde vai surgir o PDC (5 de Maio). Comunicado anuncia Partido Popular Democrático (5 de Maio). Surge o Movimento Federalista (6 de Maio). A FPLN, também em comunicado, anuncia a constituição de comités populares 25 de Abril (8 de Maio). Surge oficialmente o Movimento da Esquerda Socialista (9 de Maio). Constituído o Partido da Democracia Cristã (10 de Maio). Causa Monárquica anuncia não querer transformar-se em partido e suspende a publicação de O Debate, o semanário de doutrinação monárquica, dirigido por Jacinto Ferreira (11 de Maio).

Vários diplomas sobre a estrutura constitucional provisória, nova amnistia militar (14 de Maio) e fim da censura aos espectáculos.

Spínola proclamado presidente da república em cerimónia solene realizada no Palácio de Queluz (15 de Maio)

Governo nº 104 de Adelino da Palma Carlos, desde 16 de Maio, tendo como ministros, entre outros, Álvaro Cunhal (PCP), Francisco Pereira de Moura (MDP), Mário Soares (PS) e Francisco Sá Carneiro (PPD) (16 de Maio). Dura 64 dias. Conforme Ramalho Eanes vai comentar, Palma Carlos lembrava um touro na determinação e uma pomba na acção. Era sábio e corajoso. As suas soluções de 1974 podiam ter poupado ao país altos custos.

Na defesa nacional, Mário Firmino Miguel; na coordenação interterritorial, António de Almeida Santos; na administração interna, Joaquim Jorge Magalhães Mota (PPD); na justiça, Francisco Salgado Zenha (PS); na coordenação económica, Vasco Vieira de Almeida; na educação e cultura, Eduardo Correia; no trabalho, Avelino Gonçalves (PCP); nos assuntos sociais, Mário Murteira; na comunicação social, Raul Rego (PS).

Toma posse em 3 de Junho a comissão para a lei eleitoral e apresenta relatório e projecto em 22 de Agosto. Constituída por José Magalhães Godinho, Lino de Lima, Almeida Ribeiro, Jorge Miranda, Barbosa de Melo, José Manuel Galvão Teles e Manuel João da Palma Carlos (24 de Maio).

Partidos – Directório Democrato-Social anuncia o fim da respectiva actuação. Subscrevem o comunicado Acácio Gouveia, Nuno Rodrigues dos Santos e Artur da Cunha Leal (16 de Maio). Publicado nos jornais um manifesto do PRP-Brigadas Revolucionárias (17 de Maio). Fundado o PPM, Partido Popular Monárquico, assumindo a presidência o lendário Francisco Rolão Preto (21 de Maio). Surge o primeiro número legal de Luta Popular, órgão do MRPP (21 de Maio). Movimento Socialista Popular de Manuel Serra decide integrar-se no PS (22 de Maio). Criado o Movimento Nacional Pró-Divórcio (22 de Maio). Conferência de imprensa do Partido Democrata Cristão (23 de Maio). Surge o primeiro número do jornal Lutar pelo Socialismo, das Comissões de Base Socialistas, ligando militantes do PRP, da LCI e da URML (24 de Maio). Comunicado do PSDI de Luís Arouca (25 de Maio). Partido Liberal, em conferência de imprensa, apresenta o programa (29 de Maio). Surge um comunicado anunciador da actividade da URML, Unidade Revolucionária Marxista-Leninista, que se diz existente desde 1970 (8 de Junho). A OCML, Organização Marxista-Leninista Portuguesa- O Grito do Povo faz um comício no Porto, junto ao Mercado do Bom Sucesso, onde são criticados o PCP e Álvaro Cunhal (10 de Junho).

Otelo Saraiva de Carvalho, graduado em brigadeiro, é designado comandante adjunto do COPCON e comandante da região militar de Lisboa (13 de Julho).

Tomás, Marcello, Silva Cunha e César Moreira Baptista são deportados para o Brasil (20 de Maio).

Questão colonial – Spínola encontra-se com Senghor no aeroporto de Lisboa e este aconselha-o no sentido da concessão da independência às colónias (8 de Julho). Começam em Londres as conversações com o PAIGC (24 de Maio). Segue-se o encontro de Soares com Senghor em Paris (30 de Maio). Posse dos novos governadores de Angola (Silvino Silvério Marques) e de Moçambique (Henrique Soares de Melo) (11 de Junho). Negociações com o PAIGC em Argel (13 de Junho).

 

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©  José Adelino Maltez, História do Presente (2006)

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